Caminhoneiros bolsonaristas protestam em rodovias de 15 Estados

Política
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Dois dias após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro, caminhoneiros que são a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro ainda promovem manifestações em rodovias de 15 Estados nesta quinta-feira, 9, causando transtornos e atrasos em cargas.

No boletim divulgado às 8h30, o Ministério da Infraestrutura informou que, com base em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), eram registrados pontos de concentração "com abordagem a veículos de cargas" em 15 Estados. São estes: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, Pernambuco e Pará.

Segundo o ministério, houve 10% e redução de ocorrências de bloqueio desde o boletim anterior, da madrugada desta quinta. O ministério também informou que corredores logísticos foram liberados pela PRF em: Minas Gerais, na BR-040; Rio de Janeiro, na BR-116 (Dutra/Barra Mansa) e BR-040 (Reduc); Espírito Santo, na BR-101; Paraná, na BR-376 e Goiás, em Anápolis, na BR-153.

O órgão também informou que não há mais pontos de interdição em rodovias federais, com exceção da BR-174 em Roraima, onde o protesto promovido por indígenas e não tem relação com o movimento de caminhoneiros.

Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seguiram durante a quarta-feira. Ainda segundo o ministério, a composição das mobilizações é heterogênea, "não se limitando a demandas ligadas à categoria" e não há previsão de que os bloqueios nas rodovias afetem o abastecimento de produtos no País.

As concentrações já preocupam distribuidoras de combustíveis, que temem desabastecimento de produtos como gasolina e óleo diesel.

Na noite de quarta-feira, para tentar conter os protestos, o próprio presidente Bolsonaro gravou um áudio e o ministro de Infraestrutra, Tarcísio de Freitas, um vídeo para tentar desmobilizar os manifestantes. Na mensagem, Bolsonaro trata os caminhoneiros como "aliados" e apela para que os manifestantes desobstruam as vias porque "atrapalha nossa economia".

Além das manifestações nas rodovias, caminhoneiros também seguem bloqueando vias da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os manifestantes viraram a noite no local, mesmo depois de uma operação com mais de 40 viaturas para tentar retirar os caminhões estacionados irregularmente nas faixas em frente aos ministérios e remover uma cozinha improvisada no local.

Veja os pontos onde há protesto e bloqueio por caminhoneiros nas rodovias:

- SP: Às 7h10 desta quinta-feira, 9, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER), há cinco pontos com presença de caminhoneiros nos acostamentos de rodovias (não concessionadas) administradas pelo Estado, "sem atrapalhar o fluxo das vias". São elas: Teodoro Sampaio (SP 563, km 0, interdição do acostamento); Paranapanema (SP 270, km 245, fora da pista); Salto de Pirapora (SP 264, km 120, fora da pista); Angatuba (SP 270 , km 204, acostamento); e Capão Bonito (SP 250, km 228,7, fora da pista). Na quarta, segundo a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo, houve paralisação de caminhoneiros na Rodovia Anhanguera, no km 188.

- RJ: Às 7h11 desta quinta-feira, 9, no Rio de Janeiro, há três pontos com registro de protestos: Campos dos Goytacazes (km 75 da BR 101, sentido Rio); Itaboraí (km 1 da BR 493, em ambos os sentidos); e na capital fluminense (km 113 da BR 040), segundo a PRF, que está presente nesses pontos. Nos locais, a Polícia Rodoviária Federal está realizando tratativas para liberação das estradas. Nesses pontos, o trânsito está fluindo mesmo com a interdição, informa a PRF.

- RO: Às 7h12 desta quinta-feira, 9, em Rondônia, há seis pontos de interdição de veículos, de acordo com a última atualização da PRF-RO, sem bloqueio total de vias. São eles: em Vilhena (BR 364, km 13 ao km 14, caminhoneiros ocupando a faixa da direita, com fluxo mantido na da esquerda); Porto Velho (BR 364, km 691, bloqueio no sentido crescente, com trânsito liberado para carros de pequeno porte); Cacoal (BR 364, km 234, bloqueio no sentido crescente da via); Ji-Paraná (BR 364, próximo ao km 337, com interdição prevista para ter início às 6h); Jaci Paraná (BR 364, próximo ao km 800, com interdição prevista para ter início às 6h); Cujubim (BR 364, km 563, com interdição prevista para ter início às 6h).

- RR: Até às 20h30, de quarta-feira, 8, no km 482 da BR 174, que passa pela capital de Roraima, Boa Vista, havia interdição da rodovia por manifestantes, de acordo com a PRF-RR. A corporação informa que veículos de carga perecível, carga viva, de passeio e ônibus podem transitar nos dois sentidos. A PRF está no local. Desde as 17h de quarta, ao menos 20 caminhões estavam estacionados neste ponto em protesto contra o aumento no preço dos combustíveis, em especial o diesel, e a favor do governo Bolsonaro. A ação faz parte do pacote de mobilização dos caminhoneiros pós 7 de Setembro.

A rodovia federal é a única via de acesso do Estado roraimense à Manaus (AM), e é utilizada para o envio de alimentos, combustível e outras mercadorias, de forma mais barata e por terra.

- SC: Às 6h13 desta quinta-feira, 9, cinco rodovias catarinenses tinham pontos de bloqueio em diversos trechos: BR 101 (km 72 Araquari; km 353 Jaguaruna; km 375 Içara; km 402 Maracajá; km 419 Araranguá; km 451 São João do Sul); BR 208 (km 1,4 São F. do Sul; km 11 São F. do Sul; km 55 Guaramirim ; km 121 São B. Sul; km 230 Canoinhas); BR 116 (km 07 Mafra e km 138 S. Cecília); BR 470 (km 4 Navegantes; km 45 Gaspar; e km 89 Ascurra); BR 282 (km 606 Maravilha e km 646 São M. Oeste).

- PR: Às 8h31 desta quinta-feira, 9, a PRF do Paraná informou que não há pontos de interdição nas rodovias do Estado, apenas "pontos de concentração de manifestantes". São eles: BR 369 (km 37, Andirá; km 79, Sta. Mariana; e km 157, Londrina); BR 373 (km 254, Guamiranga); BR 376 (km 109, Paranavaí; km 158, Mandaguaçu; km 188, Marialva; e km 504, Ponta Grossa); e BR 476 (km 285, S. Mateus do Sul).

- ES: Às 8h30 desta quinta-feira, 9, a PRF do Espírito Santo informou não haver ponto de bloqueio das rodovias no Estado. Estão mantidos, no entanto, pelo menos 15 pontos de manifestação, em cinco rodovias. São eles: BR 101 (km 137, Linhares; km 181, Aracruz; km 204, João Neiva; km 214, Ibiraçu; km 247, Serra; km 306, Viana; km 372, Iconha; km 414, Itapemirim; km 426, Atílio Vivácqua; km 451, Mimoso do Sul); BR 259 (km 100, Baixo Guandu, a confirmar, segundo a PRF); BR 262 (km 17, Viana; e km 157, Ibatiba); BR 447 (km 12, Capuaba, Vila Velha); BR 482 (km 75 Alegre); e BR 482 (km 104, Guaçuí).

Pedido de destituição de ministros

Um dos líderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal. "O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão", disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.

Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vídeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido. Ele não foi localizado na quarta.

Diante dos protestos, a Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista enviou na quarta ofícios ao diretor-geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à Presidência da República e outros órgãos, em que pede ação imediata das forças de segurança pública para garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirma que, em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro, ainda ocorrem obstruções de trânsito em estradas federais "com madeiras, pedras e pneus".

Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) afirmou haver "ameaça à integridade física e danos ao patrimônio com lançamento de pedras contra caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de ir e vir".

O fato de o ofício ter sido enviado pela Frente reforça a falta de unanimidade da categoria sobre as paralisações. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria consideravam que poderia haver presença pontual de transportadores nos atos, mas de forma isolada, sem organização associativa.

Ao menos nove entidades, entre associações, confederações e sindicatos ligados à categoria informaram na quarta que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte e mais de 50 entidades patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a entidade afirma que as paralisações poderão causar graves consequências para o abastecimento, que poderão atingir o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. "Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra", disse Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018. "Está claro que a pauta não é da categoria".

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, "conforme era esperado" diante de manifestações de Bolsonaro. "Vimos veículos do agronegócio, como tratores e máquinas agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar", disse. A CNTTL enviou recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux, repudiando atos "extremistas", as declarações do cantor Sérgio Reis e do que chamou de "pseudo lideranças" de caminhoneiros, dizendo que não compactua com atos antidemocráticos.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou o desmantelamento de sete órgãos governamentais, incluindo a matriz do serviço de radiodifusão internacional Voz da América e outro que foca em resolver problemas de sem-tetos.

A ordem executiva, divulgada na noite de sexta-feira, 14, faz parte da missão de reduzir o tamanho do governo federal e testará os limites do poder presidencial, uma vez que a maioria dos pequenos órgãos foi criada por estatuto pelo Congresso. A ordem instrui que os órgãos sejam "eliminados na máxima extensão permitida pela lei aplicável".

Um dos órgãos que a ordem executiva busca eliminar é a Agência dos Estados Unidos para a Mídia Global, que é a matriz para a Voz da América e a Radio Free Europe/Radio Liberty. Essas organizações foram estabelecidas para enfatizar os valores democráticos, fornecendo notícias em países onde a imprensa livre é ameaçada, incluindo Afeganistão, Irã, Paquistão, Rússia e Ucrânia. As organizações empregam milhares de jornalistas. Alguns funcionários da Voz da América receberam um e-mail neste sábado informando que seu emprego foi encerrado.

Os outros órgãos incluídos na ordem de Trump foram: o Serviço Federal de Mediação e Conciliação, formado para facilitar conflitos entre trabalho e gestão; o Centro Internacional Woodrow Wilson para Acadêmicos, um think tank; o Instituto de Serviços de Museus e Bibliotecas, que fornece subsídios a bibliotecas e museus; o Conselho Interagências dos Estados Unidos sobre Sem-teto; o Fundo de Instituições Financeiras de Desenvolvimento Comunitário, que promove o acesso ao capital e o crescimento econômico local; e a Agência de Desenvolvimento de Negócios de Minorias, que está sob o Departamento de Comércio. Fonte: Dow Jones Newswires.

Um exame do cachorro encontrado morto junto com o ator Gene Hackman e sua mulher, Betsy Arakawa, em sua casa em Santa Fé mostra que desidratação e fome foram provavelmente as causas da morte do animal.

Um relatório obtido pela Associated Press do laboratório veterinário do Departamento de Agricultura do estado do Novo México detalha uma mumificação parcial e observa que, embora a decomposição severa possa ter obscurecido as alterações nos órgãos, não há evidência de doença infecciosa, trauma ou envenenamento que possa ter resultado em morte.

O relatório menciona que o estômago do cachorro estava praticamente vazio, exceto por pequenas quantidades de pelo e bile.

Zinna, uma mistura da raça kelpie, era um dos três cães do casal. Ela foi encontrada morta em uma caixa no armário do banheiro, perto do corpo de Betsy Arakawa, enquanto dois outros cães sobreviveram.

As autoridades confirmaram na semana passada que Hackman morreu de doença cardíaca com complicações da doença de Alzheimer cerca de uma semana após uma doença rara transmitida por roedores - síndrome pulmonar por hantavírus - ter tirado a vida de sua mulher. Hackman, nos estágios avançados do Alzheimer, aparentemente não estava ciente de que ela estava morta.

Hackman foi encontrado na entrada da casa, e Arakawa foi encontrada em um banheiro. Assim como o cachorro, seus corpos estavam se decompondo com certa mumificação, uma consequência do tipo de corpo e do clima no ar especialmente seco de Santa Fé, a uma altitude de quase 2.200 metros.

Embora ambas as mortes tenham sido consideradas como sendo de causas naturais, o Gabinete do Xerife do Condado de Santa Fé está concluindo a investigação, unindo a linha do tempo com qualquer informação obtida dos telefones celulares coletados na casa e os últimos contatos que foram feitos.

"O caso é considerado aberto até que tenhamos as informações necessárias para fechar a linha do tempo", disse Denise Womack Avila, porta-voz do xerife.

Zinna foi resgatada de um abrigo e tornou-se uma companheira incrível, que estava sempre ao lado de Arakawa, disse Joey Padilla, proprietário do centro de cuidados para animais de estimação Santa Fe Tails, que está envolvido nos cuidados dos cães sobreviventes.

Arakawa, nascida no Havaí, estudou como pianista de concerto, frequentou a Universidade do Sul da Califórnia e conheceu Hackman em meados da década de 1980, quando trabalhava em uma academia da Califórnia.

Hackman, um ícone de Hollywood, ganhou dois Oscars durante uma carreira histórica em filmes como Operação França, Momentos Decisivos e Superman - O Filme, dos anos 1960 até sua aposentadoria no início dos anos 2000.

O casal levou uma vida privada depois de se mudar para Santa Fé décadas atrás. Um representante do espólio do casal citou essa privacidade na tentativa de bloquear a divulgação pública da autópsia e dos relatórios de investigação relacionados às suas mortes, especialmente fotografias e vídeos. Caberá a um juiz distrital estadual considerar essa solicitação.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou na manhã deste sábado que o presidente da Rússia, Valdimir Putin, terá, "mais cedo ou mais tarde" que se sentar à mesa para iniciar "negociações sérias" de paz.

Segundo o premiê britânico, Putin está tentando adiar um acordo de cessar-fogo de 30 dias, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky "mostrou mais uma vez e sem qualquer dúvida que a Ucrânia é a parte interessada na paz".

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa neste sábado, quando 26 líderes internacionais se reúnem no Reino Unido a fim de apoiar uma eventual trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

"O grupo que eu convoquei hoje é mais importante do que nunca. Ele reúne parceiros de toda a Europa, bem como da Austrália e da Nova Zelândia e continua apertando as restrições sobre a economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações. E concordamos em acelerar nosso trabalho prático para apoiar um potencial acordou", afirmou o premiê.

Starmer disse ainda que o grupo entrará "em uma fase operacional" e que militares dos respectivos países se reunirão na próxima quinta-feira, 20, no Reino Unido "para colocar em prática planos fortes e robustos, para apoiar um acordo policial e garantir a segurança futura da Ucrânia".

Segundo o premiê, "o apetite da Rússia pelo conflito e pelo caos mina a segurança do Reino Unido", o que encarece o custo de vida, inclusive os custos de energia. "Então isso importa muito para o Reino Unido. É por isso que agora é a hora de se engajar em discussões sobre um mecanismo para gerenciar e monitorar falsas bandeiras", afirmou.

Na quinta-feira, Putin havia dito que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas pontuou que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito".