Prefeita do PT dispara contra bancada do partido e gera crise em MG

Política
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O PT de Minas Gerais está em crise. Governante da maior cidade administra pela sigla no Estado, a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), critica a postura da bancada de deputados estaduais do partido e cobra "proatividade" para aprovar a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), programa de renegociação de dívidas estaduais com o governo federal que é defendido pelo governador Romeu Zema (Novo) como única saída para equilibrar as contas públicas mineiras.

O posicionamento da bancada leva a prefeita a cogitar até mesmo rejeitar uma eventual candidatura a governadora em 2026 caso o nome dela seja colocado como alternativa. "Zema fala que Minas está saneada. Não está. Está falida. E o PT fala que Minas tem dinheiro. Como eu enfrento um processo [eleitoral] nesse cenário?", disse ela ao Estadão, acrescentando que vai decidir no final do ano se será candidata a reeleição em Contagem.

Presidente do PT em Minas Gerais, o deputado estadual Cristiano Silveira (PT) rebate Marília, diz que ela não acompanha o trabalho da bancada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e que a "bola" agora está com o governo federal, que prometeu encaminhar ao Congresso Nacional projeto de lei complementar alterando as regras do RRF. O Ministério da Fazenda foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem se há previsão para apresentação do projeto.

Vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) tomou partido de Marília Campos. Em entrevista ao jornal Estado de Minas, ele disse que a bancada estadual se opõe ao RRF sem apresentar solução e que erra ao não dialogar com a sociedade sobre o assunto. Nas redes sociais, no entanto, ele procurou apaziguar a situação.

"Nossa bancada do PT e oposição na Assembleia exerceu uma resistência heroica contra a proposta de RRF do governo Zema. Agora, devemos debater em outras bases, com preservação da Cemig, Copasa e outras estatais como públicas, realização de concursos públicos e pagamento em dia dos funcionários e repasses aos municípios", escreveu no X (antigo Twitter).

Atualmente, a dívida de Minas Gerais com a União é de R$ 156,2 bilhões, mas não é paga desde 2018 por causa de decisões liminares do Supremo Tribunal Federal (STF). A corte deu até dezembro para que o Estado consiga aprovação na ALMG e entre no Regime de Recuperação Fiscal. Nas contas de Marília Campos, uma vez no RRF, o governo estadual pagaria entre R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão por ano. Fora do programa, o valor subiria para entre R$ 9 bilhões a R$ 10 bilhões, o que poderia trazer de volta dificuldades vividas durante o governo de Fernando Pimentel (PT), quando houve atrasos nos repasses constitucionais de impostos arrecadados aos municípios.

A prefeita de Contagem afirma que é favorável ao novo Regime de Recuperação Fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deixa de exigir que os Estados façam privatizações e limitem gastos com servidores, adotando o congelamento salarial. As mudanças, no entanto, ainda não foram enviadas para análise no Congresso.

"A bancada não está sendo proativa", disse Marília ao Estadão. A prefeita defende que é necessário pressionar governo federal, deputados federais e senadores a aprovarem as mudanças. "Temos que aproveitar que temos um governo federal que já defende novas diretrizes e fazer essa modificação para Minas Gerais se beneficiar. A oposição pela oposição prejudica Minas Gerais", acrescentou.

Ao lado de João Doria, Romeu Zema afirmou que apoio a Bolsonaro em 2022 se deu muito mais contra o PT do que por concordar com o ex-presidente

Zema diz que apoio a Bolsonaro foi contra o PT e não por concordar com ex-presidente

Racha partidário foi exposto diante de Gleisi Hoffmann

As divergências internas no PT foram expostas pela primeira vez publicamente no início de setembro durante visita da presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, a Minas Gerais. Em um evento que serviu justamente para lançar Marília Campos como pré-candidata a prefeita de Contagem, o marido dela, o economista José Prata Araújo, defendeu abertamente a adesão ao RRF, o que desagradou os deputados petistas presentes.

Cristiano Silveira afirma que as mudanças sinalizadas por Haddad são consequência da movimentação dos deputados estaduais que se reuniram com o ministro da Fazenda e com o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, no início do ano para pedir as alterações.

"A prefeita Marília está trabalhando muito e não deve estar sobrando tempo para acompanhar os debates que estão sendo feitos na Assembleia. O que ela elogia foram mudanças provocadas pelo movimento que nós fizemos junto ao governo federal", disse o presidente do PT mineiro, acrescentando que é preciso aguardar que as mudanças propostas pelo governo federal virem lei. "Se a Assembleia topar aderir ao Regime de Recuperação Fiscal em vigência hoje, como muitos querem, isso significa sacrificar servidores e privatizar empresas. Aí não tem jeito", continuou o petista.

O deputado estadual ainda criticou o fato do debate sobre o assunto ser realizado pela imprensa em vez de internamente. "É muito ruim", disse.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.