Alta de despesas em defesa em outros países demanda atenção do comando do Exército

Política
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O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou nesta quarta-feira, 16, que o aumento dos investimentos em defesa no cenário internacional sugere que o Brasil tenha "atenção redobrada" em relação à proteção dos brasileiros. Segundo ele, a defesa nacional precisa estar preparada para enfrentar "ameaças híbridas, difusas e multidimensionais". Em sua avaliação, o mundo passa por uma "transformação rápida e profunda" em suas estruturas geopolíticas tradicionais.

 

"Voltando nossos olhares para o cenário internacional, podemos verificar que o mundo passa por uma transformação rápida e, ao mesmo tempo, profunda em suas estruturas geopolíticas tradicionais. Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso País atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição", disse o general, em discurso durante cerimônia em alusão ao Dia do Exército, nesta quarta-feira, 16, no Quartel-General em Brasília, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A data é comemorada no sábado, 19.

 

"A defesa nacional precisa estar preparada para enfrentar ameaças híbridas, difusas e multidimensionais, que não se manifestam claramente como os conflitos convencionais do passado", completou.

 

O general afirmou ainda que a diplomacia ativa e as Forças Armadas devem caminhar "lado a lado" para garantir a independência nacional, promover a igualdade soberana entre as nações e contribuir para a solução pacífica dos conflitos internacionais

 

A declaração de Tomás Paiva ocorre em meio aos investimentos de líderes europeus para reerguer seus exércitos. Os gastos são vistos como necessários para preparar a Europa para os perigos de um mundo em que os Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, não garantem mais sua segurança.

 

Tomás Paiva citou alguns exemplos de aquisições recentes das Forças Armadas, como radares de vigilância terrestre, sensores imprescindíveis ao controle de setores territoriais, incluindo a faixa de fronteira, novos fuzis e rádios portáteis e veiculares.

 

"Dessa forma, o Exército, brasileiro igual a você, reforça diuturnamente sua conexão com a sociedade. Somos parte do povo brasileiro, compartilhamos dos mesmos valores, sonhos e desafios", disse. O general afirmou que os integrantes das Forças "não estão apartados da população: são homens e mulheres que vivem, trabalham e se dedicam ao Brasil com o mesmo amor e comprometimento de cada cidadão".

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no evento. Dentre os ministros, participaram o da Defesa, José Múcio, do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), Marcos Antonio Amaro dos Santos, das Cidades, Jader Filho, das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo. Também compareceu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No evento, autoridades e instituições civis e militares foram condecoradas com a "Ordem do Mérito Militar", a "Medalha Exército Brasileiro" e a "Medalha Tributo à Força Expedicionária Brasileira".

 

Desde que assumiu seu terceiro mandato, Lula tem marcado presença na cerimônia. Em 2023, o fato ocorreu em meio à revelação de um novo episódio envolvendo os ataques golpistas do 8 de Janeiro que culminou no pedido de demissão do então ministro do GSI, Gonçalves Dias.

 

Já em 2024, o contexto da participação do chefe do Executivo era mais moderado, mas no contexto de receio quanto a corte de gastos do governo. Dias antes da cerimônia, comandantes das Forças Armadas haviam participado de audiência na Câmara dos Deputados para reclamar de cortes no orçamento.

 

Esta é a primeira vez em que o general comenta publicamente sobre os gastos com Defesa no País, mesmo que de forma indireta. Em um dos maiores eventos recentes da arma, o Dia do Soldado, comemorado em 22 de agosto de 2024, não houve qualquer comentário sobre o financiamento da corporação por parte de Paiva.

 

Qual é o orçamento para as Forças Armadas do Brasil?

 

O orçamento de 2025 traz um aumento real de 0,8% nos recursos destinados ao Ministério da Defesa em relação a 2024, passando de R$ 135,29 bilhões para R$ 136,45 bilhões.

 

Em 2024, os com Defesa cresceram apenas 0,05% em relação a 2023 (R$ 135,21 bilhões, em valores atualizados). Mas os recursos orçamentários para investimentos no ano passado receberam um acréscimo de 6,3% em comparação com 2023, passando de R$ 13,8 bilhões para R$ 14,7 bilhões.

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A tentativa do presidente americano Donald Trump de demitir quase todos os funcionários do Escritório de Proteção Financeira do Consumidor (CFPB, na sigla em inglês) foi suspensa nesta sexta-feira pela juíza federal Amy Berman Jackson, que se declarou "profundamente preocupada" com o plano. Jackson agendou uma audiência para 28 de abril para ouvir depoimentos de autoridades que trabalharam na redução de força de trabalho, ou "RIF".

A decisão deixa no limbo um órgão criado após a Grande Recessão para proteger contra fraudes, abusos e práticas enganosas. Autoridades do governo Trump argumentam que o órgão extrapolou sua autoridade e deveria ter uma missão mais limitada.

Na quinta-feira, as autoridades do governo haviam decidido demitir cerca de 1.500 pessoas, restando aproximadamente 200 funcionários, por meio de uma redução de efetivo que reduziria drasticamente o tamanho do órgão.

Trata-se do exemplo mais recente de como os planos de Trump enfrentaram obstáculos legais enquanto ele trabalha para remodelar o governo federal, alegando estar repleto de fraudes, desperdícios e abusos. Outras demissões e políticas foram alvo de litígios e ordens judiciais.

O CFPB há muito tempo frustra empresas com sua supervisão e investigações, e o assessor de Trump, Elon Musk, o tornou um dos principais alvos de seu Departamento de Eficiência Governamental, conhecido como "DOGE".

Autoridades da Casa Branca não responderam imediatamente às perguntas sobre a decisão da juíza.

O governo Donald Trump acusou Harvard de descumprir requisitos legais sobre doações estrangeiras, como parte do esforço para pressionar a universidade a atender suas exigências. Nos últimos dias, a Casa Branca também anunciou o bloqueio de US$ 2 bilhões em verbas e ameaçou retirar a isenção fiscal da instituição.

O Departamento de Educação pressionou Harvard a fornecer todos os nomes dos doadores estrangeiros e todos os registros de comunicação com eles desde 2020, após acusar a universidade de não relatar as grandes contribuições a partir de outros países, como exige a lei. A instituição nega.

Em carta enviada ao reitor Alan Garber, o Departamento de Educação também pediu uma série de registros relacionados a estrangeiros que passaram por Harvard. Isso inclui estudantes expulsos ou que tiveram seus vínculos com a universidade cancelados desde 2016, além de detalhes sobre pesquisadores visitantes, acadêmicos, estudantes e professores estrangeiros desde 2010.

Jason Newton, porta-voz de Harvard, contestou a alegação de que a universidade não estava cumprindo a exigência legal de relatar doações estrangeiras superiores a US$ 250 mil. "Harvard tem apresentado relatórios há décadas como parte de seu cumprimento contínuo da lei", disse ele em comunicado.

Atender à mais recente demanda de Donald Trump seria um desafio significativo. Dados a própria universidade apontam que mais de 69 mil ex-alunos vivem fora dos Estados Unidos, espalhados por 202 países. É provável que todos tenham sido contatados pela universidade para doações. Como Harvard cancela os vínculos de qualquer aluno que deixa o campus - por conclusão do curso ou expulsão - é possível que a exigência se aplique a todos eles. Já o tamanho da rede de acadêmicos visitantes que são de outros países ou vivem fora dos EUA não estava imediatamente claro.

O pedido é parte dos esforços da Casa Branca para pressionar a Universidade de Harvard, que se recusou a atender uma série de exigências de Donald Trump, acusando o governo de interferir na liberdade acadêmica. Anteriormente a administração republicana havia anunciado o bloqueio de mais de US$ 2 bilhões em verbas federais e ameaçado retirar a isenção fiscal da instituição de ensino.

"Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a 'doença' inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no INTERESSE PÚBLICO!", escreveu Donald Trump na sua rede, a Truth Social, durante a semana.

Trump está em ofensiva contra as universidades de elite americana contra as políticas de inclusão de minorias e o que chama de falha em combater o antissemitismo nos campi. O governo conseguiu concessões de Columbia, após cortar US$ 400 milhões em verbas federais para a universidade. As exigências para Harvard, contudo, eram ainda mais amplas e a instituição se tornou a primeira a enfrentar a Casa Branca, mesmo sob ameaça.

No mês passado, o governo disse que estava revisando cerca de US$ 9 bilhões em contratos com Harvard, alegando que a universidade havia permitido que o antissemitismo se espalhasse sem controle.

A Casa Branca então apresentou uma longa lista de exigências. Entre outras coisas, o governo Trump queria que a universidade privada alterasse seus critérios de admissão, implementasse "diversidade de pontos de vista" entre os professores, se submetesse a uma "auditoria" de suas práticas de contratação, revisasse seus padrões disciplinares e informasse ao governo sempre que um estudante estrangeiro cometesse uma infração.

A universidade se recusou a atender as demandas. "Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e investigação podem seguir", escreveu o Alan Garber em resposta contundente.

A resistência foi elogiada por críticos de Donald Trump, incluindo o ex-presidente Barack Obama, que foi aluno da Faculdade de Direito de Harvard. O democrata disse que a universidade deu um exemplo a ser seguido e pode inspirar outras instituições de ensino pressionadas pelo governo.

Em outra frente, os republicanos no Congresso anunciaram na quinta-feira, 17, que vão investigar a universidade, chamada de "piada" por Donald Trump. Os legisladores acusam a universidade de violar direitos civis e pediram dados sobre as práticas de contratação, programas de diversidade e os protestos pró-Palestina ocorridos no campus no ano passado.

A carta, assinada pelo presidente da Comissão de Supervisão da Câmara, James Comer, e pela deputada de Nova York Elise Stefanik criticava a universidade por negar as exigências de Trump. "Harvard é tão incapaz ou está tão indisposta a impedir a discriminação ilegal que a instituição, sob sua direção, se recusa a assinar um acordo razoável proposto por autoridades federais para que Harvard volte a cumprir a lei." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está substituindo o comissário interino da Receita Federal, que ele nomeou apenas três dias antes, dando continuidade à turbulência na cúpula da agência tributária, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

O vice-secretário do Tesouro, Michael Faulkender, agora comandará a Receita Federal (IRS, em inglês), tornando-se a quinta pessoa a ocupar o cargo até agora neste ano.

Trump indicou Billy Long, ex-congressista republicano do Missouri, para dirigir a agência. O Comitê de Finanças do Senado não agendou sua audiência de confirmação, e os democratas criticam os vínculos de Long com empresas que promovem créditos tributários questionáveis.

Faulkender atuou no Departamento do Tesouro em uma função não tributária durante o primeiro governo Trump, trabalhando no Programa de Proteção ao Salário e em outras questões antes de retornar à Universidade de Maryland, onde lecionou cursos de finanças. O Senado votou por 53 a 43 no mês passado para confirmá-lo como secretário adjunto do Tesouro.