'Quando entrei, existia clima tenso de politização', afirma Teich

Política
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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich lembrou do clima "tenso de politização" que existia, segundo ele, quando assumiu a titularidade da pasta em abril do ano passado, nos primeiros meses da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

"Quando eu entrei, existia um clima de politização e disputa muito grande, era um clima muito tenso. Então eu via que as coisas que eu falava, elas eram mais usadas do que ouvidas. Então existiu ali um primeiro momento em que a ideia era só tentar diminuir um pouco a tensão. Esse momento é o momento em que eu tomo mais um pouco do conhecimento do dia a dia do ministério", disse Teich durante depoimento à CPI da Covid.

"Inclusive eu achava que aquelas coletivas (da Saúde) deveriam ser um pouco mais técnicas no sentido não só de passar número, mas tentar passar alguma comunicação para sociedade", disse.

Teich comentou também que não teve acesso à carta que foi entregue pelo seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, ao presidente Bolsonaro. Nela, Mandetta alertou o presidente sobre o número de mortes pela covid-19 que o Brasil alcançaria caso o Planalto não seguisse as recomendações do Ministério da Saúde - o que ocorreu.

O ex-ministro voltou a dizer que, quando tomou o posto, assumiu com o entendimento de que sua gestão seria técnica à frente do ministério. "(Eduardo) Pazuello entrou, mas outras secretarias tinham sido mantidas no âmbito técnico. A única coisa que tinha discussão era cloroquina", disse Teich, que foi questionado ainda sobre a notória reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, tornada pública após decisão do Supremo Tribunal Federal.

"E ali eu coloquei o que achava importante em relação à pandemia, tanto em relação à covid quanto em relação a não covid, mas aquilo foi uma coisa que ficou, foi falada e depois a reunião seguiu, então a gente não teve uma discussão", afirmou.

Economia x Saúde

Ao falar sobre o dilema levantado pelo presidente, sobre a preservação do ambiente econômico e o combate à covid, Teich disse que o problema prático foi que a economia foi tratada como "dinheiro e empresas, e a saúde, como vidas, sofrimento e morte. Mas na verdade, tudo é gente". "Quando você fala da economia, você não está falando de empresa, de emprego, de dinheiro, você está falando de gente", afirmou Teich.

Pazuello

Nelson Teich, que teve como número 2 durante sua gestão o general Eduardo Pazuello, afirmou à CPI da Covid que, apesar do nome do general ter sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, a entrada de Pazuello no ministério não foi uma imposição. "Se ele tivesse sido imposto, eu saía em uma semana, e não em um mês", disse Teich, que ficou menos de 30 dias no cargo, entre abril e maio do ano passado.

A participação mais expressiva de militares na gestão da pandemia começou a se consolidar durante os poucos dias que Teich passou à frente do ministério - uma forma de o governo tutelar os passos do oncologista.

Ainda respondendo sobre eventuais interferências externas no Ministério da Saúde durante sua gestão, Teich disse não se lembrar da presença dos filhos do presidente Bolsonaro em reuniões com ministros. "Eu tive algumas reuniões com o presidente, mas lembrar da presença de um deles na reunião eu não lembro, é difícil. Tem um ano também, é difícil lembrar. Eu nunca me dirigi a eles, eu nunca conversei com eles, nunca discuti nada com eles. Se eles podiam estar em algum momento fisicamente ali, eles não tiveram nenhuma interferência em qualquer reunião que eu tivesse feito com o presidente. Se eles estavam na reunião, não foram pessoas que tiveram alguma participação ativa, se não eu lembraria", respondeu Teich.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.