País não tem motivo para adotar postura defensiva em meio ambiente, diz ministro

Política
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O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto de Franco França, afirmou nesta quinta-feira que o País não tem motivos para adotar uma postura defensiva no exterior em relação ao meio ambiente. "O Brasil não tem motivo para adotar, em matéria de desenvolvimento sustentável, uma atitude defensiva. Ao contrário. Estamos entre os países que podem apontar para soluções. Nossa histórica atuação nos debates internacionais e nossa trajetória interna em sustentabilidade nos dão autoridade para isso", garantiu a deputados durante participação na reunião extraordinária da comissão de relações exteriores e defesa nacional da Câmara dos Deputados convocada para tratar das prioridades do MRE para 2021 e outros temas atuais da política externa brasileira.

O chanceler comentou que o tema ganhou o centro do debate público em países de diferentes perfis, que cada vez mais a preocupação do consumidor com aspectos ambientais e sociais da cadeia de produção dos bens consumidos é uma realidade incontornável e que grandes investidores são pressionados a montar carteiras "verdes". "Com isso, não é exagero dizer que a sustentabilidade se tornou questão de acesso a mercados e de atração de investimentos", constatou.

Para o ministro, no entanto, a promoção da sustentabilidade da economia doméstica não deve se pautar por motivos "meramente mercantis". "Somos movidos, antes de tudo, pela compreensão de que o planeta é um só, e que urge preservá-lo para as gerações futuras. Mas seria um erro desconsiderar que, no século XXI, a sustentabilidade adquiriu, também, uma marcada dimensão econômico-comercial", pontuou.

França prometeu que em sua atuação continuará a valorizar os ativos ambientais brasileiros, com ênfase na composição da matriz energética; no caráter intensivo em tecnologia da agropecuária e na legislação de proteção ambiental.

Ele comentou também sobre a Cúpula de Líderes do Clima promovida na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. "O presidente Bolsonaro foi além. Assumiu o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. Expressou a disposição brasileira de antecipar para 2050 o prazo para atingirmos a neutralidade climática. E afirmou seu comprometimento com duplicação do orçamento de fiscalização ambiental, ferramenta necessária para cumprimento de nossas metas", citou.

O chanceler ressaltou que o Brasil se prepara para participar da COP26, prevista para realizar-se em novembro, na Escócia. "Acreditamos que será possível concluirmos as negociações pendentes para a completa implementação daquele acordo." A principal questão remanescente para a COP26, de acordo com ele, é a regulamentação do Artigo 6º, que tratará das bases para o mercado global de carbono.

"Outra questão especialmente cara ao Brasil é levar os países desenvolvidos a cumprir com sua obrigação de assegurar aos países em desenvolvimento meios apropriados de implementação de políticas de mitigação e adaptação à mudança do clima", disse. "O Brasil é uma potência ambiental. Isso nos traz responsabilidades, e estamos cientes delas. E isso nos abre possibilidades, que seguiremos explorando", afirmou.

Rede consular

Carlos Alberto de Franco França também disse que pretende obter recursos federais para ampliar a rede consular do País. A ideia, de acordo com ele, é criar pelo menos mais três novos postos no ano que vem, um na Ásia e dois no Ocidente. "Hoje a missão mais importante e nobre do Itamaraty é assistência consular", avaliou.

O chanceler fez esse "anúncio" durante participação na reunião extraordinária da comissão de relações exteriores e defesa nacional da Câmara dos Deputados convocada para tratar das prioridades do MRE para 2021 e outros temas atuais da política externa brasileira.

França, no entanto, não deu mais detalhes sobre quais os países estão em seu foco e nem descreveu se a intenção é baseada em recursos já previstos para a Pasta ou se será necessária uma quantia extra para tal.

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O Brasil e a China assinaram nesta terça-feira, 13, uma declaração conjunta especial de apoio ao processo de negociação de paz entre Rússia e Ucrânia, previsto para começar na quinta-feira, 15, na Turquia, mas sem sequer tocar em um ponto essencial para os ucranianos: a extensão por 30 dias de um cessar-fogo.

No comunicado, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping defenderam que as conversas diretas "comecem o quanto antes", mas não falam em garantias para o fim da agressão russa aos ucranianos, nem aos ataques de Kiev em territórios russos próximo da fronteira com a Ucrânia.

"Os governos do Brasil e da China esperam que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre as partes, única forma de pôr fim ao conflito", afirma o documento.

No documento, os líderes de Brasil e China dizem que as negociações devem contemplar as preocupações legítimas de todas as partes. "Eles consideram necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes com vistas a um acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final", diz o comunicado.

A reportagem apurou que a nova declaração foi emitida depois que interlocutores de Volodmir Zelenski e Vladimir Putin pediram apoio político ao processo.

Depois de resistir a um cessar-fogo de 30 dias intermediado pelos Estados Unidos, e aceito por Zelenski, Putin anunciou no sábado, dia 10, disposição de iniciar conversas diretas na Turquia, mas "sem pré-condições", ou seja, sem garantir o fim do avanço russo sobre território ucraniano, ou estabelecer uma pausa nos ataques de Kiev.

Trégua

Como o Estadão revelou, Zelenski havia pedido a Lula e Xi para intercederem junto a Putin por uma trégua nos ataques, o que o brasileiro fez. O presidente brasileiro e o líder chinês são vistos por ucranianos e seus parceiros ocidentais como interlocutores privilegiados junto ao Kremlin.

Em maio de 2024, os dois países haviam proposto em conjunto um plano com seis princípios que seria "a base" para um início de conversas. Putin e o governo russo defenderam a proposta, mas Zelenski e os ucranianos rejeitaram a ideia por ser muito favorável a Moscou. "Este tipo de proposta ignora o sofrimento da Ucrânia, ignora a realidade e dá a Vladimir Putin o espaço político para continuar com a guerra", disse Zelenski em referência à proposta na Assembleia Geral da ONU, no ano passado.

Xi voltou a dizer que cerca de 110 países endossaram a proposta sino-brasileira, elaborada pelos conselheiros presidenciais Celso Amorim e Wang Yi. No entanto, somente 13 assinaram uma declaração a respeito dela no ano passado.

Leia abaixo a Declaração conjunta Brasil-China sobre a crise na Ucrânia:

1 - O Brasil e a China acolhem a proposta feita pelo Presidente Vladimir Putin no dia 10 de maio de abrir negociações para a paz, bem como a manifestação positiva de Volodmir Zelenski no mesmo sentido.

2 - Os governos do Brasil e da China esperam que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre as partes, única forma de pôr fim ao conflito.

3 - O Brasil e a China avaliam positivamente os recentes sinais de disposição ao diálogo e manifestam sua expectativa de que as partes possam alcançar um entendimento que viabilize o início de negociações frutíferas, que contemplem as preocupações legítimas de todas as partes. Eles consideram necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes com vistas a um acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final.

4 - Comprometidos com esse objetivo, em maio de 2024 o Brasil e a China conclamaram todas as partes a criar condições para a retomada do diálogo e, em setembro, lançaram nas Nações Unidas o Grupo de Amigos da Paz, que congrega países do Sul Global.

5 - O Brasil e a China seguem à disposição, junto com o Sul Global, para continuar apoiando os esforços para pôr fim ao conflito.

A Suprema Corte da Argentina encontrou documentação associada ao regime nazista entre seus arquivos, incluindo material de propaganda que foi usado para difundir a ideologia de Adolf Hitler no país sul-americano, disse uma autoridade judicial do tribunal à Associated Press no domingo, 11.

Funcionários do tribunal encontraram o material ao trabalharem na criação de um museu com documentos históricos da Suprema Corte, disse a autoridade judicial, que pediu anonimato devido a políticas internas.

Entre os documentos, foram encontrados cartões postais, fotografias e material de propaganda do regime alemão. Parte do material "tinha a intenção de consolidar e propagar a ideologia de Adolf Hitler na Argentina, em meio à Segunda Guerra Mundial", disse o funcionário.

Acredita-se que as caixas estejam relacionadas à chegada de 83 pacotes a Buenos Aires em 20 de junho de 1941, enviados pela Embaixada da Alemanha em Tóquio a bordo do navio a vapor japonês Nan-a-Maru.

Na época, a missão diplomática alemã na Argentina havia solicitado a liberação do material, alegando que as caixas continham pertences pessoais, mas a Divisão de Alfândega e Portos o reteve.

O presidente da Suprema Corte, Horacio Rosatti, ordenou a preservação do material e uma análise minuciosa.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente dos EUA, Donald Trump, desembarcou na manhã desta terça-feira, 13, na Arábia Saudita, sua primeira parada em uma passagem de quatro dias pelo Golfo, a primeira grande viagem ao exterior de seu segundo mandato.

Trump foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que governa de fato o país. O presidente pretende usar a viagem para pressionar os países ricos do Golfo a injetar bilhões em novos investimentos nos Estados Unidos.

Trump revelou a assessores que pretende chegar a acordos de U$ 1 trilhão.

O príncipe Mohammed já prometeu investir US$ 600 bilhões nos Estados Unidos nos próximos quatro anos, um valor que, segundo economistas, é altamente improvável de se concretizar, já que a Arábia Saudita enfrenta uma crise de liquidez. Os Emirados prometeram US$ 1,4 trilhão em investimentos nos EUA ao longo de 10 anos.

Além das questões comerciais, Trump se vê enfrentando uma série de crises geopolíticas que devem ser tratadas durante a viagem.

A portas fechadas, o príncipe herdeiro, o emir do Catar, Sheik Tamim al-Thani, e o presidente dos Emirados, Mohammed bin Zayed, tentarão entender como Trump pretende prosseguir na resolução da guerra em Gaza, lidar com o rápido progresso do programa nuclear do Irã e abordar as tensões entre a Índia e o Paquistão.

Trump também deve discursar na tarde de terça-feira em um fórum de investimentos organizado pelo governo saudita. O czar das criptomoedas da Casa Branca, David Sacks, e outros líderes empresariais americanos, incluindo os presidentes-executivos da IBM, BlackRock, Citigroup, Palantir e Qualcomm, uma empresa de semicondutores, devem comparecer. (com agências internacionais).