Curso de democracia para réus do 8/1 foi inspirado em programa para militares

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Os bolsonaristas que fecharem acordos de não persecução penal com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para encerrar as ações penais do 8 de janeiro terão que frequentar um curso sobre a democracia.

Serão quatro aulas presenciais, de três horas cada, com o tema 'Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado'. A Escola Superior do Ministério Público da União ficou responsável pelo conteúdo.

"O objetivo de incluir a cláusula como parte dos acordos é garantir o aspecto pedagógico da medida, além de contribuir para o processo de consolidação do Estado Democrático de Direito", afirma a PGR.

O curso foi inspirado na sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos ao julgar o Brasil pela ação de militares na Guerrilha do Araguaia.

O tribunal internacional impôs, em 2010, a criação de um programa permanente de educação em direitos humanos dentro das Forças Armadas.

Camponeses e militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foram presos e torturados em operações do Exército, entre 1972 e 1975, auge da ditadura militar, para erradicar a Guerrilha do Araguaia.

Dados da Comissão Nacional da Verdade concluíram que 70 pessoas foram mortas ou seguem desaparecidas pela ação da repressão.

Os acordos de não persecução penal só estão disponíveis para quem responde por crimes de médio potencial ofensivo, ou seja, para quem teve participação secundária nos atos de 8 de janeiro. Os vândalos que invadiram e depredaram os prédios na Praça dos Três Poderes não terão esse direito.

A PGR afirma que, até o momento, 301 denunciados manifestaram interesse em assinar o termo. As propostas estão sendo encaminhadas por e-mail.

Veja as condições propostas pela PGR:

Cumprimento de 300 horas de serviços comunitários ou em entidades públicas;

Pagamento de multa calculada com base nos rendimentos de cada réu;

Participação presencial no curso sobre democracia;

Não usar redes sociais abertas até terminar de cumprir as cláusulas.

Foi o ministro Alexandre de Moraes quem autorizou a PGR a negociar os acordos com parte dos réus dos atos golpistas. Ele atendeu a um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, que coordena as investigações do 8 de janeiro, deu aval para as negociações.

Os três primeiros foram condenados pelo STF na semana passada a penas que variam entre 14 e 17 anos de prisão, além da obrigação conjunta, com todos os condenados do caso, ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 30 milhões. Os próximos julgamentos estão previstos na semana que vem, agora no plenário virtual da Corte.

Em outra categoria

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou a disposição do país em agir militarmente em território libanês contra qualquer ameaça, em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 28.

"Quem ainda não entendeu a nova situação no Líbano teve hoje mais um exemplo de nossa determinação", disse o líder israelense. O premiê afirmou que "a equação mudou" e que Israel não tolerará mais ataques, mesmo que esporádicos, contra seus assentamentos. "O que aconteceu antes de 7 de outubro não se repetirá", garantiu.

Israel lançou nesta sexta-feira um ataque à capital do Líbano, Beirute, pela primeira vez desde que o cessar-fogo entre Israel e Hezbollah foi acordado em novembro. Repórteres da Associated Press no local ouviram um estrondo alto e testemunharam fumaça subindo da região que o exército israelense havia prometido atacar.

Netanyahu destacou que o objetivo é assegurar o retorno seguro dos moradores do norte de Israel, que precisaram deixar a região devido aos ataques do grupo libanês Hezbollah. "Continuaremos a impor com força a cessação das hostilidades e garantiremos que todos os nossos cidadãos no norte voltem para suas casas em segurança", concluiu.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ter tido uma conversa "extremamente produtiva" com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. Em seu perfil na rede Truth Social, nesta sexta-feira, 28, o republicano escreveu: "Concordamos em muitas coisas e nos reuniremos logo após as próximas eleições no Canadá."

O encontro entre os líderes deve abordar temas como "política, comércio e outros fatores que serão benéficos tanto para os EUA quanto para o Canadá", acrescentou Trump.

A ligação ocorre em um momento de tensão crescente entre os dois países, às vésperas da entrada em vigor das tarifas recíprocas norte-americanas, em 2 de abril.

Na quinta-feira, 27, Carney declarou que a "antiga relação que tínhamos com os EUA, baseada na integração de nossas economias e na estreita cooperação em segurança e assuntos militares, chegou ao fim".

O Hamas voltou a acusar o governo israelense de cometer um "genocídio à vista do mundo" e pediu à comunidade internacional que pressione pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza, em nota divulgada nesta sexta-feira, 28. O grupo pediu que "a comunidade internacional, as nações árabes e islâmicas, e organizações de direitos humanos ajam com urgência e eficácia para pressionar a ocupação a levantar o cerco e cessar a agressão brutal". O comunicado também responsabiliza o governo dos EUA por apoiar "política e militarmente" as ações de Israel.

"O governo fascista de ocupação Israel continua a cometer seu crime de cercar completamente a Faixa de Gaza pelo 27º dia consecutivo, impedindo a entrada de suprimentos humanitários essenciais", afirmou o grupo.

O Hamas classificou os bombardeios israelenses como "massacres brutais" e denunciou o uso deliberado de "fome e desidratação como armas", além do bloqueio à ajuda humanitária. O grupo ainda citou alertas da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) sobre o "risco iminente de fome catastrófica" e reforçou o apelo para que países árabes, islâmicos e "povos livres de todo o mundo" atuem por todos os meios possíveis" para apoiar a população de Gaza.