STF confirma anulações e mantém Lula elegível; Bolsonaro admite sua candidatura

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou nesta quinta, 15, as condenações impostas pela Operação Lava Jato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma decisão que torna o petista apto a disputar a eleição de 2022 ao Palácio do Planalto. Na prática, por 8 votos a 3, o plenário da Corte manteve o entendimento do relator da Lava Jato, Edson Fachin. No mês passado, o ministro considerou que a Justiça Federal de Curitiba não era competente para investigar Lula, já que as acusações levantadas contra ele não diziam respeito diretamente ao esquema bilionário de corrupção na Petrobrás investigado pela operação.

A decisão colegiada do Supremo reabilita os direitos políticos de Lula num momento em que o presidente Jair Bolsonaro enfrenta queda de popularidade com o agravamento da pandemia de covid-19 e piora nos indicadores econômicos.

O entendimento do Supremo anula todas as condenações que enquadrariam Lula na Lei da Ficha Limpa. É por isso que o ex-presidente está novamente elegível. A decisão de Fachin, no entanto, não significa que Lula foi inocentado e que ele não voltará a ser investigado.

"Essa decisão não derrui (destrói) a Operação Lava Jato. É apenas uma decisão referente aos casos específicos a que ela se refere", disse o presidente do STF, Luiz Fux, que não endossou a posição da maioria.

A Corte ainda não julgou, porém, se as quatro ações penais que miram o ex-presidente - do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e duas sobre o Instituto Lula - serão encaminhadas para a Justiça Federal do DF ou de São Paulo. O julgamento será retomado na próxima quinta-feira, quando o plenário vai analisar um outro ponto delicado: se a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro será arquivada ou não.

Pelo raciocínio de Fachin, se a condenação assinada por Moro contra Lula na ação do triplex não existe mais, não faz mais sentido discutir a atuação do ex-juiz no caso. Mesmo assim, no mês passado, a Segunda Turma do STF decidiu, por 3 a 2, declarar Moro parcial ao condenar o petista. Agora, a palavra final será do plenário, que deve se dividir sobre o tema.

A suspeição de Moro - que foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro - é uma questão central para o futuro da Lava Jato e de Lula. Agora, o plenário do STF vai decidir se as provas coletadas até hoje podem ou não ser reaproveitadas pelo juiz que assumir os casos do ex-presidente.

Um dos temores de investigadores é que, com a declaração de parcialidade, haja um efeito cascata, contaminando outros processos da Lava Jato nos quais Moro atuou. Se for mantida a suspeição do ex-juiz, a ação do triplex do Guarujá terá de voltar à estaca zero. Pela decisão de Fachin, os atos podem ser reaproveitados, o que aceleraria o andamento dos processos.

Apenas Fux, o decano do Supremo, Marco Aurélio Mello, e Kassio Nunes Marques se posicionaram a favor do recurso da Procuradoria-Geral da República para manter válidas as decisões tomadas pela Justiça Federal de Curitiba contra Lula. Pelo voto do trio, Lula ficaria inelegível e impossibilitado de concorrer ao Planalto em 2022. Prevaleceu, no entanto, o entendimento de Fachin. "(...) Independentemente da capa ou do nome dos autos, é forçoso reconhecer que o caso (de Lula) não se amolda ao que se tem decidido majoritariamente", observou o relator.

Para o PT, a decisão do Supremo sacramenta a candidatura do ex-presidente. A cúpula petista já prepara a campanha de Lula, que dará início a caravanas pelo País no fim deste mês. O ex-presidente tenta atrair partidos de centro e nomes do empresariado para uma ampla aliança contra Bolsonaro, que pretende disputar o segundo mandato.

Turma

Num outro movimento que poderá ter influência na análise de processos que tenham origem na Lava Jato, Fachin pediu a Fux para retornar à Primeira Turma após a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho. Se a mudança tiver aval do STF, o ministro manterá a relatoria da operação, mas ainda há dúvidas sobre o julgamento das futuras ações da Lava Jato que chegarem à Corte. Embora ontem tenha saído vitorioso, Fachin sofreu série de reveses em julgamentos da operação.

Bolsonaro diz que petista 'é candidato'

O presidente Jair Bolsonaro usou a tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais, na noite de ontem, para comparar o seu governo com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Pela decisão do Supremo (Tribunal Federal), o Lula é candidato. Façam uma comparação dos ministros do Lula com os nossos ministros", pediu Bolsonaro. "Se o Lula voltar, pelo voto direto, pelo voto auditável, tudo bem. Agora, veja qual vai ser o futuro do Brasil, o tipo de gente que ele vai trazer para dentro da Presidência."

Em constante atrito com o Supremo, Bolsonaro também disse que, se Lula for eleito, "em março de 2023 vai escolher mais dois ministros" para a Corte.

Antes da decisão do plenário do STF, Lula disse que o PT pode abrir mão de ser cabeça de chapa na eleição de 2022, desde que haja uma candidatura "com mais fôlego".

Em uma declaração sob medida para o novo figurino "paz e amor", Lula afirmou que ninguém pode vetar aliança política. "Quem tem de ter cabeça de chapa é quem tem maior possibilidade de ganhar as eleições", observou o ex-presidente em entrevista à rádio O Povo CBN.

Embora não tenha se apresentado como candidato, Lula já prepara seu programa de governo e disse estar disposto a "brigar e tentar consertar o Brasil". Em nota, a defesa de Lula disse que a decisão do STF "restabelece a segurança jurídica e a credibilidade do sistema de Justiça do nosso país."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O futuro chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, chegou a um acordo para que os Verdes retirem o veto à proposta de flexibilizar as rígidas regras contra o endividamento e aumentar os gastos com defesa. O anúncio ocorre no momento em que o compromisso dos Estados Unidos com a segurança dos aliados europeus é cada vez mais incerto, dada a aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin.

O debate sobre o acordo, que uniu conservadores, sociais democratas e verdes, destacou a urgência de expandir os gastos em defesa. A proposta deve ser levada à votação na Câmara Baixa do Parlamento alemão na próxima terça-feira.

Ignorando décadas de ortodoxia orçamentária, a União Democrata-Cristã, de Friedrich Merz, e o Partido Social Democrata, prováveis aliados no próximo governo propõem flexibilizar o chamado "freio da dívida", que só permite novos empréstimos equivalentes a 0,35% do PIB. O plano é aumentar os gastos com defesa e criar um fundo especial de 500 bilhões de euros (R$ 3,1 trilhão) para renovar a infraestrutura alemã nos próximos 12 anos.

Como concessão aos Verdes, o acordo inclui ainda 100 bilhões de euros (R$ 624 bilhões) do fundo de investimentos para gastos relacionados ao clima - o dobro dos 50 bilhões que estavam previstos. Essenciais para aprovação, eles resistiram ao plano e aumentaram suas demandas nos últimos dias.

Durante o debate parlamentar, na quinta-feira, a bancada criticou Merz por rejeitar repetidamente suas recomendações anteriores de reformar a "freio da dívida" para facilitar investimentos na economia e no combate às mudanças climáticas.

As negociações envolveram a expansão do escopo dos gastos em defesa e a inclusão de dispositivos para garantir que o fundo especial seja usado para novos investimentos e não apenas para financiar projetos já aprovados - preocupação expressada pelos Verdes.

Agora, com aval da bancada ambientalista, Friedrich Merz pode contar com a maioria de dois terços necessária para aprovar as mudanças constitucionais que permitirão o programa de gastos sem precedentes.

O acordo de defesa, declarou Merz , foi "uma mensagem clara para nossos parceiros e amigos, mas também para nossos oponentes, os inimigos da nossa liberdade, de que somos capazes de nos defender e estamos totalmente preparados para isso". E acrescentou: "Não faltarão recursos financeiros para defender a liberdade e a paz em nosso continente".

Vencedor das eleições, Merz negocia a formação do novo governo com o Partido Social Democrata, do chanceler, Olaf Scholz. Mesmo antes de assumir como chefe do governo alemão, o conservador está pressionado a aprovar o plano de defesa no Parlamento atual.

Isso porque os partidos de extrema direita e extrema esquerda terão uma minoria de veto quando a próxima legislatura assumir, em 25 de março.

Os opositores ao aumento do "freio da dívida" para gastos com defesa, como o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha, que emergiu como a segunda maior força da Bundestag nas últimas eleições, afirmam que o debate deveria ocorrer após a posse do novo Parlamento.

A ideia de flexibilizar as regras fiscais para expandir os gastos em defesa foi apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em cúpula convocada às pressas em meio aos sinais de aproximação entre EUA e Rússia. A proposta, aprovada pelos 27 líderes do bloco, prevê a liberação de 800 bilhões de euros para rearmar a Europa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou que o cenário geopolítico atual "pode facilmente levar à Terceira Guerra Mundial", mas garantiu que "estamos em uma boa posição para evitar" a "provável" eclosão do conflito. Para o republicano, uma nova grande guerra seria "como nenhuma outra", devido ao possível uso de armas nucleares.

Em discurso no Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês), Trump destacou as dificuldades para negociar um cessar-fogo na Ucrânia. "Não é fácil" dialogar com a Rússia, afirmou, mas garantiu que "estamos fazendo um bom trabalho com os russos". "Tive ótimas conversas com a Rússia e a Ucrânia hoje. Vamos conversar com Vladimir Putin para fecharmos um acordo de cessar-fogo de uma vez", acrescentou.

O presidente também assegurou que os EUA irão recuperar os recursos enviados à Ucrânia para financiamento militar por meio de futuros acordos, incluindo o de exploração de minerais. Apesar do apoio militar americano, "que fazem os melhores equipamentos militares do mundo", Trump ressaltou que "muitos soldados ucranianos ainda estão em perigo".

O republicano também prometeu manter as tarifas contra México, Canadá e China até que "a entrada de drogas nos EUA seja interrompida". "Não vamos descansar até combater a entrada de fentanil nos EUA", afirmou.

Trump ainda disse que o governo federal e o DoJ, sob sua gestão, "serão os órgãos que mais combaterão crimes no mundo". Em seguida, agradeceu aliados na Justiça americana, como Pam Bondi, procuradora-geral dos EUA, e Kash Patel, diretor do FBI.

Ele também voltou a criticar Joe Biden e os democratas. "Nossos predecessores transformaram o Departamento de Justiça no 'Departamento de Injustiça'. Estou aqui hoje para declarar que esses dias acabaram e nunca mais voltarão", afirmou.

Sobre as eleições, Trump acusou os democratas de tentarem impedir seu retorno à Casa Branca. "Falharam. Ganhei todos os swing states, ganhei no voto popular. O mapa dos Estados Unidos estava todo vermelho. Mas pelos republicanos, não pelo comunismo. Eles democratas queriam vermelho pelo comunismo", disse.

O Senado norte-americano aprovou definitivamente um projeto de lei que pode aumentar as penalidades para traficantes de fentanil, com 84 votos a favor e 16 contra, todos esses últimos de democratas. A proposta teve forte apoio dos democratas na Câmara, onde muitos estão determinados a combater a distribuição de fentanil após uma eleição em que o presidente dos EUA, Donald Trump, destacou o problema.

Em 2023, quando os republicanos da Câmara aprovaram um projeto de lei semelhante, ele ficou parado no Senado, que era controlado pelos democratas.

Críticos apontam que a proposta repete os erros da "guerra às drogas", que resultou na prisão de milhões de pessoas viciadas, especialmente afro-americanos. Fonte: Dow Jones Newswires.