Bolsonaro faz maratona de eventos em Alagoas com adversários de Renan

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente Jair Bolsonaro participa nesta quinta-feira, 13, de três eventos em Alagoas, terra do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid e que tem se transformado em um rival do Palácio do Planalto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), faz parte da comitiva presidencial que se deslocou de Brasília para Maceió na manhã de hoje.

Lira e Renan são adversários históricos na política alagoana. Uma tentativa de armistício entre os dois foi tentada em jantar promovido pela senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO), mas, a aproximação é difícil.

A agenda em Alagoas ocorre um dia após uma pesquisa do instituto Datafolha mostrar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com 41% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro. O levantamento também apontou que o Nordeste é a região com maior rejeição a Bolsonaro - 62% dos consultados pela pesquisa afirmam que não votariam no primeiro turno no presidente.

Diante de uma placa que substituiu seu nome na mesa pelo número 428.7256, em alusão às mortes da pandemia no Brasil, Renan Calheiros respondeu aos ataques que vem recebendo Bolsonaro na sessão da CPI que ouve Carlos Murillo nesta quinta, presidente da Pfizer na América Latina e ex-presidente da farmacêutica no Brasil.

"Eu quero dizer a esses pregadores que a minha resposta a todos esses ataques é esse número aqui, esse número aqui de vítimas da pandemias. Tirei meu nome e coloquei para que não haja dúvidas sobre o motivo pelo qual nós estamos aqui investigando. Se houve genocídio, se houve, quem é o responsável? Ou quem são os responsáveis?"

O convite a Bolsonaro partiu do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB), adversário local de Renan Calheiros. O ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor (PROS-AL), também adversário de Renan, acompanha o presidente.

Um dos eventos que Bolsonaro vai participar é a inauguração de um viaduto em Maceió. Acontece que a estrutura já havia sido inaugurada pelo governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), no final de 2020. O governador, que é filho do senador Renan Calheiros, não acompanha a visita do chefe do Executivo.

"A obra é estadual. Isso é um ataque ao federalismo e ao Estado", reclamou o relator da CPI da Covid.

Ao chegar em Maceió, Bolsonaro publicou no Twitter um vídeo no qual é recebido por apoiadores. Sem máscara, o presidente é rodeado por uma multidão. O incentivo a aglomerações agrava a crise da covid e ajuda a propagar o vírus. "Maceió/AL, agora. Um abraço meu Nordeste", escreveu o presidente no Twitter, ao publicar vídeo sendo recepcionado por apoiadores na chegada ao aeroporto.

Wajngarten

A viagem do presidente para o Estado nordestino acontece um dia depois de a imagem do governo federal se desgastar ainda mais na CPI da Covid. Em uma sessão marcada por bate-boca, xingamentos e até ameaça de prisão, o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten admitiu à CPI da Covid que a carta na qual a empresa Pfizer se dispunha a negociar vacinas contra o coronavírus foi enviada ao governo em setembro de 2020 e ficou dois meses sem resposta.

No depoimento, que durou mais de oito horas, Wajngarten caiu em contradição, negou ter chamado o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de "incompetente", conforme declaração dada à revista Veja, e irritou senadores.

Ontem, o relator Renan Calheiros, disse mais de uma vez que pediria a prisão de Fabio Wajngarten, por falso testemunho. A posição de Renan provocou contrariedade do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), até então seu aliado, e os dois acabaram discutindo. "Eu não sou carcereiro de ninguém", reagiu Aziz. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entrou na sala e chamou Renan de "vagabundo".

"Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros", afirmou Flávio, filho "01" de Bolsonaro, ao dizer que o relator queria transformar a CPI em palanque eleitoral.

"Vagabundo é você, que roubou dinheiro do pessoal do seu gabinete", retrucou Renan. "Vá se f…!", devolveu Flávio Bolsonaro, que foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no processo das "rachadinhas". Mais tarde na quarta-feira, nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro escreveu: "com mais de 10 inquéritos no STF, Renan tem moral para querer prender alguém?"

Em outra categoria

O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que o país pode impor máximas sanções contra a Rússia para forçar o presidente russo, Vladimir Putin, a discutir o acordo de cessar-fogo para o conflito contra a Ucrânia. A declaração foi dada em entrevista para a Fox Business, nesta terça-feira, 18. Segundo ele, o presidente americano, Donald Trump, o pediu para que repensasse o regime de sanções dos EUA, também considerando medidas contra o Irã.

"Antes, o regime de sanções estava minando a reserva do dólar", mencionou ao ressaltar que os EUA estão em regime de pressão máxima contra os iranianos para pressionar o país a negociar com os americanos.

Em relação às tarifas recíprocas que serão impostas no dia 2 de abril, Bessent destacou que alguns dos que ele classificou como "piores parceiros comerciais" dos Estados Unidos estão vindo para Trump para fechar acordos.

A Casa Branca foi cobrada nesta segunda-feira, 17, a dar explicações sobre o descumprimento de uma ordem judicial para retornar um voo de deportação para El Salvador, no caso que se converteu em uma queda de braço entre poderes em Washington. O governo de Donald Trump negou que tivesse agido fora da lei ao recorrer a uma legislação de guerra de 1798 para expulsar migrantes sem o devido processo legal.

O caso envolve migrantes venezuelanos acusados de serem membros da gangue Tren de Aragua deportados para El Salvador no fim de semana. O juiz distrital dos EUA James Boasberg bloqueou temporariamente as deportações para considerar as implicações do uso da lei e disse no tribunal que quaisquer aviões já no ar com os migrantes deveriam retornar aos EUA. Mas o governo Trump respondeu que os 250 deportados já estavam sob custódia de El Salvador, que se ofereceu para recebê-los.

Segundo apuração do jornal Washington Post, os dois primeiros voos partiram do Texas durante a audiência que discutia o uso da Lei de Inimigos Estrangeiros para deportar venezuelanos. O terceiro avião decolou, também do Texas, após a decisão da Justiça, que foi proferida às 18h47 e entrou no sistema às 19h26, pelo horário de Washington.

O juiz Boasberg então marcou uma audiência ontem para avaliar se a Casa Branca havia violado a ordem do tribunal. O governo pediu que a audiência fosse cancelada. O juiz rejeitou imediatamente o pedido e exigiu que o governo comparecesse para explicar suas ações.

Faltando apenas duas horas para o início da audiência no Tribunal Distrital Federal em Washington, os procuradores enviaram a posição do governo em um documento e disseram que não havia razão para ninguém comparecer à corte porque a administração não forneceria mais informações sobre os voos de deportação. O juiz deu um novo prazo para que eles se apresentem no tribunal nesta terça, 18.

Ao mesmo tempo, ontem, o Departamento de Justiça escreveu uma carta ao tribunal de apelações que supervisiona Boasberg, pedindo que o retirasse completamente do caso, por considerar seus "procedimentos altamente incomuns e impróprios", que ameaçavam se tornar uma crise constitucional.

Mais cedo, o chamado czar da fronteira do presidente Trump, Thomas Homan, indicou que o governo planejava continuar tais deportações apesar da ordem do tribunal. "Não me importa o que os juízes pensam, não me importa o que a esquerda pensa. Estamos chegando", disse ele em uma aparição na Fox News.

Desafiador

As duas iniciativas ocorreram em um dia de resistência extraordinária ao tribunal por parte do governo, que disse não ter violado a ordem do juiz, mas também que ele não tinha, em primeiro lugar, autoridade para emiti-la.

Queda de braço

A batalha jurídica sobre a remoção dos imigrantes foi o mais recente - e segundo jornais americanos, um dos mais sérios - ponto crítico até agora entre os tribunais federais, que tentam coibir muitas das ações executivas de Trump, e um governo que chegou perto de se recusar a cumprir ordens judiciais em várias ocasiões.

O próprio Trump expressou ceticismo sobre uma decisão da semana passada de um juiz federal na Califórnia ordenando que a administração recontratasse milhares de trabalhadores em estágio probatório demitidos. Trump disse no domingo, 16, que o juiz estava "se colocando na posição do presidente dos EUA, que foi eleito por quase 80 milhões de votos".

Para especialistas jurídicos americanos, os voos de deportação marcam uma escalada dramática na resistência do governo aos tribunais. Para eles, elas representam um colapso no frágil equilíbrio entre os poderes em Washington, acrescentando que o sistema judicial está sob intensa pressão.

Steve Vladeck, professor de direito da Universidade de Georgetown, disse que o país está vendo "um grau sem precedentes de resistência, intencional ou não, a mandatos judiciais contra o governo federal". "É difícil imaginar que isso vai melhorar antes de piorar", disse Vladeck. "Se o governo estiver correto e essas ordens forem falhas legalmente, ele deveria apelar, não resistir a elas."

Michael J. Gerhardt, professor de direito constitucional na Faculdade de Direito da Universidade da Carolina do Norte, disse que a resposta do governo ontem era o início de uma batalha desafiadora contra o Judiciário. "Agora, temos funcionários do governo que estão operando sem lei." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A polícia da Macedônia do Norte deteve 15 pessoas nesta segunda-feira, 17, um dia depois do incêndio em uma boate que matou 59. O incêndio ocorreu de madrugada no Club Pulse, em Kocani, onde cerca de 500 pessoas assistiam a um show do DNK, uma dupla de hip-hop popular no país. No total, 155 ficaram feridos.

Sob intensas críticas, o prefeito de Kocani, Ljupco Papazov, renunciou ontem. "O choque e a tristeza que sinto durarão a vida inteira", disse ele no Facebook.

O ministro do Interior da Macedônia do Norte, Pance Toskovski, disse que os detidos serão interrogados, acrescentando que havia suspeita de suborno e corrupção ligados ao incidente.

Dezenas de famílias das vítimas fizeram vigília nos hospitais e cobraram respostas das autoridades, que disseram que a casa estava operando com um documento de licença emitido ilegalmente e não dispunha de rotas de fuga adequadas. O teto da boate foi incendiado por fogos de artifício usados durante o show, segundo os investigadores.

"Este é o ápice de um sistema ruim e negligenciado", afirmou o primeiro-ministro Hristijan Mickoski, descrevendo o esforço da Macedônia do Norte para erradicar a corrupção. Em um relatório de 2024, a Comissão Europeia descreveu o problema como uma "preocupação séria" no país.

O prédio que abrigava o Club Pulse foi registrado como uma instalação industrial, mas mesmo assim recebeu uma autorização para operar como um espaço de entretenimento pelo Ministério da Economia, disse o promotor público, Ljupco Kocevski.

Os promotores pediram a prisão do ex-ministro da Economia Kreshnik Bekteshi, de acordo com a MRT, uma agência de notícias estatal. Os policiais detiveram outro ex-funcionário do ministério, bem como servidores de agências governamentais.

Alguns pais que perderam filhos no incêndio expressaram fúria com o prefeito Papazov por manter um perfil discreto no dia anterior. "Por que o prefeito não está aqui?", gritou Dragi Stojanov, cujo único filho morreu no incêndio.

Pirotecnia

Enquanto a banda se apresentava, faíscas eram acesas ao redor da dupla, como pode ser visto em vídeos que circularam pela internet. Essas faíscas, disseram as autoridades, foram usadas ilegalmente e iniciaram o incêndio. "Os dispositivos pirotécnicos usados na boate foram trazidos pela banda", disse o ministro do interior Panche Toshkovski. "Infelizmente, a pessoa responsável por manuseá-los morreu", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.