Juíza anula demissão de advogada que denunciou nepotismo e salários de R$ 62 mil na Unesp

Política
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A Justiça de São Paulo anulou a demissão da advogada B. P., desligada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) após denunciar irregularidades na contratação de funcionários comissionados na instituição.

Procurada pelo Estadão, a Unesp informou que a decisão será cumprida. A universidade ainda pode recorrer e afirmou que tomará as medidas cabíveis quando a decisão for publicada.

B. prestou depoimento em agosto ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) no inquérito civil que investiga se houve nepotismo na distribuição de cargos de confiança. Ela narrou pressões a servidores concursados e afirmou que os procuradores jurídicos comissionados chegam a ganhar o dobro do salário recebido por quem foi aprovado em concurso para a mesma função.

A decisão que formalizou a demissão por justa causa, em 1º de setembro, quando a advogada estava em licença médica, é assinada pelo reitor Pasqual Barretti e afirma que ela "caluniou e difamou" os superiores hierárquicos para "prejudicar os interesses" da universidade. "Falta gravíssima", diz o documento.

A juíza Gilsa Elena Rios, da 15ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, que anulou a demissão, concluiu que não houve justificativa plausível para o desligamento da advogada e que ela foi vítima de retaliação.

"Noticiar um fato ao Ministério Público não implica conduta caluniosa ou difamatória até que se apurem os fatos noticiados", diz um trecho da decisão. "A aceitação como 'justa' para a demissão ora debatida (...) é, afigura-me, encarar referidos papéis sociais sob a perspectiva exclusivamente individual e voltada aos próprios interesses, o que não parece ser a melhor interpretação à luz do interesse público."

A decisão confirma uma liminar que a própria juíza havia dado em setembro, quando mandou a Unesp reintegrar a advogada até a análise definitiva do caso e pagar os vencimentos retroativos do período em que ela ficou sem trabalhar.

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) acompanha o caso, diante das suspeitas de que B. foi vítima de assédio moral.

Em outra frente, o promotor de Justiça Silvio Antonio Marques, da Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital, sugeriu a abertura de uma investigação para verificar se houve crime de perseguição contra a mulher, coação no curso do processo ou constrangimento ilegal.

Contratações de comissionados

As contratações dos procuradores jurídicos da Unesp estão sendo questionadas pelo Ministério Público. O órgão move duas ações civis, uma para exonerar todos os comissionados e substituí-los por advogados concursados, e outra por nepotismo contra o reitor. O MP afirma que procuradoria jurídica da universidade foi instrumentalizada para atender a interesses pessoais.

Os procuradores jurídicos contratados sem concurso têm remunerações brutas acima do teto do funcionalismo e maior do que a dos concursados. Elas chegaram a R$ 62 mil em agosto. Os dados estão disponíveis para consulta no Portal da Transparência. O valor excedente do teto, segundo a universidade, fica retido. Uma das advogadas contratadas como comissionada é filha de um assessor do reitor.

COM A PALAVRA, A UNESP

"A Universidade Estadual Paulista 'Júlio de Mesquita Filho' cumprirá a sentença naquilo que couber e adotará as medidas judiciais cabíveis quando a decisão for oficialmente publicada."

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O Governo da Argentina classificou nesta quinta-feira, 13, os protestos realizados por torcidas organizadas e aposentados em Buenos Aires de "tentativa de golpe de Estado" e disse que continuará reprimindo-os. As declarações foram feitas pelo chefe de gabinete de Javier Milei, Guillermo Francos, que também criticou a Justiça argentina por liberar todos os detidos durante as manifestações.

Os protestos aconteceram nesta quarta e acabaram em confrontos entre manifestantes e policiais que resultaram em mais de 110 presos e 40 feridos - um deles, o fotógrafo Pablo Grillo, está em estado grave.

Segundo Francos, os manifestantes "usaram a violência como instrumento" durante o protesto. "O que eles estão tentando alcançar é uma espécie de golpe de estado", disse.

Nesta quinta, 114 detidos foram libertados pela juíza Karina Andrade. Na decisão, reproduzida pelo jornal argentino Clarín, a juíza alega que as prisões "afetam direitos constitucionais fundamentais, como o direito de protesto, de manifestação em democracia e liberdade de expressão", assegurados pela Constituição argentina.

Ela acrescenta que as prisões foram feitas sem informações sobre hora e local e de qual crime havia sido cometido. "Na maioria dos casos, o local da prisão não foi informado, aludindo genericamente 'aos eventos no Congresso Nacional'", afirmou.

Segundo o Clarín, cerca de 4 pessoas seguem presas por porte ilegal de armas de fogo e facas.

Após a libertação, Guillermo Francos afirmou que o judiciário deveria aplicar a lei "com mais severidade" e que as autoridades analisarão imagens de vídeos para identificar os manifestantes que agiram com violência. "Se umas 140 pessoas são presas e então, em poucas horas, uma juíza diz que, como estavam defendendo direitos, não pode haver flagrante delito, caso contrário direitos seriam violados... Bom, se você entende a lei dessa forma, é difícil combater a violência organizada de grupos extremistas na Argentina porque os tribunais os liberam rapidamente", declarou.

O ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, também criticou a decisão da juíza. De acordo com ele, a sentença vai ser revista pelo Conselho Municipal de Justiça de Buenos Aires. "Os barra bravas (membros de torcidas organizadas) são criminosos organizados que foram ao Congresso ontem para destruir tudo ao seu alcance e atacar a polícia. Isso não foi um protesto ou exercício de liberdade de expressão; foram criminosos cometendo crimes em plena vista do público", disse o ministro.

Fotógrafo atingido por bomba de gás lacrimogêneo segue em estado grave

O fotógrafo Pablo Grillo, de 35 anos, ferido por uma bomba de gás lacrimogêneo durante os protestos, segue internado em estado grave. Ele passou por uma cirurgia de urgência nesta quarta-feira, após sofrer uma fratura no crânio e perda de massa cerebral.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que o fotógrafo é atingido pela bomba, lançada pelas forças policiais, e cai. Logo em seguida, alguns manifestantes que estavam por perto correm para socorrê-lo.

Grillo é aluno da Associação de Repórteres Gráficos da República Argentina (aRGra) e membro do partido de esquerda Nuevo Encuentro, liderado pelo ex-deputado nacional Martín Sabbatella.

A aRGra responsabilizou nesta quinta-feira a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, pelo ataque ao fotógrafo e exigiu que o presidente Milei a retirasse do cargo. A ministra também é pressionada por outros setores que apoiam os protestos.

Apesar da pressão, Guillermo Francos defendeu a ministra, enfatizou que ela permanece no governo e disse que o incidente com Grillo é parte das "consequências lamentáveis". "(O protesto) foi pressão de um grupo de ativistas políticos bárbaros usando pedras, porretes, armas de fogo e facas, tudo com a intenção de criar caos, e eles foram reprimidos de acordo pelas forças de segurança. Isso não pode continuar sem controle", afirmou.

"Estas são consequências lamentáveis ??desses incidentes, infelizmente, assim como o número de membros feridos das forças de segurança e policiais. O que eles não conseguirão é perturbar a ordem pública que restauramos na Argentina com grande esforço", acrescentou.

Os detalhes de um acordo final entre a Ucrânia e a Rússia estão sendo discutidos, disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante comentários feitos na Casa Branca, onde recebeu o presidente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, na sigla em inglês), Mark Rutte, nesta quinta-feira, 13.

Trump afirmou que um dos temas na mesa de discussões é o território da Ucrânia, assim como a questão de uma estação de energia.

Outro tema abordado na entrevista concedida ao lado de Rutte foi a Groenlândia. "Acho que anexação da Groenlândia ocorrerá", afirmou o republicano, acrescentando que o secretário geral poderia ser muito "instrumental" sobre a Groenlândia.

O Irã criticou a reunião do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), avaliando que o encontro representou uma interferência injustificada no engajamento construtivo em andamento entre o país e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "(A reunião) serve apenas a um propósito: continuar a política fracassada e ilegal de pressão máxima contra o Irã", disse o embaixador do Irã nas Nações Unidas, Sa'eed Iravani, em uma declaração divulgada nesta quinta-feira, 13.

O Conselho de Segurança realizou, na quarta-feira, uma reunião privada sobre o Irã, solicitada pela. França, Grécia, Panamá, República da Coreia, Reino Unido e EUA. Os países citaram apreensão sobre o aumento da produção de urânio altamente enriquecido pelo Irã.

"As questões levantadas para esta reunião são puramente técnicas e se enquadram exclusivamente no mandato da AIEA. Essas questões foram discutidas na semana passada no conselho de governadores da AIEA em Viena. Não há base legítima para o envolvimento do Conselho de Segurança", avaliou o representante iraniano em documento.

Iravani elogiou a postura de membros do Conselho que aderem a uma abordagem imparcial e baseada em princípios e em fatos, rejeitando qualquer tentativa de explorar este órgão para fins políticos.

"As atividades nucleares do Irã são inteiramente pacíficas", afirmou Iravani, acrescentando que o país não violou o Plano de Ação Conjunto Global (Jcpoa, na sigla em inglês), que impôs restrições ao programa nuclear iraniano.