Tarcísio resiste à mudança para o PL, que deve ocorrer depois das eleições

Política
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vem resistindo à pressão para deixar o Republicanos e se filiar ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Tarcísio tem avaliado que o momento não é o ideal para a mudança partidária, o que poderá ocorrer somente após as eleições municipais deste ano. Na avaliação de pessoas próximas ao governador paulista, uma mudança precipitada pode causar impacto na sua base de apoio no Estado e até a coalizão que se formou em torno do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

 

Apesar da "pressão" pela mudança, como relatou o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), Tarcísio afirmou em mais de uma ocasião que, "por ora", não tem planos de aceitar o convite. O que está em jogo com a possível mudança, além da proximidade entre o governador e seu padrinho político, é uma insatisfação de Tarcísio com a direção da sua sigla.

 

Além disso, com Bolsonaro inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tarcísio sendo um dos principais cotados para herdar seu espólio em 2026, a migração proporcionaria ao governador acesso a uma maior fatia do fundo eleitoral para concorrer à reeleição no Executivo estadual ou à Presidência da República em 2026.

 

"Estou no Republicanos, estou bem, planejando o futuro, sem nenhum movimento de mudança", afirmou Tarcísio anteontem em Brasília, após reunião com a bancada do partido na Câmara.

 

O governador já havia declarado não ter intenção de sair do Republicanos em duas ocasiões na semana passada. No dia 8, Tarcísio disse que não pretendia deixar o atual partido "por ora", ao menos até as eleições municipais deste ano.

 

"Não tenho previsão de sair, por ora. Estou satisfeito no Republicanos e nós temos um time", afirmou em entrevista a jornalistas na Sala São Paulo. "Esse time tem o Republicanos, tem o PL, PSD, PP e MDB. Tem também o Podemos. São os partidos que estão conosco e com eles a gente espera ter um grande resultado no final do ano", reforçou o governador.

 

No dia 25 de fevereiro, durante o ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, Tarcísio exaltou o ex-presidente durante seu discurso, procurando reforçar a associação com o bolsonarismo que impulsionou sua candidatura ao governo estadual. O governador também abriu o Palácio dos Bandeirantes para Bolsonaro e aliados.

 

Os motivos da possível migração de legenda contemplam fatores para além da relação de Tarcísio com o ex-presidente. O governador está insatisfeito com a proximidade de Marcos Pereira, presidente do Republicanos, com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado quer o apoio do Palácio do Planalto para se eleger à presidência da Câmara. A Casa escolherá o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) em menos de um ano.

 

Santos

 

Tarcísio também está incomodado com um rearranjo político na cidade de Santos. O prefeito Rogério Santos (Republicanos), aliado do governador, deve abrir mão da reeleição em favor do deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), ligado ao ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, Márcio França, e ao vice-presidente Geraldo Alckmin, ambos do PSB.

 

Entre 2015 e 2018, Alckmin governou o Estado com França como vice. Para Tarcísio, segundo auxiliares, o arranjo favorece o PSB numa disputa ao governo estadual em 2026.

 

A mudança para o PL favoreceria Tarcísio no acesso aos recursos públicos destinados para o financiamento das campanhas eleitorais. Aprovado pelo Congresso em dezembro do ano passado, o montante previsto para as disputas deste ano é de R$ 4,9 bilhões. A sigla do ex-presidente, que elegeu 99 deputados em 2022, é a que tem maior fatia deste montante.

 

De acordo com uma projeção feita por cientistas políticos da Fundação 1.º de Maio, o PL receberá R$ 863 milhões para financiar as campanhas eleitorais em 2024, enquanto o Republicanos, R$ 331 milhões - menos da metade -, proporção que tende a se repetir nas eleições gerais em 2026.

 

Na Câmara, a bancada do PL tem 96 deputados, a maior da Casa. Já o Republicanos tem 25 membros. No Senado, o partido do ex-presidente tem 12 cadeiras. A legenda atual de Tarcísio possui quatro senadores.

 

Centrão

 

O PL está na oposição ao governo Lula e não ocupa nenhum ministério. O Republicanos, por sua vez, tem Silvio Costa Filho no comando do Ministério dos Portos e Aeroportos, como parte de uma tentativa de Lula, em 2023, se aproximar do Centrão e garantir governabilidade no Congresso. Apesar do gesto do petista, o Republicanos declarou na ocasião que se manteria independente até o fim do governo.

 

Na última eleição, o Republicanos elegeu dois governadores - além de Tarcísio em São Paulo, Wanderlei Barbosa no Tocantins -, tornando-se o partido que governa o maior número de eleitores nos Estados - 35,2 milhões, somando as duas unidades da Federação. O PL também tem dois governadores, Cláudio Castro, no Rio, e Jorginho Melo, em Santa Catarina, com quase 18,5 milhões de eleitores somados.

 

A sigla do ex-presidente tem um número maior de filiados, 807.247, enquanto o Republicanos tem 503.891 filiações. A diferença vem de antes da chegada de Bolsonaro ao PL, em 2022. Naquele ano, a sigla presidida por Valdemar Costa Neto acumulava 771.520 membros, ante pouco mais de 478 mil do Republicanos.

 

Os dois partidos têm como fundamento de seus programas valores cristãos e a família como alicerce da sociedade. O Republicanos tem relação com a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo. O PL ocupa a maior quantidade de cadeiras na Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, com 84 parlamentares. O Republicanos tem 34.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Vaticano disse ter tido uma "troca de opiniões" a respeito de "países afetados por guerra, tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com atenção particular a migrantes, refugiados e prisioneiros" com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance em agenda neste sábado, 19.

Em comunicado, a Santa Sé disse que o norte-americano foi recebido na Secretaria de Estado pelo Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, acompanhado pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário de Relações com Estados e Organizações Internacionais. Não foi relatado nenhum encontro entre Vance e o Papa Francisco.

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De acordo com a Associated Press, a declaração foi vista como uma referência à afirmação de Vance de que a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA estava reassentando "imigrantes ilegais" para receber financiamento federal. A fala causou reação de altos cardeais dos EUA.

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Ele ressaltou que "a proposta correspondente de um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias ficou sem resposta por parte da Rússia durante 39 dias. Os Estados Unidos fizeram esta proposta, a Ucrânia respondeu positivamente, mas a Rússia ignorou-a".

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As mensagens ocorrem às vésperas de o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, visitar o país asiático onde se encontrará com Modi e passará pelas cidades de Nova Délhi, Jaipur e Agra. No momento, o vice-presidente está na Itália. De acordo com o governo norte-americano, ele discutirá "prioridades econômicas e geopolíticas compartilhadas" com os dois países.