Dino assume gabinete no STF até então comandado por mulheres desde o governo FHC

Política
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Há 23 anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem uma composição como a que se formou nesta quinta-feira, 22, com a posse do novo ministro Flávio Dino, com dez homens e uma mulher. A cadeira, que agora pertence ao ex-ministro da Justiça, foi ocupada por duas magistradas desde os anos 2000 e carrega um simbolismo por ser a primeira a ter uma mulher na história da Suprema Corte.

 

Responsável pela indicação de quatro dos 11 atuais ministros do Supremo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado a aumentar a diversidade na Corte, com as duas indicações que lhe couberam neste terceiro mandato, mas não atendeu os pedidos de setores da sociedade.

 

O auge da representatividade feminina no STF começou em 2006, com a posse da ministra Cármen Lúcia e durou 17 anos, até o ano passado, com saída de Rosa Weber. A dupla de ministras foi formada com Ellen Gracie, a pioneira a ocupar uma cadeira no Supremo no ano 2000, indicada por Fernando Henrique Cardoso, e a primeira mulher presidente da Corte, entre 2006 e 2008.

 

Vago em 2011 com a aposentadoria compulsória de Gracie, o assento da primeira mulher do STF foi passado para Rosa Weber, que encerrou seu mandato em setembro de 2023, após 12 anos como ministra. Juntas, as três representam 1,7% dos ministros que o Supremo já teve em 132 anos de história.

 

Com a indicação de Dino, Lula foi o primeiro presidente da história a reduzir a participação feminina na Corte. Em seu primeiro mandato, entretanto, foi ele o responsável por dobrar a representatividade das mulheres, quando indicou Cármen Lúcia na vaga deixada pelo ministro aposentado Nelson Jobim.

 

Lula foi pressionado por setores da sociedade, inclusive pelo PT, a escolher uma mulher para pelo menos uma das duas vagas a que teve direito de indicação desde o ano passado, sobretudo após definir o nome de Cristiano Zanin, seu antigo advogado, para a primeira delas.

 

A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, chegaram a levar uma lista com nomes de juízas negras para o presidente indicar ao STF. Apesar da influência de Janja em decisões do Planalto, o pedido não teve resultado.

 

Um grupo de 25 deputadas federais da base aliada ao governo também se mobilizou e, atendendo a demandas da sociedade civil, enviou uma carta ao presidente expressando apoio a uma ministra negra para a vaga deixada por Rosa Weber. O STF nunca teve uma magistrada negra em sua composição.

 

Na campanha, Lula prometeu aumentar a representatividade de mulheres, negros e indígenas no governo. Inicialmente, o presidente escolheu mulheres para o alto escalão, batendo recorde de inclusão feminina no Executivo. No último ano, no entanto, o governo teve baixas nos ministérios do Esporte e do Turismo e na Caixa, que eram comandados por mulheres, ao ceder ao apetite do Centrão.

 

No Judiciário, a presença feminina é de apenas 16% nos tribunais superiores do País. A próxima oportunidade de a mais alta Corte do País voltar a ter mais representatividade, em questão de gênero, será em abril de 2028, quando o ministro Luiz Fux deve se aposentar compulsoriamente, ao completar 75 anos. Exatamente um ano depois, será a vez de Cármen Lúcia, a única mulher no STF hoje, deixar o seu assento.

 

Ao Estadão, a professora Celecina Sales, da Universidade Federal do Ceará (UFC), disse que, nos últimos 20 anos, a ocupação dos espaços de poder por mulheres se tornou a principal reivindicação feminina. "No início do século XX, a luta era para expandir direitos, para entrar no mercado de trabalho, por educação. Dos anos 2000 para cá, há uma grande luta das mulheres pelos espaços de poder."

 

"Uma mulher ali pode não mudar todo o Supremo, mas faz uma grande diferença no sentido da representação. Existem mulheres com currículo e competência para assumir esse lugar", afirmou.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 22, que conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em publicação na Truth Social, Trump disse que os dois abordaram vários assuntos, incluindo comércio e relações com o Irã.

"A ligação correu muito bem - estamos do mesmo lado em todas as questões", escreveu o presidente dos EUA.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, reafirmaram nesta terça-feira, 22, o compromisso de aprofundar a cooperação bilateral, em meio a críticas conjuntas a práticas unilaterais que, segundo eles, ameaçam a estabilidade global. A conversa ocorreu por telefone.

O diálogo acontece em um contexto de crescente tensão no comércio internacional. Wang Yi destacou os esforços da China para "manter as regras internacionais" frente ao avanço de medidas protecionistas. "Os EUA, usando tarifas como arma, estão atacando indiscriminadamente vários países, violando abertamente as regras da OMC e prejudicando os direitos legítimos das nações", afirmou. "Essa regressão à lei da selva nas relações entre países é um retrocesso histórico, insustentável e cada vez mais rejeitada."

Segundo comunicado do governo chinês, Wang ressaltou que, desde o início do ano, Pequim e Londres vêm ampliando o diálogo estratégico em áreas como economia, energia e segurança. Estão previstas ainda novas conversas sobre inteligência artificial, tecnologia, mudança climática e educação. "A China está disposta a trabalhar com o Reino Unido para superar interferências e focar em cooperação mútua."

Lammy, por sua vez, afirmou que o Reino Unido "apoia firmemente o livre comércio e o sistema multilateral baseado na OMC".

O chanceler britânico também manifestou interesse em "aprofundar o intercâmbio de alto nível" com a China e em buscar soluções conjuntas para desafios globais.

Além das questões comerciais, os dois diplomatas trataram da guerra na Ucrânia. O comunicado não mencionou eventuais convergências, e o tema continua sendo um ponto sensível: o Reino Unido integra o bloco ocidental que apoia Kiev, enquanto a China mantém uma postura de neutralidade, defendendo negociações de paz, segundo o texto.

A Universidade de Harvard entrou com uma ação federal contra o governo de Donald Trump na segunda-feira, 21, argumentando que ele violou os direitos constitucionais da universidade ao congelar bilhões de dólares em financiamento federal e colocar em risco sua independência acadêmica.

O processo estabelece um confronto legal entre a universidade mais proeminente dos EUA e o presidente Trump, que está em uma campanha crescente para reordenar o ensino superior de elite.

"As consequências do exagero do governo serão graves e duradouras", disse o presidente de Harvard, Alan Garber, em uma mensagem comunitária anunciando a ação judicial.

As pesquisas em risco, devido aos cortes de verbas, incluem trabalhos sobre câncer infantil, surtos de doenças infecciosas e alívio da dor de soldados feridos em batalha, afirma Garber.

Harvard argumenta que o governo cortou os fundos "como parte de sua campanha de pressão" para forçar a universidade "a se submeter ao controle de seus programas acadêmicos".

A ação pede que o tribunal suspenda o congelamento do financiamento e declare ilegais tanto o congelamento quanto as exigências feitas à universidade. Fonte: Dow Jones Newswires.