'Estadão' promove debates sobre desinformação e eleições

Política
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O Estadão promove dois debates nesta semana para discutir o impacto da desinformação nas eleições de 2022. A transmissão será feita pela TV Estadão. Os eventos vão reunir pesquisadores e autoridades relacionados aos temas da informação e da legislação no ambiente digital.

Na terça-feira, 24, às 14h, a repórter Adriana Ferraz, da editoria de Política, comandará o debate "O que esperar das eleições de 2022?" Os convidados Fernando Gallo, head de políticas públicas do Twitter Brasil, Diogo Rais, do Instituto de Liberdade Digital, e Manoel Fernandes, diretor executivo da empresa de consultoria Bites, darão sua visão sobre o cenário informacional que já se desenha nas redes sociais e as perspectivas para o ano que vem.

O debate volta na sexta-feira, 27, também às 14h, com o tema "Legislação: qual é o cenário para 2022". Foram convidados Diego de Lima Gualda, diretor jurídico do Twitter para América Latina e Canadá, Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), e Aline Osorio, secretária-geral do Tribunal Superior Eleitoral e coordenadora do programa do tribunal que combate a desinformação eleitoral. A mediação será feita por Daniel Bramatti, editor do Estadão Verifica.

Os movimentos que disseminam desinformação já estão organizados e promovendo um processo de tentativa de deslegitimação do processo eleitoral, ao denunciar fraudes inexistentes que envolvem urnas eletrônicas. Isso tem elevado as pressões para que as redes sociais reforcem seus sistemas de moderação de conteúdo. Os militantes digitais, porém, reagem a isso com a acusação de que autoridades e plataformas de internet estariam cerceando sua liberdade de expressão.

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump acabou banido das redes sociais ao insuflar uma insurgência golpista com denúncias de uma fraude eleitoral inexistente. Mas isso só ocorreu quando deixava o governo, depois da derrota para o democrata Joe Biden.

O presidente Jair Bolsonaro pretende impedir as redes sociais de excluir conteúdo, mesmo aqueles que desrespeitarem os termos de uso das plataformas. Ele anunciou que enviará ao Congresso um projeto de lei que, em caso de aprovação, deve inviabilizar a moderação de conteúdo pelas plataformas. Sem apresentar evidências de que isso seja verdade, o presidente alega que as redes promovem tratamento desigual e mais duro a seus seguidores. Bolsonaro defende que conteúdos só possam ser retirados do ar por meio de determinação judicial.

Há alguns meses, o presidente chegou a aventar a possibilidade de editar um decreto para proibir a moderação de conteúdo. A estratégia provavelmente foi abandonada e substituída pela ideia do projeto de lei porque a iniciativa violaria a atual legislação que trata do assunto - o Marco Civil da Internet.

Os debatedores também vão discutir as recentes iniciativas do Judiciário para desmonetizar sites e perfis de redes sociais que obtêm receita de propaganda ao difundir desinformação. Será analisada ainda a parceria entre o TSE e agências de checagem de fatos para identificar conteúdos enganosos sobre eleições e combatê-los.

A última semana contou com uma série de investidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra canais, perfis e influenciadores digitais que promovem campanhas de desinformação contra o sistema eleitoral e ataques às instituições. As ações ocorrem no âmbito de um inquérito administrativo aberto após o presidente Jair Bolsonaro fazer uma transmissão na qual apresentou informações falsas para contestar a segurança das urnas eletrônicas. As alegações enganosas foram então amplificadas por diversos influenciadores favoráveis ao governo.

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, determinou a suspensão temporária da monetização dessas contas e perfis. O corte do financiamento aos movimentos que lucram com a desinformação se tornou centro das atenções da Justiça Eleitoral depois que a Polícia Federal identificou que os influenciadores operam da mesma forma que o estrategista da campanha presidencial de Donald Trump, Steve Bannon.

Canais e perfis em redes sociais, que muitas vezes imitam a aparência de veículos de comunicação tradicionais, lucram com a monetização que as redes sociais lhes proporciona por meio de anúncios veiculados em suas páginas. Quanto mais acessos, maior o retorno financeiro. Por isso, eles se beneficiam do tom alarmista e do extremismo das mensagens. A apuração do TSE aponta que apenas 14 canais poderiam gerar até US$ 2,9 milhões por ano em receitas - o equivalente a cerca de R$ 15 milhões.

Agora, o TSE estuda uma regra que pode suspender a monetização de canais de conteúdo político nas redes sociais durante as eleições. "Tenho muita expectativa de que formemos aqui uma conscientização da relevância desse momento, no qual a colaboração do setor público e privado nesse diálogo é fundamental para se chegar a um bom termo em prol da sociedade", destacou o ministro Salomão.

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O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)