Eduardo Bolsonaro diverge de tom moderado do pai e critica urna eletrônica após ato na Paulista

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou as urnas eletrônicas ao comentar o levantamento feito pela Universidade de São Paulo (USP) sobre a quantidade de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ato realizado na Avenida Paulista neste domingo, 25. A postura do "03" diverge da adotada pelo pai na manifestação, que evitou atacar o processo eleitoral e instituições ou autoridades diretamente no discurso.

 

Após o término do ato, o grupo de pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, estimou que o ato teve a presença de 185 mil apoiadores do ex-presidente. O levantamento da instituição mostrou um número três vezes menor do que a estimativa divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, que disse que 600 mil estavam na Paulista neste domingo.

 

Eduardo criticou a contagem divulgada pela universidade, comparando o resultado com o das urnas eletrônicas. O sistema de votação usado pela Justiça Eleitoral nas eleições brasileiras desde 1996 é alvo de desinformação por bolsonaristas, que colocam em dúvida a confiabilidade das urnas sem apresentar provas.

 

"A USP sabe contar tão bem quantas pessoas tem na rua, quanto a maquininha conta voto", afirmou o deputado no X (antigo Twitter) neste domingo. Ele não esteve na manifestação convocada por Jair Bolsonaro e justificou o atraso de 11 horas do voo dos Estados Unidos para o Brasil.

 

Ao Estadão, o coordenador do grupo da USP responsável pelo levantamento, Pablo Ortellado, afirmou que a afirmação de Eduardo foi uma tentativa de "desqualificar" o trabalho feito pelos acadêmicos. "Nós temos feito estimativas de maneira séria, constante, com metodologia clara a partir de elementos que podem ser revisados. Gostaria de ver a metodologia e a fonte dos dados de quem acha que nosso trabalho não é sério", disse.

 

Não é a primeira vez em que o filho do ex-presidente critica o sistema eleitoral desde a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Na cerimônia de posse do seu terceiro mandato na Câmara no ano passado, Eduardo atacou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e disse que os brasileiros não são "obrigados a confiar" na instituição.

 

"Nós não somos obrigados a confiar cegamente em nenhuma instituição. Se o TSE abrisse uma investigação, como se espera de todo serviço público, que serviço público serve ao povo e não o contrário. Não somos obrigados a confiar cegamente em nenhuma instituição! Democracia não é instituição forte, democracia é indivíduo forte", disse o deputado, que foi eleito pelo sistema.

 

Ex-presidente fez discurso e pediu anistia a golpistas

 

Diferentemente do filho, o ex-presidente fez um discurso com tom moderado aos seus apoiadores na manifestação. Bolsonaro disse que sofre uma perseguição que se recrudesceu depois que deixou a Presidência no fim de 2022, pediu anistia a presos do 8 de Janeiro e minimizou as provas obtidas pela Polícia Federal (PF) na operação que investiga a suposta participação dele em tentativa de um golpe de Estado.

 

"Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? Não", disse Bolsonaro.

 

Na última vez em que Bolsonaro esteve na Paulista, em 7 de setembro de 2021, ele fez um discurso que provocou uma crise institucional, ao chamar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de "canalha" e prometer aos apoiadores que "não mais cumpriria" medidas do magistrado.

 

Na ocasião, Bolsonaro também atacou o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas, declarando que não participaria do que chamou de "uma farsa patrocinada pelo presidente do TSE". O ex-presidente também disse que não ia "aceitar" o resultado das eleições de 2022 "sem voto impresso e contagem pública de votos".

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 22, que conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em publicação na Truth Social, Trump disse que os dois abordaram vários assuntos, incluindo comércio e relações com o Irã.

"A ligação correu muito bem - estamos do mesmo lado em todas as questões", escreveu o presidente dos EUA.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, reafirmaram nesta terça-feira, 22, o compromisso de aprofundar a cooperação bilateral, em meio a críticas conjuntas a práticas unilaterais que, segundo eles, ameaçam a estabilidade global. A conversa ocorreu por telefone.

O diálogo acontece em um contexto de crescente tensão no comércio internacional. Wang Yi destacou os esforços da China para "manter as regras internacionais" frente ao avanço de medidas protecionistas. "Os EUA, usando tarifas como arma, estão atacando indiscriminadamente vários países, violando abertamente as regras da OMC e prejudicando os direitos legítimos das nações", afirmou. "Essa regressão à lei da selva nas relações entre países é um retrocesso histórico, insustentável e cada vez mais rejeitada."

Segundo comunicado do governo chinês, Wang ressaltou que, desde o início do ano, Pequim e Londres vêm ampliando o diálogo estratégico em áreas como economia, energia e segurança. Estão previstas ainda novas conversas sobre inteligência artificial, tecnologia, mudança climática e educação. "A China está disposta a trabalhar com o Reino Unido para superar interferências e focar em cooperação mútua."

Lammy, por sua vez, afirmou que o Reino Unido "apoia firmemente o livre comércio e o sistema multilateral baseado na OMC".

O chanceler britânico também manifestou interesse em "aprofundar o intercâmbio de alto nível" com a China e em buscar soluções conjuntas para desafios globais.

Além das questões comerciais, os dois diplomatas trataram da guerra na Ucrânia. O comunicado não mencionou eventuais convergências, e o tema continua sendo um ponto sensível: o Reino Unido integra o bloco ocidental que apoia Kiev, enquanto a China mantém uma postura de neutralidade, defendendo negociações de paz, segundo o texto.

A Universidade de Harvard entrou com uma ação federal contra o governo de Donald Trump na segunda-feira, 21, argumentando que ele violou os direitos constitucionais da universidade ao congelar bilhões de dólares em financiamento federal e colocar em risco sua independência acadêmica.

O processo estabelece um confronto legal entre a universidade mais proeminente dos EUA e o presidente Trump, que está em uma campanha crescente para reordenar o ensino superior de elite.

"As consequências do exagero do governo serão graves e duradouras", disse o presidente de Harvard, Alan Garber, em uma mensagem comunitária anunciando a ação judicial.

As pesquisas em risco, devido aos cortes de verbas, incluem trabalhos sobre câncer infantil, surtos de doenças infecciosas e alívio da dor de soldados feridos em batalha, afirma Garber.

Harvard argumenta que o governo cortou os fundos "como parte de sua campanha de pressão" para forçar a universidade "a se submeter ao controle de seus programas acadêmicos".

A ação pede que o tribunal suspenda o congelamento do financiamento e declare ilegais tanto o congelamento quanto as exigências feitas à universidade. Fonte: Dow Jones Newswires.