Após Barroso negar habeas, governador do Tocantins faz nova investida para retomar o cargo

Política
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Menos de uma semana depois de ver frustrado um pedido de habeas corpus para tentar voltar à cadeira de governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos) faz nova investida no Supremo Tribunal Federal (STF). Por meio de um recurso denominado agravo regimental, a defesa de Wanderlei busca derrubar a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso que rejeitou o pedido de habeas corpus para o chefe do Executivo - alvo da Operação Fames-19, da Polícia Federal, sob suspeita de ligação com esquema de corrupção em contratos da pandemia.

Na semana passada, dia 9, Barroso rejeitou um pedido de habeas corpus do governador, para reassumir o cargo.

O afastamento de Wanderlei foi decretado em agosto pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e confirmado pela Corte Especial do STJ.

O governador é investigado na Operação Fames-19 - inquérito sobre suspeitas de corrupção e desvios de verbas destinadas à compra de cestas básicas durante a pandemia da covid-19.

Campbell também impôs ao governador medidas cautelares como o afastamento do exercício da função pública e proibição de acesso ou frequência, pelo período de um ano, ao Palácio de Araguaia, a prédios e repartições da administração pública direta e indireta do Estado e à Assembleia Legislativa do Tocantins.

A defesa levou o caso ao Supremo. Os advogados afirmam que Wanderlei Barbosa foi afastado das funções "com base em ilações" e que a medida é "drástica". Também argumentam que as suspeitas são anteriores ao início do mandato do governador.

Segundo a defesa do chefe do Executivo, "a medida constritiva foi imposta a partir de arguição genérica e abstrata".

Os advogados de Wanderlei sustentam que não há provas de que ele tenha "participado ou anuído com qualquer ilícito". Alegam, ainda, que o afastamento do governador foi decretado "em desacordo com as manifestações da Procuradoria-Geral da República".

A defesa crava "ausência de contemporaneidade da medida, uma vez que a representação policial para o feito foi exarada no fim do ano de 2024, e o ato coator foi lavrado apenas em 3 de setembro de 2025".

"O transcurso de enorme lapso temporal evidencia, inequivocamente, inexistir qualquer urgência na adoção de medida tão drástica como o afastamento de um governador de Estado", salientam os advogados.

Ao analisar o recurso, Barroso considerou que a decisão do STJ teve "fundamentação idônea".

"O habeas corpus não deve ser concedido. As peças que instruem este processo não evidenciam situação de ilegalidade flagrante, teratologia ou abuso de poder que autorize a concessão da ordem", escreveu o ministro em decisão no último dia 9.

Barroso antecipou a aposentadoria do STF. Esta será a última semana do ministro no tribunal.

O ministro transcreveu em sua decisão trechos da manifestação de Mauro Campbell que decretou o afastamento do governador: "A autoridade policial logrou reunir novos elementos de convicção que, não apenas corroboraram as suspeitas anteriormente firmadas, como também trouxeram novos elementos, a indicar a contemporaneidade e a atualidade do esquema sistemático de desvio de recursos públicos, lavagem de capitais e de formação de organização criminosa, instaurado na atual gestão de Wanderlei Barbosa Castro".

Convicção

A quebra do sigilo de documentos e diálogos do empresário Paulo César Lustosa Limeira - ex da primeira dama do Tocantins e suposto operador de propinas - revelam que ele, segundo a Polícia Federal, durante o governo Wanderlei Barbosa, "atuou como uma espécie de intermediário na execução do esquema delitivo de desvio de recursos públicos por meio de contratos de fornecimento de cestas básicas, com amplo acesso à cúpula do Poder Executivo Estadual Tocantinense".

Frango congelado

"A análise dos diálogos mantidos por Adriana Rodrigues Santos com diferentes interlocutores também trouxe fortíssimos indícios do recebimento de vantagem indevida pelo governador, em razão do contrato de fornecimento de proteína animal para a Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setas)", assinalam os autos da Operação Fames-19.

"Em diálogo mantido com Johnson Marcos Milhomens Fonseca, ex-assessor de participações sociais e políticas do governo do Estado, Adriana realizou diversas cobranças do valor de R$ 550 mil que teriam sido entregues por ela em espécie ao governador Wanderlei Barbosa, a título de propina, em razão do contrato de fornecimento de frangos congelados."

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O primeiro-ministro francês, Sebastien Lecornu, proporá a suspensão de um plano contestado que eleva a idade desaposentadoria de 62 para 64 anos, em uma tentativa de evitar que seu frágil governo minoritário seja imediatamente derrubado. Lecornu disse nesta terça-feira, 14, em um discurso na Assembleia Nacional, que a lei, uma política emblemática do presidente francês, Emmanuel Macron, seria colocada em pausa até depois da próxima eleição presidencial - a ser realizada em 2027.

O premiê se reuniu anteriormente com seu gabinete para discutir propostas para o orçamento de 2026, que precisa ser aprovado até o final do ano.

Lecornu enfrenta duas moções de desconfiança pelos partidos de extrema-esquerda França Insubmissa e de extrema-direita Reunião Nacional.

Os dois partidos não têm cadeiras suficientes para derrubar o governo por conta própria, mas o primeiro-ministro poderia ser rapidamente removido se o Partido Socialista se unir a eles.

Com seu governo por um fio, o recém-nomeado primeiro-ministro da França deve fazer concessões a seus oponentes políticos para evitar o voto de desconfiança ainda esta semana, enquanto o país luta para encerrar uma crise política persistente. Fonte: Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, afirmou ter deixado o país "para proteger a própria vida" depois de uma unidade de elite das Forças Armadas se voltar contra o governo. Mas ele não anunciou sua renúncia. O discurso foi transmitido na noite desta segunda-feira, 13, pela televisão estatal, a partir de um local não revelado.

Rajoelina vinha enfrentando semanas de protestos liderados por jovens da chamada geração Z, que ganharam força no sábado, 11, quando uma unidade militar de elite, a Capsat, aderiu às manifestações e exigiu a renúncia do presidente e de seus ministros. O movimento foi classificado pelo governo como tentativa ilegal de tomada de poder, o que levou o mandatário a deixar Madagascar.

"Fui forçado a encontrar um lugar seguro para proteger minha vida", disse Rajoelina em sua primeira declaração pública desde o início da crise. O pronunciamento foi adiado por horas, depois que soldados tentaram tomar o controle das instalações da emissora estatal, segundo o gabinete presidencial.

A Capsat declarou que assumiu o comando das Forças Armadas e nomeou um novo chefe militar, aceito pelo ministro da Defesa durante a ausência de Rajoelina. O coronel Michael Randrianirina, comandante da unidade, afirmou que o Exército "respondeu aos apelos do povo", mas negou se tratar de um golpe.

Rajoelina pediu diálogo e respeito à Constituição, mas não informou para onde foi. A imprensa local divulgou que ele teria deixado o país em um avião militar francês, informação que Paris não confirmou oficialmente. Madagascar, ex-colônia francesa, mantém laços históricos com o país, e o fato de Rajoelina possuir cidadania francesa é motivo de controvérsia entre parte da população.

Os protestos, iniciados em 25 de setembro, começaram por causa de cortes recorrentes de água e energia, mas evoluíram para um movimento mais amplo contra o governo, com queixas sobre corrupção, custo de vida e falta de acesso à educação. Segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU), ao menos 22 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.

A situação é a mais grave desde 2009, quando o próprio Rajoelina chegou ao poder com o apoio da Capsat após um golpe militar que derrubou o então presidente Marc Ravalomanana. Ele foi eleito presidente em 2018 e reeleito em 2023, em uma votação boicotada pela oposição.

Nesta nova crise, a Embaixada dos Estados Unidos em Antananarivo pediu que cidadãos americanos permaneçam em locais seguros, descrevendo o cenário como "altamente volátil e imprevisível". Já a União Africana apelou por calma e moderação de todas as partes envolvidas.

O ex-primeiro-ministro de Madagascar e aliado próximo de Rajoelina também deixou o país, chegando à ilha de Maurício na madrugada de domingo. O governo mauriciano confirmou o pouso de um avião particular com o grupo, mas afirmou "não estar satisfeito" com a situação.

*Com informações da Associated Press.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que garante continuidade e estabilidade política e que "continuará fazendo isso", apesar do recente caos político no país. O comentário foi feito ao chegar no Egito para a assinatura do acordo de paz em Gaza, nesta segunda-feira, 13.

"As forças políticas que decidiram censurar o ex-primeiro-ministro François Bayrou e as forças políticas que jogaram para desestabilizar o atual premiê Sébastien Lecornu são as únicas responsáveis por esta desordem", afirmou Macron.

Ele avaliou que o dever dos políticos é trabalhar pela estabilidade, "não apostar na instabilidade". "Peço a todos que se recomponham e trabalhem de forma exigente e respeitosa", acrescentou.