Desembargador de Goiás pede extinção da PM por 'abusos e excessos'; Caiado reage

Política
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Em um julgamento do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) realizado nesta quarta-feira, 1º, o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo defendeu a extinção da Polícia Militar goiana por "abusos e excessos" em abordagens. As declarações revoltaram o governador Ronaldo Caiado (União-GO), que chamou o magistrado de "inconsequente" e defendeu um processo de impeachment contra Camargo.

Na sessão do TJGO era julgado um processo referente a uma abordagem realizada por policiais a um veículo, considerada excessiva pelo desembargador. Camargo afirmou que a polícia goiana comete "abusos recorrentes" e que um "gesto qualquer" é motivo para ser parado pelos militares.

Ao falar sobre os depoimentos dos policiais envolvidos no caso, o desembargador disse que as versões dadas por policiais "não valem mais do que a de ninguém" e defendeu a extinção da PMGO. Camargo também disse que os militares seriam "invisíveis" por nunca serem atingidos em troca de tiros, enquanto que "morrem quatro, cinco e seis" nas operações de segurança pública.

"Aqui vai uma reflexão pessoal: para mim, tem que acabar com a Polícia Militar, e instituir uma forma diferente na área de investigação e de repressão do crime. A Polícia Militar é uma reserva técnica do Exército e é para enfrentar o inimigo, é este o seu papel. É por isso que nós vemos abusos e excessos seguidos, recorrentes. A Polícia Militar de Goiás é invisível. Vejam nos jornais a quantidade de confrontos e ninguém leva um tiro, e morrem quatro, cinco e seis. Não é por preparo não, nós sabemos porque é", afirmou o desembargador.

Caiado pede impeachment de desembargador

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, reagiu duramente contra as falas do desembargador. Em um vídeo publicado no Instagram, o chefe do Poder Executivo estadual chamou Camargo de "cidadão desrespeitoso", "agressivo" e "inconsequente", além de sugerir que o magistrado estaria "cooptado" pelo crime.

"Neste momento em que você pede a extinção da nossa Polícia Militar do Estado de Goiás, você está atentando contra o Estado Democrático de Direito, ou você está cooptado por outras forças do crime no nosso Estado de Goiás. Sei que o Tribunal de Justiça não tem nenhuma conivência com a sua fala", disse Caiado.

Caiado também afirmou que pediu para que o procurador-geral do Estado, Rafael Arruda Oliveira, elaborasse um documento para a corregedoria do TJGO em que solicita que o desembargador responda a um processo de impeachment pelo Conselho de Ética do tribunal.

"Sua fala deve ser avaliada pelo Conselho de Ética do tribunal, que deve lhe impor impeachment, pois você não tem qualidades mínimas para responder com o título de desembargador", disse.

Desembargador diz que não teve o objetivo de descredibilizar a corporação

Em nota divulgada após a repercussão do caso, o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo recuou e disse que a Polícia Militar merece "a consideração e a admiração de todos". Acrescentou ainda que a instituição militar "deve continuar com o seu valoroso trabalho". O magistrado ponderou que não teve o objetivo de afetar a credibilidade da corporação e nem "dos seus dignos integrantes".

"Ante a intensidade dos debates travados em sessão de julgamento no dia 1º de novembro, quarta-feira, ao que tudo está a indicar, diante da repercussão que se seguiu, não houvera andado bem ao registrar uma impressão pessoal que não expressa adequadamente minhas ponderações sobre a quase bicentenária instituição", disse. "Como toda organização civil ou militar, necessita de permanente estímulo e aprimoramento para melhor servir aos cidadãos".

Já o TJGO afirmou em nota que as opiniões expressadas pelos seus magistrados durante julgamentos representam entendimento e convencimentos pessoais: "O Poder Judiciário estadual, que é representado pelo Presidente do Tribunal de Justiça, tem em elevado conceito a Polícia Militar do Estado de Goiás que, historicamente, tem prestado relevantes serviços à população goiana e merece o respeito e a consideração".

A Polícia Militar, em nota, considerou os comentários do magistrado "inaceitáveis e desrespeitosos".

"Tais comentários distorcidos e prejudiciais não possuem qualquer respaldo na realidade de nossa instituição, nem no compromisso diário e inquebrantável de nossos valorosos policiais. Repudiamos tais generalizações injustas e negativas. Com orgulho, reconhecemos que, graças aos incansáveis esforços de nossos policiais, Goiás se destaca como uma fortaleza de segurança no Brasil, atraindo cidadãos e impulsionando o vigoroso desenvolvimento econômico e social de nossa região", frisou, em nota.

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O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.

Em nova publicação no X, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que bombardeios russos chegam a 1.355. "Já houve 67 ataques russos contra nossas posições em várias direções, com o maior número na direção de Pokrovsk. Houve um total de 1.355 casos de bombardeios russos, dos quais 713 envolveram armamento pesado", escreveu, citando relatório do comandante-chefe do exército do país, Oleksandr Syrskyi.

Zelensky também disse que a Ucrânia propõe cessar-fogo de 30 dias, com a possibilidade de prorrogação. "A Ucrânia propõe o fim de qualquer ataque com drones e mísseis de longo alcance contra a infraestrutura civil por um período de pelo menos 30 dias, com a possibilidade de prorrogação."

O presidente ucraniano também afirmou que, "se a Rússia não concordar com essa medida, isso será uma prova de que ela pretende continuar fazendo apenas coisas que destroem vidas humanas e prolongam a guerra", acrescentou na publicação.

Desde que o acordo de cessar-fogo durante o feriado de Páscoa foi proposto pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, no último sábado, 19, Zelensky afirma que os bombardeios continuam na Ucrânia, publicando em sua conta no X dados sobre os ataques.