Glauber Braga passa a noite na Câmara dos Deputados após cassação no Conselho de Ética

Política
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O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a noite desta quarta-feira, 9, deitado no chão do plenário 5 da Câmara dos Deputados, mesmo lugar onde o Conselho de Ética da Casa julgou a sua cassação, por 13 votos a cinco, no mesmo dia.

 

É o primeiro dia do ato de protesto que ele mesmo anunciou que faria. Segundo o parlamentar, ele não sairá das dependências do Congresso Nacional até o fim do julgamento dele e ainda seguirá em greve de fome.

 

O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) é o principal alvo das críticas de Glauber. Segundo o deputado, todo o processo que corre contra ele se deve a uma atuação de Lira nos bastidores contra ele.

 

"Eu tomei a decisão inconciliável, irrefutável de que eu não vou ser derrotado por Arthur Lira, eu não vou ser derrotado pelo orçamento secreto, eu não vou ser derrotado pelo sócio minoritário dessa história que foi o MBL", disse Glauber. "Eu vou permanecer aqui nesta sala, no Congresso Nacional até a finalização do processo. No dia de hoje eu já iniciei. A partir de agora, eu não vou me alimentar."

 

Logo no início da manhã desta quinta-feira, 10, Glauber disse que está há mais de 24h apenas fazendo a ingestão apenas de líquidos. "Vou às últimas consequências", afirmou no X (antigo Twitter).

 

O processo, aberto em 2024, foi em razão do episódio em que Glauber expulsou o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), da Casa aos chutes.

 

O caso ocorreu em 16 de abril de 2024. Na ocasião, Costenaro fez insinuações sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ) Saudade Braga, mãe do deputado, que na época estava doente. Ela faleceu 22 dias após o ocorrido.

 

Glauber pode manter o mandato até o fim do caso. Cabe ainda recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - se ele sair novamente derrotado nessa fase, a última decisão é do plenário. São necessários 257 votos para cassar o mandato dele.

 

É a segunda vez que o Conselho de Ética aprova a cassação de um deputado nesta legislatura. A primeira ocorreu com Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), no ano passado.

 

Brazão foi preso preventivamente sob a acusação da Polícia Federal de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Apenas um deputado, Gutemberg Reis (MDB-RJ), votou contra a cassação e apenas um se absteve: Paulo Magalhães (PSD-BA), o relator do caso de Glauber.

 

O parlamentar preso há mais de um ano continua com o mandato parlamentar, já que o processo não foi votado no plenário, responsável pela decisão final. Como mostrou o Estadão, desde que foi detido, em março de 2024, ele já custou mais de R$ 1,8 milhão à Câmara.

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A Itália apoia a liderança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em busca de cessar-fogo e paz duradoura na Ucrânia e concordou em fortalecer cooperação em defesa com os EUA, segundo comunicado conjunto divulgado pela Casa Branca na manhã desta sexta-feira, 18. Ambos os países também reforçaram ter "comprometimento inabalável" com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"A guerra na Ucrânia deve acabar", afirmaram os países, em nota. "Nossa cooperação em defesa deve depender de uma cadeia de ofertas transatlântica profunda e extensa. Estamos enfrentando um ambiente de segurança complexo e estamos prontos para aumentar nossa cooperação em equipamentos de defesa e tecnologia."

A cooperação EUA-Itália incluirá a coprodução e desenvolvimento da capacidade industrial de defesa de ambos os países, para fortalecê-la e protegê-la "de adversários estrangeiros", aponta o comunicado, sem citar diretamente o que consideram ameaças estrangeiras.

Recentemente, diversos países da Europa têm defendido o aumento de gastos e investimentos em defesa, sob preocupações de que a Rússia continue como ameaça à segurança regional no longo prazo.

Os Estados Unidos e a Itália também reafirmaram comprometimento em reduzir a imigração ilegal, erradicação de grupos de crime organizado e luta contra a "produção, distribuição e venda" de drogas ilícitas sintéticas.

As conclusões foram tomadas durante reunião entre Trump e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, na tarde da quinta-feira, 17, quando os dois líderes discutiram cooperação bilateral econômica, de segurança e de tecnologia.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país suspenderá seus esforços para negociar o fim da guerra na Ucrânia caso não haja progresso nos próximos dias, em um esforço para pressionar Kiev e Moscou a chegarem a um acordo. "Precisamos determinar muito rapidamente agora, e estou falando de uma questão de dias, se isso será viável ou não nas próximas semanas", comentou a repórteres, após conversas na quinta-feira, 17, com autoridades europeias e ucranianas.

Rubio disse que, se uma proposta de paz não for viável dentro deste período, os EUA terão outras prioridades em que se concentrar. Ele acrescentou que os EUA apresentaram uma estrutura para um acordo às duas partes e aos europeus sobre como a guerra pode ser encerrada, incluindo um cessar-fogo, mas não divulgou publicamente o que isso implica.

Separadamente, na noite da quinta-feira, Ucrânia e EUA deram um passo em direção a um acordo econômico mais amplo para exploração de minerais críticos, que se provou uma grande fonte de discórdia nas relações até o momento, ao assinarem um memorando que prevê também a criação de um fundo de investimento para reconstrução do país.

O alerta de Rubio ocorre no momento em que a França anunciou uma reunião a ser realizada em Londres na próxima semana com autoridades americanas, ucranianas e europeias para tentar avançar nas negociações. Rubio disse estar aberto a participar da sessão se ficar claro que é possível avançar.

Outras autoridades ocidentais se mostraram mais otimistas do que Rubio quanto ao destino das negociações, afirmando que as reuniões em Paris foram produtivas e que os EUA indicaram que ele desenvolveu um rascunho de conceito sobre como um cessar-fogo abrangente poderia ser monitorado.

Autoridades ucranianas também reafirmaram em Paris sua disposição de observar um cessar-fogo abrangente, se a Rússia concordar. Fonte: Dow Jones Newswires.

Ataques aéreos dos Estados Unidos direcionados a um porto petrolífero no Iêmen, controlado pelos rebeldes houthis, mataram pelo menos 38 pessoas e feriram outras 102, de acordo com informações do grupo rebelde - que não foram confirmadas pelos EUA. Se os números estiverem corretos, esse seria o ataque mais mortal conhecido sob a nova campanha do presidente dos EUA, Donald Trump, contra os rebeldes.

Avaliar o número de vítimas da campanha de Trump, que começou em 15 de março, tem sido extremamente difícil, já que o Comando Central das Forças Armadas dos EUA até agora não divulgou nenhuma informação sobre a campanha, seus alvos específicos ou quantas pessoas foram mortas.

Enquanto isso, os rebeldes houthis do Iêmen controlam rigidamente o acesso às áreas atacadas e não publicam informações sobre os bombardeios, muitos dos quais provavelmente têm como alvo locais militares e de segurança.

O ataque ao porto petrolífero de Ras Isa, que lançou bolas de fogo gigantescas no céu noturno, representou uma grande escalada na campanha norte-americana. Os houthis também divulgaram imediatamente imagens gráficas das pessoas mortas no ataque.

Em uma declaração, o Comando Central disse que "as forças dos EUA tomaram medidas para eliminar essa fonte de combustível para os terroristas houthi apoiados pelo Irã e privá-los de uma receita ilegal que tem financiado os esforços houthi para aterrorizar toda a região por mais de 10 anos". "Este ataque não teve a intenção de prejudicar o povo do Iêmen, que com razão deseja se livrar do jugo da subjugação Houthi e viver em paz," acrescentou.

O comando não reconheceu nenhuma vítima e recusou comentar quando questionado pela Associated Press sobre civis supostamente mortos.

Os houthis, apoiados pelo Irã, lançaram mais tarde, nesta sexta-feira, um míssil em direção a Israel que foi interceptado, segundo informou o exército israelense. Sirenes soaram em Tel Aviv e outras áreas.

Empresa chinesa de satélites é acusada pelos EUA de ajudar ataques dos Houthis

Enquanto isso, a guerra no Iêmen se internacionalizou ainda mais, à medida que os EUA acusaram uma empresa chinesa de satélites de estar "apoiando diretamente" os ataques houthi - algo que Pequim não reconheceu de imediato.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, em um briefing com jornalistas, acusou a Chang Guang Satellite Technology, uma fornecedora comercial de imagens de satélite, de "apoiar diretamente os ataques terroristas dos houthis, apoiados pelo Irã, contra interesses dos EUA".

Bruce não entrou em detalhes, mas reconheceu uma matéria do Financial Times que citava autoridades norte-americanas anônimas dizendo que a empresa, ligada ao Exército de Libertação Popular, forneceu imagens que permitiram aos rebeldes alvejar navios de guerra dos EUA e embarcações comerciais que transitam pelo corredor do Mar Vermelho.

"O apoio de Pequim, aliás, a essa empresa, a empresa de satélites, mesmo depois de termos mantido discussões com eles sobre isso... certamente contradiz suas alegações de serem apoiadores da paz", disse Bruce.

Autoridades chinesas e a empresa não puderam ser contatadas para comentar. A mídia estatal chinesa não reconheceu a acusação.

O Departamento do Tesouro dos EUA multou a Chang Guang em 2023 por supostamente fornecer imagens de satélite ao grupo mercenário russo Wagner, enquanto combatia na Ucrânia como parte da invasão em larga escala da Rússia.

No entanto, ainda não está claro o quão ligada está - se é que está - a Chang Guang ao governo chinês. O governo dos EUA, no passado, usou imagens captadas por empresas comerciais americanas de satélites para compartilhar com aliados, como a Ucrânia, a fim de evitar divulgar suas próprias imagens ultrassecretas.

Ataques dos EUA fazem parte de uma campanha intensa que já dura um mês

Uma análise da AP concluiu que a nova operação dos EUA contra os houthis, sob o presidente Donald Trump, parece ser mais ampla do que a realizada pelo ex-presidente Joe Biden, à medida que Washington passa de atingir apenas locais de lançamento para atacar pessoal de alto escalão e lançar bombas sobre cidades.

A nova campanha de ataques aéreos começou depois que os rebeldes ameaçaram voltar a atacar navios "israelenses" por conta do bloqueio de ajuda à Faixa de Gaza por parte de Israel. Os rebeldes definem de forma vaga o que constitui um navio israelense, o que significa que muitas embarcações podem ser alvo.

Os houthis atacaram mais de 100 navios mercantes com mísseis e drones, afundando dois deles e matando quatro marinheiros entre novembro de 2023 e janeiro deste ano. Isso reduziu significativamente o fluxo comercial no corredor do Mar Vermelho, por onde normalmente circula US$ 1 trilhão em mercadorias. Os houthis também lançaram ataques contra navios de guerra americanos, sem sucesso.

A campanha dos EUA não dá sinais de que vá parar, já que o governo Trump também relacionou seus ataques aéreos aos houthis a um esforço para pressionar o Irã por conta do rápido avanço de seu programa nuclear. Uma segunda rodada de negociações entre Irã e EUA está prevista para sábado, em Roma./ Associated Press

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.