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Governo põe em sigilo licitação de lançador de satélites

Política
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O presidente Jair Bolsonaro decretou sigilo sobre os dados e a dispensa de licitação para compras ou para contratação de serviços e obras relacionadas ao veículo de lançamento espaciais e aos serviços ligados aos seus projetos. A decisão foi tomada com o decreto 10.631, que ampliou a quantidade de atividades relacionadas à Segurança Nacional.

Assinaram ainda o documento o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro Pereira.

Em nota, o Ministério da Defesa negou que as mudanças do decreto tenham alguma relação com a compra sem licitação, por R$ 145 milhões, de um satélite finlandês para o monitoramento - que deve ser integrado aos sistemas de controle e vigilância das fronteiras - da Amazônia e das águas do Oceano Atlântico.

A novidade do decreto, segundo a pasta, está "diretamente relacionada à necessidade de classificar como atividade de segurança nacional o lançamento de artefatos espaciais civis partindo de uma Unidade administrada pela Força Aérea Brasileira".

Essa unidade é a Base de Alcântara, no Maranhão. A Defesa informou ainda que, "em virtude dos desafios tecnológicos, houve o realinhamento da estratégia de desenvolvimento de veículos lançadores de satélite, sendo a prioridade atual o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1)". O projeto VLM-1 tem por objetivo o desenvolvimento de um "veículo destinado ao lançamento de microssatélite em órbitas baixas (LEO) equatoriais ou de reentrada, com três estágios".

Projeto

Previsto para ter seu primeiro lançamento em 2019, o VLM-1 é a terceira tentativa do programa espacial brasileiro para contar com um veículo lançador de satélites. Duas outras iniciativas - os projetos VLS e Cyclone-4, em parceria com a Ucrânia - foram abandonadas depois de fracassos, ao custo de mais de R$ 850 milhões. A Defesa não informou se há nova estimativa para o lançamento do VLM-1 - em setembro passado, a Força Aérea testou o transporte do motor S50, feito em parceria com a Avibrás.

O VLM-1 terá um novo sistema propulsor movido a combustível sólido, com três estágios. Trata-se de uma parceria pelas agências espaciais do Brasil e da Alemanha. O projeto prevê a construção de um veículo menor, suborbital, o VS-50. O plano é usá-lo para testar os sistemas que estarão no VLM-1. O primeiro voo deve ser feito em Alcântara. A parceria com a Alemanha prevê dois lançamentos do VS-50 e um do VLM-1.

As alterações feitas no decreto que dispensa a licitação para compras que possam comprometer a Segurança Nacional por Bolsonaro incluem, pela primeira vez - o decreto original é de 1997 -, os veículos lançadores em uma categoria que já tinha as compras nas áreas de inteligência, de segurança de informação, de segurança e defesa cibernética e das comunicações.

Em tese, a mudança não incluiria a compra dos satélites, alvo de críticas de especialistas. Apesar de a tecnologia do equipamento adquirido ser conhecida, a Força Aérea decretou sigilo sobre os dados da compra do satélite, considerado desnecessário por especialistas em monitoramento. Para o diretor do Grupo de Observações da Terra (GEO, órgão vinculado à ONU), Gilberto Câmara, o sigilo no caso não protege informações sobre uma tecnologia que, se reveladas, poderiam comprometer a segurança do País. "São informações públicas. Estão na internet."

Câmara foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de 2006 a 2013. De acordo com ele, o Inpe hoje já usa de graça imagens de satélites europeus que conseguem cobrir a Amazônia em três dias, enquanto o satélite encomendado pelos militares vai demorar dois meses para fazer o mesmo serviço. "Nem de graça esse satélite é melhor do que o Inpe já usa." Os dados sobre desmatamento no País são públicos, o que tem causado atritos com Bolsonaro. Para o governo, não há sobreposição de funções entre o sistema do Inpe e o do Ministério da Defesa, mas complementaridade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quarta, 14, um decreto nomeando a delegação encarregada das negociações de cessar-fogo com a Ucrânia, previstas para esta quinta, 15, na Turquia. O documento, no entanto, não esclarece se o líder russo participará ou não das conversas em Ancara.

Segundo o Kremlin, o chefe da delegação será Vladimir Medinski, assistente de Putin. Também integram a comitiva russa Mikhail Galuzin, vice-ministro das Relações Exteriores; Igor Kostiukov, chefe da Direção Principal do Estado-Maior das Forças Armadas; e Aleksandr Fomin, vice-ministro da Defesa.

A "comissão de especialistas" designada por Putin inclui Aleksei Zorin, primeiro vice-chefe da Direção de Informação do Estado-Maior; Elena Podobreyevskaya, vice-chefe do Departamento de Política Estatal na Esfera Humanitária da Presidência; Aleksei Polishchuk, diretor do Segundo Departamento da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) do Ministério das Relações Exteriores; e Vladimir Shevtsov, vice-chefe da Direção Principal de Cooperação Militar Internacional do Ministério da Defesa.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 14, novas sanções contra seis indivíduos e 12 entidades por envolvimento em "esforços para ajudar o regime iraniano a produzir internamente materiais críticos" para seu programa de mísseis balísticos. Segundo o comunicado oficial, os alvos apoiam suborganizações da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) envolvidas no desenvolvimento de fibras de carbono usadas na fabricação de mísseis intercontinentais.

"O regime iraniano busca, de forma implacável e irresponsável, avançar em sua capacidade balística", afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent. "Os Estados Unidos não podem permitir que o Irã desenvolva mísseis balísticos intercontinentais."

Entre os alvos estão a empresa iraniana Advanced Fiber Development Company (AFDCO) e seu controlador, Mohammad Rezai, que atua em nome da já sancionada Kish Mechatronics. A AFDCO, segundo o Tesouro, fornece fibra de carbono à IRGC e tenta obter equipamentos industriais sensíveis para essa produção.

O Tesouro destacou ainda a atuação de Hamed Dehghan, diretor da AFDCO e da empresa PKGB, também já sancionada. Dehghan estaria coordenando a compra de motores e componentes aplicáveis a mísseis. Já a empresa chinesa Shanghai Tanchain é acusada de ter exportado, desde o início de 2024, "grandes quantidades" de fibra de carbono ao Irã, por meio da empresa iraniana NSMI.

Vários executivos e empresas da China e de Hong Kong foram incluídos na nova rodada de sanções por atuarem direta ou indiretamente em nome da Shanghai Tanchain, incluindo Wang Chao, proprietária da Super Sources e sócia majoritária da Reso Trading, ambas responsáveis por exportações sensíveis ao Irã.

Os países do Brics formalizaram nesta quarta-feira, 14, a criação de um instituto permanente voltado à sustentabilidade e integração da infraestrutura de transportes. A decisão foi oficializada em carta ministerial ao final da reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Transportes. O novo órgão, nomeado como Instituto Brics para Transporte Sustentável, Mobilidade e Logística (BISTML, na sigla em inglês), terá agendas coletivas com todos os membros do bloco.

De acordo com a carta ministerial, o BISTML terá como objetivo "enfrentar os desafios de infraestrutura com soluções inovadoras e integradas, com foco em sistemas de transporte resilientes ao clima, tecnologias limpas e práticas ambientais". Os países também se comprometeram a compartilhar experiências e boas práticas, além de elaborar relatórios técnicos sobre integração de infraestrutura e adaptação climática.

A carta ressalta ainda que os membros se opõem a medidas unilaterais que possam gerar distorções de mercado ou restringir o acesso a tecnologias essenciais à segurança e eficiência no setor. Foi reafirmado o compromisso de respeitar a soberania e as capacidades nacionais de cada Estado-membro, além da rejeição ao protecionismo comercial no setor de transporte e logística.

Em entrevista coletiva, o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, disse que os diálogos estão em curso a partir de experiências concretas. Ele destacou que, mesmo sem tratar diretamente de projetos específicos como a Ferrogrão, polêmico por possíveis impactos ambientais, o debate entre os países tem como pilar a sustentabilidade.

Benevides citou ações já em curso no Brasil, como a inclusão de cláusulas de sustentabilidade nos contratos de conservação junto a concessões de rodovias e ferrovias. Segundo ele, essas cláusulas preveem recursos específicos para transição energética, adaptação da infraestrutura e medidas voltadas a comunidades impactadas. "Hoje, os leilões modelados pela ANTT já trazem compromissos de escuta social e previsão de neutralização de emissões na fase de implantação dos empreendimentos", disse.

A carta do GT também formalizou o apoio à criação da Aliança Internacional de Logística do Brics, prevista para funcionar junto ao grupo de trabalho. A proposta é reunir setor público e privado para promover conectividade, resposta a emergências e resiliência climática. Os países endossaram a coordenação com o Conselho Empresarial do Brics para garantir sinergia entre iniciativas governamentais e empresariais.

A presidência brasileira foi elogiada pelo grupo pela condução dos trabalhos e, ao fim da carta, os membros manifestaram expectativa de continuidade da agenda sob a presidência indiana em 2026.