Pazuello diz que Pfizer não ficou sem resposta e clima esquenta na CPI da Covid

Política
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Na CPI da Covid, as respostas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a negociação do governo brasileiro para a compra de vacinas da Pfizer culminaram em um bate-boca. O clima esquentou após Pazuello afirmar ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que as propostas da Pfizer nunca teriam ficado sem resposta do Ministério da Saúde.

Segundo Pazuello, foram "inúmeras" vezes que a pasta falou com a farmacêutica. O ex-ministro argumentou que as negociações enfrentaram desafios em razão das cláusulas do contrato e questões logísticas, além do preço.

"Essas discussões nos consumiram em setembro e outubro. De agosto a setembro estávamos discutindo com a Pfizer ininterruptamente", disse Pazuello. "A resposta à Pfizer é uma negociação. Eu estou falando de dezenas de reuniões e discussões. A resposta sempre foi: 'sim, queremos comprar', mas não posso comprar se você não flexibilizar tal medida, se não auxiliar na logística", afirmou o general na CPI.

O estranhamento com Renan se acirrou diante do questionamento de que o ministério teria deixado a farmacêutica por sete vezes sem resposta. "Não houve decisão de não responder a Pfizer. Presidente era informado o tempo todo sobre as minhas conduções, não só da Pfizer. Foi informado por mim em todo o processo que começou em julho até março, quando contratamos a Pfizer, pessoalmente por mim", afirmou Pazuello, que foi então perguntado por Renan se a Pfizer estaria mentindo. "Eu respondo por mim", disse o ex-ministro.

Pazuello disse ainda que as negociações aconteciam em nível administrativo, e que ministros não podem receber empresas para fazer esse tipo de tratativa. "O senhor deveria saber disso", dirigiu a Renan, o que provocou um repreensão a Pazuello pelos senadores da CPI.

"O senhor está dizendo que eu não respondi, eu respondi centenas de vezes. Respostas foram respondidas inúmeras vezes, queremos comprar a Pfizer, nunca fechamos a porta, o senhor me desculpe, acho que o senhor está conduzindo a conversa", afirmou o ex-ministro.

"Nos colocaram cinco cláusulas complicadíssimas, ativos brasileiros no exterior, isenção completa da responsabilidade por efeitos colaterais, referência do fórum para Nova York, pagamento adiantado, assinatura do presidente da República em contrato, não existirem multas quanto ao atraso de entrega. Para ouvir isso a primeira vez, eu achei muito estranho", disse Pazuello, afirmando ainda que a Pfizer cobrava US$ 10 pela dose e as negociações com outras farmacêuticas estavam em US$ 3,75.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), então pediu que Pazuello entregue à CPI os documentos das negociações com a farmacêutica, a fim de evitar uma acareação com representantes da empresa. O ex-ministro afirmou que essas comprovações serão apresentadas à comissão.

Bolsonaro e Coronavac

No depoimento à CPI da Covid, Eduardo Pazuello tentou minimizar o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro o desautorizou a comprar a Coronavac, em outubro do ano passado. Na ocasião, o ex-ministro chegou a anunciar o acordo com o Instituto Butantan para a compra de 100 milhões de doses. Pazuello alegou que aquele era um posicionamento "político" de Bolsonaro, direcionado a um "agente político de São Paulo" - o governador João Dória (PSDB) - mas que não houve repercussão prática nas negociações do imunizante com o Butantan.

"Uma postagem na internet não é ordem, ordem é direta, verbal ou por escrito. E não havia compra, só havia termo de intenção e ele foi mantido", disse. "O presidente não deu ordem para não comprar nada", afirmou o ex-ministro.

Confrontando pelo relator, Renan Calheiros, sobre o momento em que Bolsonaro o desautorizou publicamente, Pazuello disse que, a ele, nenhuma ordem foi dada. "Ele falou publicamente. Para o ministério ou para mim, nunca", disse, tentando blindar o presidente no episódio.

"O presidente fala como chefe de Estado, mas também como agente político, se pronuncia como agente político. Quando ele recebe posição de agente político de São Paulo, ele se posiciona como agente político também", tentou justificar Pazuello, que atribuiu a frase dita sobre Bolsonaro por ele na ocasião, "um manda, outro obedece", a um "jargão militar".

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O ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, afirmou nesta terça-feira, 25, após uma consulta bilateral com os Estados Unidos na Arábia Saudita, que Kiev irá considerar toda a movimentação da Rússia e de seus navios militares para além da parte oriental do Mar Negro como violação do "espírito do acordo" e da garantia de navegação segura na região, além de uma ameaça à segurança nacional ucraniana.

"Neste caso, a Ucrânia terá pleno direito de exercer o direito à autodefesa", escreveu Umerov, em uma publicação no X.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sofreram um novo abalo nesta terça-feira, 25, com a saída de cinco diretores, ampliando a turbulência na principal agência de saúde pública dos Estados Unidos. As demissões foram anunciadas em uma reunião de líderes seniores da agência.

O CDC, com sede em Atlanta, possui cerca de duas dúzias de centros e escritórios, e os diretores de cinco deles estão deixando seus cargos. A saída ocorre após outras três demissões nas últimas semanas, o que significa que quase um terço da alta gestão da agência já saiu ou está de saída.

As saídas, descritas como aposentadorias, não foram anunciadas publicamente. A Associated Press confirmou a informação com dois funcionários do CDC que falaram sob condição de anonimato por não estarem autorizados a discutir o assunto.

Os anúncios ocorrem um dia depois de a Casa Branca indicar Susan Monarez para assumir a diretoria do CDC. No entanto, não está claro se essa decisão teve alguma influência na saída dos líderes da agência. No início do mês, o governo Trump retirou a indicação do ex-congressista da Flórida, Dr. David Weldon, pouco antes de uma audiência no Senado.

Funcionários do CDC, incluindo líderes da organização, vêm se preparando para possíveis cortes de funcionários e uma reestruturação drástica da agência sob a gestão de Donald Trump. A Casa Branca está analisando uma proposta de redução da força de trabalho do CDC e de outras agências federais de saúde, apresentada no início do mês, mas o conteúdo do plano ainda não foi divulgado.

"As dificuldades para esses profissionais realizarem seu trabalho diariamente devem ser enormes", disse Jason Schwartz, pesquisador de políticas de saúde da Universidade de Yale, que estuda agências governamentais da área. "O futuro do CDC está ameaçado, de qualquer forma que se analise. É compreensível que algumas pessoas decidam sair, em vez de ver a agência perder recursos, capacidade operacional e sua própria missão."

No entanto, a perda de vários líderes experientes representa mais um golpe para uma agência já sob forte pressão, acrescentou Schwartz. Fonte: Associated Press.

O Senado dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre o vazamento de planos de guerra por engano por parte da cúpula da Casa Branca. Os principais oficiais de inteligência do presidente Donald Trump, incluindo os diretores do FBI e da CIA, são ouvidos na Comissão de Inteligência nesta terça-feira, 25.

A investigação ocorre um dia após a notícia de que várias autoridades de segurança nacional do governo republicano enviaram mensagens de texto com planos de guerra para ataques no Iêmen em um grupo do aplicativo de mensagens Signal que incluía o editor-chefe da revista norte-americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg. Os ataques ocorreram duas horas depois das mensagens.

O senador democrata Mark Warner, membro da Comissão de Inteligência, denunciou o que chamou de um padrão de "comportamento descuidado e incompetente" do governo com relação ao manuseio de informações confidenciais. "Tirando o fato por um momento que informações confidenciais nunca devem ser discutidas em um sistema não confidencial, também é simplesmente incompreensível", declarou.

Entre as autoridades ouvidas, estão o diretor do FBI, Kash Patel, o diretor da CIA, John Ratcliffe, e a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard. Eles também irão depor na Câmara nesta quarta-feira, 26.

Aos senadores, Ratcliffe afirmou que as informações no Signal não incluíam informações confidenciais. "Minhas comunicações, para deixar claro, no grupo de mensagens do Signal eram inteiramente permitidas e legais e não incluíam informações confidenciais", disse o diretor da CIA.

Segundo fontes ouvidas pelo portal americano Politico, após o vazamento houve pedidos para que os envolvidos renunciassem. Isso inclui o conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz. O relato publicado na The Atlantic diz que foi Waltz quem convidou o jornalista a participar do grupo.

Diversas autoridades do governo classificam a atitude de Waltz como "imprudente". Uma outra fonte ouvida pelo Politico chamou o conselheiro de segurança de "idiota". "Todos na Casa Branca podem concordar em uma coisa: Mike Waltz é um idiota."

Os pedidos de renúncia também são direcionados ao secretário de defesa, Pete Hegseth, que também estava no grupo. O presidente do Comitê Nacional Democrata, Ken Martin, chamou Hegseth de "inapto". "Assim como seu chefe Donald Trump, Hegseth - e todos os outros envolvidos - demonstraram uma imprudência impressionante e desrespeito pela nossa segurança nacional", disse em um comunicado.

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