Bolsonaristas confrontam oficiais antes de desmonte de acampamento em Sorocaba

Política
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Bolsonaristas radicais acampados em frente à Base Regional do Exército, em Sorocaba, no interior de São Paulo, confrontaram o oficial do Exército enviado nesta segunda-feira, 9, para negociar a desmobilização do acampamento. O militar ouviu dos bolsonaristas que o "Exército está contra o povo" e que eles têm o direito de se manifestar. Até o fim da tarde, as barracas continuavam no local.

O desmonte foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes neste domingo, 8, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram os prédios do STF, do Congresso e o Palácio do Planalto, em Brasília. Uma parte dos acampados em frente à unidade de Sorocaba viajou em três ônibus para Brasília e não havia retornado até aquele momento.

Acompanhado por oficiais da Polícia Militar, o major pediu para falar com o representante dos bolsonaristas, mas várias pessoas o cercaram, sem apontar um líder. "A ordem que foi decretada a mim, major do Exército, é de uma forma pacífica, que os senhores desmobilizem. Solicito aos senhores, pacificamente, pois hoje ainda é uma negociação", pontuou.

Os manifestantes retrucaram, dizendo que o direito de manifestação está na Constituição. "É um direito dos senhores, eu não vou falar o que é certo e errado. Estou aqui cumprindo uma ordem que é a retirada para evitar o escalonamento da crise", disse o militar.

Outro manifestante replicou: "A gente está só questionando a ordem que fala de associação criminosa e terrorismo, e vocês estão acompanhando a gente há mais de 60 dias aqui. Qual é o ato criminoso da gente dar café para as pessoas e ajoelhar e rezar?" O major respondeu: "O questionamento meu não é esse, estou cumprindo uma determinação." O bolsonarista insistiu: "E nós temos que obedecer?" Uma manifestante acrescentou: "O Alexandre de Moraes está mandando no País. As Forças Armadas está (sic) contra o povo."

Em seguida, os manifestantes quiseram saber se o limite para a retirada das barracas seria as 6 horas da tarde, mas o major disse que não havia um limite. "A orientação que me foi passada é que vocês comecem a mobilização pacificamente. A partir daí, o Exército não será mais responsável. Virá a decisão judicial e a partir daí é com a polícia." O bolsonarista insistiu: "E se a gente ficar aqui pacificamente tem algum problema?" O major: "Senhores, o que a gente pede é que vocês desmobilizem o acampamento. É ordem judicial."

Um dos oficiais da PM que acompanhavam acrescentou: "O direito de vocês é pleno, vocês podem se manifestar onde quiserem, só não podem ficar aqui na frente do quartel." Por fim, os bolsonaristas disseram que vão retirar as barracas, sem definir quando, mas continuarão se reunindo no local. "Este aqui continuará sendo nosso ponto de encontro para que a gente possa agir de outras formas. Nosso papel é desmobilizar, mas a gente vai continuar se encontrando aqui."

A reportagem acompanhou a conversa entre os militares e os manifestantes sem se identificar. Quando o fez, foi hostilizada por uma bolsonarista e teve de se retirar.

Às 18 horas, eles começaram a desmontar os barracos e carregar os pertences em veículos, observados pela Polícia Militar. Permaneciam, no entanto, agitando bandeiras do Brasil em frente à base do Exército.

Em outras cidades do interior a desmobilização teve início, mas de forma gradual. Em Campinas, apenas uma parte do grupo que ocupa a frente da Escola Preparatória de Cadetes do Exército havia deixado o local até o início da tarde, quando ainda havia cerca de dez barracas na Av. Papa Pio XII.

De manhã, viaturas da PM foram ao acampamento, mas permaneceram estacionadas nas proximidades, sem intervir. A prefeitura disse ter disponibilizado a Guarda Municipal e equipes do município para dar suporte à operação e reforçar a segurança nos prédios públicos. "A operação de desocupação, como definiu o STF, será comandada pela Polícia Militar", disse em nota.

Em São José dos Campos, o acampamento que foi montado por bolsonaristas em frente ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da Força Aérea Brasileira (FAB) também estava sendo desmontado no início da tarde. Viaturas da PM e militares do Exército acompanhavam a movimentação. Uma viatura da Polícia Civil passou no local e fez registros fotográficos. Segundo os acampados, eles próprios decidiram suspender a vigília depois dos acontecimentos em Brasília.

Bloqueio

Na madrugada desta segunda-feira, 9, um grupo de bolsonaristas suspendeu o bloqueio que vinha sendo realizado desde às 20h30 de domingo, na Rodovia Anhanguera, uma das principais do interior, em Limeira. Conforme a concessionária Autoban, as pistas foram fechadas nos dois sentidos no km 148, causando congestionamento. De manhã, o tráfego estava normalizado.

Ônibus apreendido

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu um ônibus com 45 bolsonaristas nesta segunda-feira, 9, na rodovia BR-153 (Transbrasiliana), em Onda Verde, interior de São Paulo. Segundo a corporação, passageiros do veículo tinham marcas de balas de borracha nas pernas e confessaram que participaram da invasão do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF. O ônibus com placas de Botucatu foi levado à delegacia da Polícia Civil. Os passageiros foram ouvidos, qualificados e liberados.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.