Lula recusa gênero e cor como critérios nas escolhas para o Supremo e a PGR

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 25, que não tem pressa para indicar os nomes do sucessor de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República e do substituto da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Segundo o petista, as escolhas serão anunciadas "no momento certo" e "a questão de gênero e cor" não será usada como critério nas indicações.

O mandato de Aras no comando do Ministério Público termina nesta terça, 26, e Rosa Weber vai se aposentar da Corte nesta quinta-feira, 28 - o ministro Luís Roberto Barroso assumirá como presidente do STF, no lugar de Rosa. "Não precisa perguntar essa questão de gênero ou de cor. Eu já passei por tudo isso. No momento certo vocês vão saber quem eu vou indicar. Eu pretendo indicar a pessoa mais correta que eu conhecer e a pessoa que eu tenho mais fé de que vai ser uma grande pessoa na Suprema Corte, que é isso que o Brasil está precisando", disse Lula em entrevista no Palácio do Planalto.

Diante da pressão pela escolha de uma mulher negra para o STF, o presidente afirmou que "o critério (de gênero e cor) não será mais esse" e que pretende indicar pessoas que possam "atender aos interesses e à expectativa do Brasil" e, no caso do STF, alguém que "vote adequadamente, sem precisar ficar votando pela imprensa".

Gestão controversa

Os quatro anos da gestão Aras na Procuradoria-Geral da República foram marcados por polêmicas. Indicado fora da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) por Jair Bolsonaro (PL), ele é acusado por críticos de alinhamento ao governo passado por não ter dado andamento a investigações envolvendo a gestão Bolsonaro, sobretudo as solicitadas pela CPI da Covid.

Sob Aras, a PGR arquivou mais de cem pedidos de apuração sobre Bolsonaro. O procurador-geral foi ainda cobrado por realizar apenas "procedimentos preliminares" em casos com indícios de corrupção nas áreas da Saúde e da Educação do governo passado.

A extinção do modelo de forças-tarefa, que enterrou a Lava Jato, também ocorreu na gestão de Aras. Segundo ele, o Ministério Público deve agir "sem espetáculos midiáticos". Neste terceiro mandato de Lula, o chefe do Ministério Público acenou ao novo governo ao enfatizar seu trabalho para "enfrentar e desestruturar as bases do lavajatismo".

Em artigo publicado no Estadão, no sábado, Aras diz que foi alvo de "incompreensões e falsas narrativas". "Parte das incompreensões deve-se à equivocada expectativa de o Ministério Público protagonizar ou mesmo apoiar projetos partidários. Nossa missão não é caminhar pela direita ou pela esquerda", escreveu.

Entre especulações sobre o substituto de Aras e dúvidas se Lula seguirá a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, o cargo será ocupado interinamente, a partir de amanhã, pela subprocuradora-geral Elizeta Maria de Paiva Ramos.

Lista

Tradicionalmente, a ANPR elege três nomes do Ministério Público Federal e apresenta a lista para o presidente da República, que não é obrigado a acatar a votação da categoria. Compõem a lista tríplice deste ano os subprocuradores-gerais da República Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino. Bolsonaro foi o primeiro chefe do Executivo a ignorar a lista tríplice, em 2019, quando indicou Aras para suceder a Raquel Dodge. O ex-presidente fez o mesmo em 2021, ao reconduzir Aras.

Lula já disse que também não pretende seguir a lista da ANPR. Em março, ele afirmou que a escolha para a Procuradoria-Geral da República será pessoal. Em julho, o líder do PT no Senado, Jaques Wagner (BA), declarou que "não tem lista para a PGR, a decisão é do presidente Lula". Na ocasião, Wagner elogiou Aras e levantou a possibilidade de uma eventual recondução. A ideia, porém, foi criticada por aliados de Lula e integrantes do governo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que um novo mandato de Aras seria um "desastre".

Cotados

Correndo por fora da lista tríplice está o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet, que tem apoio dos ministros do STF Gilmar Mendes - de quem foi sócio no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) - e Alexandre de Moraes. Gonet defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho, afirmando que houve investida "ardilosa" contra a democracia.

Como mostrou a Coluna do Estadão, outro nome cotado é o do subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelo denúncias criminais do 8 de Janeiro. O procurador Antonio Carlos Bigonha, por sua vez, é o favorito de ala do PT. Bigonha é amigo do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente do partido José Genoino. Também foi recebido por Lula recentemente o subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios.

STF

Apesar da pressão de aliados e de grupos progressistas para a indicação de uma mulher negra para a cadeira de Rosa Weber, os citados até agora são todos homens. Em 132 anos de história, o STF teve 171 ministros. Apenas três mulheres. Nunca houve uma mulher negra. O último negro a integrar a Corte foi Joaquim Barbosa, que se aposentou em 2014. Indicado por Lula em 2003, com aval do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, Barbosa se tornou o algoz do PT no julgamento do mensalão.

Entre os cotados estão o ministro da Justiça, Flávio Dino, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Ontem, Dino afirmou que "só Deus sabe" se ele terá o nome indicado para a Corte.

Em junho, Lula escolheu Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski. Se o presidente indicar mais um homem, a Corte passará os próximos 14 anos sem uma mulher na presidência do tribunal. A tradição é que o ministro mais antigo, que ainda não tenha ocupado a presidência, seja eleito internamente para o cargo. O mandato é de dois anos.

Estão na lista de sucessão interna, por ordem de antiguidade, Barroso, Edson Fachin, Moraes, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Zanin. O indicado de Lula entrará no fim da fila.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.