Núcleo 4 da trama golpista é julgado pelo STF nesta semana

Política
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira, 14, o julgamento do "núcleo 4" da tentativa de golpe de Estado, acusado de tentar reverter o resultado das eleições de 2022. As sessões, marcadas para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro, serão presididas pelo ministro Flávio Dino, que assumiu a Presidência do colegiado no lugar de Cristiano Zanin.

O grupo 4 é formado por militares e ex-integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os sete foram responsáveis por disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e por ações de suporte logístico para abastecer os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Todos respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Confira horários:

- 14 de outubro, terça-feira: sessão das 9h às 12h;

- 15 de outubro, quarta-feira: sessão das 9h às 12h;

- 21 de outubro, terça-feira: sessão das 9h às 12h e sessão das 14h às 18h;

- 22 de outubro, quarta-feira: sessão das 9h às 12h.

O julgamento começa com a leitura do relatório, um resumo do processo até o momento, pelo ministro Alexandre de Moraes. Em seguida são apresentadas as manifestações da acusação, representada pelo procurador-geral da República Paulo Gonet, e das defesas de cada réu, que têm até uma hora cada para apresentar seus argumentos.

Então, Moraes apresenta seu voto e se pronuncia pela condenação ou absolvição de cada um. Após o relator, votam nesta ordem os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Depois da decisão sobre o mérito das acusações, por maioria de votos, os ministros votam sobre a dosimetria das penas. O julgamento foi agendado após a apresentação das alegações finais de acusação e defesa. Antes disso, foi realizada a instrução processual, que inclui os depoimentos de testemunhas e interrogatórios dos réus.

Réus do 'núcleo 4'

- Ailton Moraes Barros, ex-major do Exército;

- Ângelo Denicoli, major da reserva do Exército;

- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal;

- Giancarlo Rodrigues, subtenente do Exército;

- Guilherme Almeida, tenente-coronel do Exército;

- Marcelo Bormevet, agente da Polícia Federal;

- Reginaldo Abreu, coronel do Exército.

O grupo é o segundo a ser julgado. O julgamento do núcleo 1, conhecido como central ou crucial, resultou na condenação de todos os oito réus, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o julgamento do núcleo 3, o núcleo tático, que inclui os kids pretos do Exército, está previsto para ocorrer entre os dias 11 e 19 de novembro.

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Em coletiva, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou que, se a Rússia realmente estivesse interessada em acabar com o conflito com a Ucrânia, o país teria aceitado o cessar-fogo incondicional que já estava em andamento.

Kallas avaliou os ataques russos de quarta-feira, 19, que mataram 26 civis ucranianos, como brutal. Na sua visão, a Rússia nunca se comprometeu de verdade com a paz e por isso, a pressão dos demais países devem ser focadas no agressor, e não na vítima.

Diante desse cenário, ela destaca que as sanções contra a Rússia são importantes. Um exemplo desse efeito está no comércio entre as nações, uma vez que a exportação do petróleo russo foi a mais baixa dos últimos meses.

As sanções são também, segundo Kallas, uma forma de responder ao terrorismo de estado praticado pela Rússia. Além disso, essa é uma forma de mostrar ao país que "o tempo não está ao seu lado" e que "apoiar a Ucrânia é uma barganha comparado ao custo da vitória russa".

Kallas chamou a atenção também para o conflito em Gaza e disse que a paz depende de parceiros internacionais. Segundo ela, ministros discutem opções de expansão de monitoramento nas fronteiras e o treinamento da polícia palestina.

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Em evento organizado pelo Breitbart em Washington nesta quinta-feira, Vance comemorou o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta manhã, que, segundo ele, "mostra que as políticas econômicas de Trump estão funcionando", com criação de 119 mil vagas em setembro, acima do esperado por analistas. A taxa de desemprego, no entanto, subiu para 4,4% no comparativo mensal.

Vance afirmou que os salários continuam a crescer "muito acima da inflação" e disse que, sob o ex-presidente Joe Biden, o trabalhador médio "perdeu cerca de US$ 3 mil" em renda, enquanto o novo governo já teria elevado o ganho anual em US$ 1,2 mil.

O vice-presidente destacou ainda que a geração de vagas tem beneficiado "cidadãos americanos natos", ao contrário do que atribuiu ao governo anterior, quando, segundo ele, quase todo o crescimento líquido do emprego foi para estrangeiros, inclusive imigrantes em situação irregular.

O aliado de Donald Trump pediu "um pouco de paciência" aos eleitores que ainda sentem o custo de vida alto e argumentou que levará tempo para reverter o que chamou de "danos" provocados pela gestão Biden, citando excesso de regulação, impostos e dependência de trabalhadores e cadeias produtivas no exterior.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar ao presidente dos Estados Unidos, país sem delegação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele apenas respondeu: "Estamos esperando por você".

Guterres também disse não ser o momento de falar sobre eventual derrota na COP30, ao ser questionado sobre travas no avanço das negociações. Outra mensagem dele, em coletiva de imprensa, foi reforçar ser essencial a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países que ainda não anunciaram suas novas metas.

Até a última atualização eram 118 NDCs entregues. Atualmente, 198 países participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) , o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).

Em outro tema, o secretário-geral das Nações Unidas reforçou há pouco que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma "necessidade", repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. Ele expressou também apoio a definição de como se dará esse processo:

"Saúdo os pedidos por um mecanismo de transição justa e a crescente coligação pedindo clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis. E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa que esteja alinhada com um mundo com aquecimento limitado a 1,5 graus", declarou.

A fala está alinhada ao posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Cúpula dos Líderes, que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Lula defendeu a superação da dependência dos combustíveis fósseis e, desde então, foi especulado nos corredores um possível "plano de Lula" para tal objetivo.

Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O "como fazer" ou a definição do "mapa do caminho" é o que ainda está pendente. O tema divide as delegações e, se houver avanço, será considerado uma das vitórias da Conferência em Belém (PA).

Assim como para um caminho concreto para transição para longe dos fósseis, Guterres destacou que é necessário um "caminho crível para realizar a meta financeira de Baku". Ele se refere à necessidade de investimento de US$ 1,3 trilhão em soluções para as mudanças climáticas, definida na COP29 na capital do Azerbaijão.

"Todos países desenvolvidos mobilizando pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 e traçando uma rota para alcançarmos o US$ 1,3 trilhão por ano até 2035", afirmou Guterres.