Entidades dizem que veto parcial de Lula à Ficha Limpa pode favorecer políticos cassados

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Entidades que atuam no combate à corrupção avaliam que o veto parcial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto que altera a Lei da Ficha Limpa pode abrir caminho para que políticos cassados ou condenados tentem voltar à vida pública. A Lei Complementar nº 219 foi sancionada na segunda-feira, 29, com veto a alguns pontos do projeto aprovado no Congresso Nacional.

Para o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o veto presidencial é "irrelevante" e ameaça a aplicação da Lei da Ficha Limpa. "Essa alteração fragiliza a moralidade eleitoral e abre caminho para o retorno de políticos condenados às disputas, inclusive com o risco de maior influência de grupos ligados ao crime organizado", diz a nota.

"As mudanças centrais - a redução generalizada dos prazos de inelegibilidade e a flexibilização de sua contagem - foram integralmente mantidas. Em outras palavras, os vetos não alteraram o núcleo da alteração, que manteve o limite de oito anos e a impossibilidade de aplicação cumulativa das penas em casos de múltiplos processos", afirma a entidade.

O Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) afirmou que, ao passar alterações que "desfiguram o coração" da lei, "legisla-se em causa própria visando abreviar o retorno à vida política dos violadores da lei". Segundo o instituto, trata-se de "verdadeiro ato de abuso do poder de legislar, a exemplo da PEC da Blindagem".

O comunicado lembra que a lei foi fruto de mobilização popular e menciona que a aprovação da mudança ocorre pouco tempo depois das manifestações contra a PEC da Blindagem. "Ato de desrespeito e escárnio ao povo", diz.

A nova Lei Complementar nº 219 unifica a contagem do prazo de oito anos de inelegibilidade previsto na Lei da Ficha Limpa, reduzindo na prática o tempo de afastamento das urnas. Além disso, o período máximo de inelegibilidade é fixado em 12 anos, mesmo em caso de múltiplas condenações.

Se antes um deputado, senador, prefeito, governador ou vereador cassado pelos pares ficava inelegível pelo resto daquele mandato e mais oito anos seguintes, fica agora impedido apenas pelo prazo de oito anos, sem considerar o período que falta para que o mandato termine.

Em seu veto, Lula barrou trecho que previa a aplicação retroativa da norma, o que beneficiaria de forma imediata quem já foi condenado. Mesmo assim, a avaliação é que o novo formato pode gerar disputas na Justiça.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, por exemplo, pode tentar voltar ao cenário político. Ele ficou preso durante a Lava Jato e foi cassado em 2016, mas, pelas novas regras de contagem, já ficou inelegível por oito anos.

Tanto o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral como o Instituto Não Aceito Corrupção mencionam que vão pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que declare a lei inconstitucional.

Na terça-feira, 30, o Partido Rede Sustentabilidade protocolou uma ação no Supremo pedindo a suspensão das alterações na Lei da Ficha Limpa.

Em outra categoria

A ameaça que o conflito entre Rússia e Ucrânia se espalhe por mais países europeus existe e é um dos temas tratados, ainda que de forma tangencial, pelo guia "Todos são Responsáveis" lançado nesta quinta-feira pelo governo francês.

O documento alerta para os procedimentos a serem adotados caso "o funcionamento normal da sociedade seja de alguma forma perturbado" - e isso inclui ciberataques - uma forma moderna de terrorismo muito em voga no continente. Tempestades, inundações, ciberataques, crises sanitárias e ainda conflitos armados: como nossa sociedade é confrontada com a multiplicação de ameaças" diz o documento explicando a necessidade do guia. Há instruções para a montagem de kits de sobrevivência, com a recomendação de armazenagem de seis litros de água por pessoa, por exemplo.

Dividido entre 'cuidados básicos' - como comer, beber e manter-se aquecido - a cartilha também enumera quais os riscos aos quais a França está atualmente exposta. A Rússia não é citada diretamente no documento do governo francês, mas a nova guerra travada no continente é lembrada, ao lado do conflito no Oriente Médio, entre Israel e o grupo Hamas. Na manhã desta quinta-feira, o ministro da Defesa, Fabien Mandon, disse que as famílias francesas precisam "estar preparadas para perderem seus filhos".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um projeto de lei que obriga seu governo a divulgar todos os arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, após meses de resistência e sob pressão crescente dentro do próprio Partido Republicano. Segundo ele, a insistência democrata no tema busca "desviar a atenção de nossas VITÓRIAS MARAVILHOSAS", escreveu na Truth Social.

A legislação determina que o Departamento de Justiça publique, em até 30 dias, todos os documentos e comunicações referentes a Epstein, incluindo informações sobre a investigação de sua morte em uma prisão federal em 2019. O texto permite apenas redações vinculadas à proteção de vítimas ou a investigações em curso, proibindo retenções por "constrangimento, dano reputacional ou sensibilidade política".

A aprovação simboliza uma reviravolta para uma pauta que inicialmente parecia improvável, apoiada por uma coligação pouco usual de democratas, um republicano crítico do presidente e alguns ex-aliados de Trump. Diante do avanço inevitável no Congresso, Trump fez no fim de semana uma guinada abrupta, afirmando que o tema havia se tornado uma "distração" para a agenda republicana. "Não quero que os republicanos tirem os olhos de todas as vitórias que tivemos", escreveu na terça-feira.

A Câmara aprovou o texto por 427 votos a 1, com o deputado Clay Higgins, da Louisiana, como único dissidente, alegando que a linguagem poderia expor pessoas inocentes citadas na investigação. O Senado aprovou a proposta por unanimidade, sem votação formal.

Trump foi amigo de Epstein no passado, embora diga ter cortado laços muito antes das acusações e desconhecer os crimes cometidos pelo financista. Antes de seu retorno à Casa Branca, aliados próximos ajudaram a alimentar teorias de acobertamento na condução federal do caso, apontando possível ocultação de informações sensíveis nos arquivos.

O presidente Donald Trump anunciou, na noite desta quarta-feira, 19, que ele e o prefeito eleito da cidade de Nova York, Zohran Mamdani, vão se encontrar nesta sexta-feira, 21, para uma reunião na Casa Branca. O anúncio foi feito pelo republicano através da Truth Social.

"O prefeito comunista solicitou uma reunião", escreveu, afirmando em seguida que dará "mais detalhes em breve". O encontro deve acontecer no Salão Oval do palácio presidencial, local onde nos últimos meses Trump constrangeu de Volodmir Zelenski, presidente ucraniano, a Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul.

Esta semana, o mandatário recebeu o príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e o jogador de futebol português (que atua agora pelo Al Nassr) Cristiano Ronaldo. Mamdani ainda não se pronunciou sobre o assunto. Mas na segunda-feira, 17, ele adiantou a possibilidade do encontro afirmando que sua equipe havia entrado em contato com a Casa Branca para agendar uma possível reunião. No domingo, 16, Trump disse a repórteres que planejava se encontrar com Mamdani.

Desde o período de campanha, Trump chama o novo prefeito eleito, que se intitula como socialista democrata, de "comunista". O presidente americano chegou a ameaçar deportar Mamdani, que nasceu em Uganda e se naturalizou cidadão americano em 2018, e cortar verbas federais da cidade.

(Com informações de AP)