Manifestações contra Bolsonaro ganham caráter partidário

Política
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O atos de rua contra o presidente Jair Bolsonaro marcados para este sábado, 19, nas capitais e em centenas de cidades do País ganharam caráter mais partidário e pró-Lula em relação às manifestações que ocorreram em maio. Esse movimento ficou explícito após o PT aderir oficialmente aos protestos de rua - no qual prometeu se juntar aos movimentos sociais "no apoio e participação" - e na possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir ao evento em São Paulo.

Em publicação nas redes sociais, Lula cogitou ir ao protesto. "Eu ainda não sei se vou na manifestação. Tenho uma preocupação. Não quero transformar um ato político em um ato eleitoral. Não quero os meios de comunicação explorando isso como o Lula se apropriando de uma manifestação convocada pela sociedade brasileira", escreveu o ex-presidente.

Outros partidos de esquerda apoiam os atos, entre eles PSOL e PCdoB. A manifestação de hoje acontece ainda em meio à pandemia de covid-19 e no momento em que o País se aproxima das 500 mil mortes pela doença. Na manifestação de maio, o receio de gerar aglomerações dividiu a oposição, ainda que os organizadores recomendassem o uso de máscara e álcool em gel.

A possibilidade de o petista ir à manifestação gerou reações dos demais líderes do movimento. Os atos foram convocados pela Frente Brasil Popular, Povo Sem Medo, Coalizão Negra por Direitos e por seis centrais sindicais. Segundo os organizadores, estão confirmados atos em mais de 400 cidades dos 27 Estados.

"Nós não vamos bloqueá-lo, mas a presença do Lula não pegaria bem", disse o sindicalista Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e presidente do PDT paulistano. Aliado de Ciro Gomes, que é pré-candidato do PDT à Presidência, ele afirmou que seu partido não aderiu institucionalmente aos atos, mas liberou a militância a participar. Ciro não estará presente.

"Acho que a decisão mais correta seria o Lula não ir. A ida do ex-presidente causaria uma aglomeração inevitável. Seria ruim. Ele contribuiria mais não indo", disse ao Estadão o líder da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, que faz parte do comitê dos atos.

Procurada, a assessoria do ex-presidente Lula deixou em aberto se ele iria ou não ao evento na Avenida Paulista, o que deixou os organizadores apreensivos. Se o petista decidir ir de última hora, isso causaria dificuldades logística para os organizadores, já que não foi programado nenhum esquema especial de segurança para recebê-lo. Ou seja: haveria aglomeração e risco de segurança.

Custo

As manifestações de hoje contra o presidente Jair Bolsonaro custarão R$ 381 mil aos cofres públicos paulistas. Os recursos serão gastos na mobilização de um esquema de segurança, segundo apurou o Estadão. Somente no maior ato, na avenida Paulista, em São Paulo, a Polícia Militar (PM) vai mobilizar cerca de 400 policiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Foram escalados policiais do batalhão territorial e de unidades especializadas, com aproximadamente 120 viaturas, duas aeronaves e seis drones. Outras unidades da PM permanecerão de prontidão e, se necessário, serão deslocadas para prestar apoio. A Secretaria informou que a PM também estará mobilizada para garantir a segurança em manifestações em outras regiões do Estado.

A decisão do PT de intensificar a convocação para os atos contra Bolsonaro e a possibilidade de Lula estar presente geraram reações de outros setores que também fazem oposição ao presidente. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, grupos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff e agora fazem estão contra o governo federal, optaram por não participar.

Os líderes dos partidos do centro que tentam se unir em uma frente contra Bolsonaro e a polarização também foram contra. O PSDB rechaçou a adesão do PT às convocações. "É o PT aceitando a briga de rua do bolsonarismo e promovendo aglomeração em momento inoportuno em razão da pandemia", afirmou o deputado Paulo Abi Ackel (MG), vice líder do PSDB na Câmara.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.