'Preservei as Forças como instituições de Estado', diz Azevedo

Política
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O presidente Jair Bolsonaro pediu o cargo do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, seu amigo de décadas, porque ele se recusava a garantir um alinhamento automático e a manifestar apoio das Forças Armadas a posições do chefe do Executivo que caracterizariam o envolvimento direto dos militares com a política.

A crise se agravou com os sucessivos vexames do general da ativa Eduardo Pazuello na Saúde e se deteriorou de vez quando Bolsonaro disse que o "meu Exército" não iria para as ruas "obrigar o povo a ficar em casa". "Preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou Azevedo e Silva na nota de demissão.

Além de Azevedo e Silva, também podem entregar os cargos os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. Os três comandantes devem se reunir hoje com Azevedo e Silva para tomar uma decisão conjunta.

A relação entre Bolsonaro e Azevedo e Silva vinha se deteriorando havia meses, e na semana passada o ministro avisou aos comandantes e a assessores diretos que estava se tornando insustentável. No domingo, a gota d'água foi uma entrevista do chefe do Departamento Geral de Pessoal do Exército, general Paulo Sérgio, ao jornal Correio Braziliense, comparando as ações efetivas do Exército na pandemia ao desastre produzido por Bolsonaro. O índice de letalidade por covid na população é de 2,5%, no Exército fica em 0,13%.

Na expectativa do Planalto, a Defesa e o Comando do Exército deveriam ter tomado alguma atitude, repreendido de alguma forma o general, que, inclusive, defendeu a Organização Mundial da Saúde (OMS), o isolamento social, o home office, as máscaras e as vacinas, sem uma única manifestação de aprovação ao uso da cloroquina ou do "tratamento precoce" propagandeado pelo presidente.

Nesta segunda, Bolsonaro chamou Azevedo e Silva ao Planalto e os dois tiveram uma conversa rápida e decisiva. O presidente pediu o cargo ao ministro e tentou lhe oferecer um "prêmio de consolação", fosse num conselho de estatal, fosse em algum instituto com sede no Rio, Estado do general, que não aceitou. Sua única concessão foi combinar que ele faria a nota e assumiria que a decisão de sair tinha sido dele. Não foi. Objetivamente, o general foi demitido pelo presidente.

Marinha e Aeronáutica sempre fizeram questão de manter distância da política, do Planalto, do governo e do próprio Bolsonaro, e também são as mais críticas aos rumos do governo e às falas do presidente na pandemia. Assim, a Força mais afetada pela chegada do capitão da reserva ao poder foi o Exército. Além de encher o Planalto de integrantes do Exército, ele nomeou muitas centenas de militares em estatais, conselhos, Saúde e Meio Ambiente - áreas que têm manchado a imagem do Brasil no exterior. O Exército, por exemplo, nunca engoliu que Bolsonaro tenha participado de manifestação "golpista" com o Quartel-General ao fundo, nem que tenha levado Azevedo em um helicóptero militar para sobrevoar uma outra manifestação desse tipo.

Incomodou também o fato de o presidente ter derrubado três portarias da Força sobre limites e monitoramento de armas e munições em mãos de civis e, depois, que tenha feito mudanças da sua própria cabeça, por decreto, sem ouvir as ponderações dos militares. Eles se preocupam com o desvio de revólveres e armas pesadas para milícias.

Houve ainda um mal-estar, nunca resolvido, por Bolsonaro ter ignorado um detalhado estudo da inteligência do Exército defendendo o isolamento social no início da pandemia. Jogou no lixo e não pôs nada do lugar, além de ter nomeado o general Pazuello para executar suas ordens absurdas e transformá-lo em bode expiatório. A reação de Pazuello - "um manda, outro obedece" - mexeu com os brios militares, virou uma espécie de marco.

Almirante

O vazamento do nome do almirante da ativa Flávio Rocha para o Itamaraty estremeceu ainda mais as relações do presidente com as três Forças, que se sentem traumatizadas pelo desastre da gestão Pazuello na Saúde e já não gostavam de um almirante da ativa no Planalto, quanto mais numa área sensível como política externa. Na Marinha, a reação foi instantânea: se Rocha quisesse assumir o cargo, teria de, automaticamente, passar para a reserva, o que ele não pretende fazer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou na manhã deste sábado que o presidente da Rússia, Valdimir Putin, terá, "mais cedo ou mais tarde" que se sentar à mesa para iniciar "negociações sérias" de paz.

Segundo o premiê britânico, Putin está tentando adiar um acordo de cessar-fogo de 30 dias, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky "mostrou mais uma vez e sem qualquer dúvida que a Ucrânia é a parte interessada na paz".

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa neste sábado, quando 26 líderes internacionais se reúnem no Reino Unido a fim de apoiar uma eventual trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

"O grupo que eu convoquei hoje é mais importante do que nunca. Ele reúne parceiros de toda a Europa, bem como da Austrália e da Nova Zelândia e continua apertando as restrições sobre a economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações. E concordamos em acelerar nosso trabalho prático para apoiar um potencial acordou", afirmou o premiê.

Starmer disse ainda que o grupo entrará "em uma fase operacional" e que militares dos respectivos países se reunirão na próxima quinta-feira, 20, no Reino Unido "para colocar em prática planos fortes e robustos, para apoiar um acordo policial e garantir a segurança futura da Ucrânia".

Segundo o premiê, "o apetite da Rússia pelo conflito e pelo caos mina a segurança do Reino Unido", o que encarece o custo de vida, inclusive os custos de energia. "Então isso importa muito para o Reino Unido. É por isso que agora é a hora de se engajar em discussões sobre um mecanismo para gerenciar e monitorar falsas bandeiras", afirmou.

Na quinta-feira, Putin havia dito que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas pontuou que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito".

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou há pouco que o exército russo está acumulando tropas ao longo da fronteira leste do país. Isso, segundo ele, "indica que Moscou pretende continuar ignorando a diplomacia" e tem a intenção de atacar a região de Sumy.

"Está claro que a Rússia está prolongando a guerra. Estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação no front, na região de Kursk e ao longo de nossa fronteira", disse Zelensky, em publicação na rede social X.

A publicação também afirma que a situação na direção da cidade de Pokrovsk foi estabilizada, e que as tropas ucranianas continuam retendo agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk.

Segundo Zelensky, o programa de mísseis da Ucrânia teve "resultados tangíveis", com o míssil longo Neptune testado e usado "com sucesso" em combate.

O presidente também disse que o Ministério de Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre novos pacotes de apoio de outros países. "Sou grato a todos os parceiros que estão ajudando", acrescenta.

O Hamas disse neste sábado que só libertará um refém americano-israelense e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade, que morreram em cativeiro, se Israel implementar o atual acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A organização chamou a proposta de um "acordo excepcional" destinado a colocar a trégua de volta nos trilhos.

Um alto oficial do Hamas disse que as conversas há muito adiadas sobre a segunda fase do cessar-fogo precisariam começar no dia da liberação de reféns e não ultrapassar uma duração de 50 dias. Israel também precisaria parar de barrar a entrada de ajuda humanitária e se retirar de um corredor estratégico ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.

O refém americano-israelense Edan Alexander, 21 anos, cresceu em Nova Jersey, nos EUA, e foi raptado da sua base militar durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. Ele é o último cidadão americano vivo detido em Gaza.

O Hamas também exige a liberação de mais prisioneiros palestinos em troca dos reféns, disse o oficial, que falou sob condição de anonimato.

Não houve comentários imediatos de Israel, onde os escritórios do governo estavam fechados para o Sabbath (descanso) semanal. O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas na sexta-feira de "manipulação e guerra psicológica" quando a oferta foi inicialmente feita, antes de o Hamas detalhar as condições.