PT convoca apoiadores para ato contra Bolsonaro, mas governo Lula não embarca em manifestação

Política
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O Partido dos Trabalhadores (PT) convocou apoiadores da sigla para participar dos atos de rua que vão pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e relembrar os 60 anos da ditadura militar neste sábado, 23. As manifestações não terão a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos seus ministros, receosos de que a presença em uma manifestação com esse teor piore a relação do Palácio do Planalto com as Forças Armadas.

As manifestações devem ocorrer em 19 cidades, sendo 16 capitais brasileiras e duas cidades da Europa - Lisboa, em Portugal, e Barcelona, na Espanha. Conforme mostrou o Estadão no mês passado, o principal ponto de encontro dos manifestantes será Salvador (BA), onde a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), estará acompanhada do governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

De acordo com lideranças de partidos da base governista ouvidas pelo Estadão, a ausência do presidente e dos ministros nas manifestações leva em consideração a postura adotada por Lula de não se posicionar sobre os 60 anos da ditadura militar, que começou em 1964 e teve fim em 1985. O período foi marcado por desaparecimento de adversários políticos e terminou com os militares anistiados.

No mês passado, Lula afirmou que não quer ficar "remoendo o passado" e que está mais preocupado com o 8 de Janeiro do que com o golpe de 1964. Em uma reunião com auxiliares no início deste mês, o petista também proibiu que os chefes das pastas se posicionem publicamente sobre o golpe. Segundo Lula, a decisão busca evitar que a data convulsione o ambiente político do País.

O Planalto também receia que a presença da cúpula do governo sinalize uma resposta ao ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro. O ex-presidente reuniu centenas de milhares de apoiadores e minimizou as provas obtidas pela PF no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, além de pedir anistia aos presos pelo ataque aos prédios dos Três Podere.

O governo federal enfrenta uma queda dos índices de aprovação, atestada pelos principais institutos de pesquisa do País. Segundo lideranças partidárias, o atual cenário pode fazer com que uma convocação do presidente para as manifestações não cause tanto efeito na mobilização, o que o enfraqueceria nas discussões sobre a sua popularidade ante a de Bolsonaro.

Em nota oficial, publicada no site do PT e enviada para diretórios estaduais e municipais da sigla, o partido convidou filiados e apoiadores para ir às ruas para defender as pautas da "defesa da democracia" e a exigência da "punição daqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito", sem citar o nome de Bolsonaro.

Na convocação oficial, o líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), afirmou que os atos deste sábado vão unir "movimentos sociais e trabalhadores do campo e da cidade" para pedir a prisão dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. "Vamos reagir e exigir a punição daqueles e daquelas que atentaram contra o Estado Democrático de Direito", disse o parlamentar.

As manifestações são organizadas pelos movimentos de esquerda Frente Povo Sem Medo (FPSM) e Frente Brasil Popular, que reúnem entidades de esquerda e são ligados ao PT e outros partidos da base de Lula como o PSOL e o PCdoB.

Ao Estadão, lideranças de movimentos sociais que vão participar dos atos criticaram a decisão do governo de não participar do evento. Segundo os representantes das entidades, a ausência de Lula pode prejudicar a mobilização dos apoiadores.

"É inegável que a presença de Lula em qualquer ato aumenta a capacidade de mobilização, mas, na nossa avaliação, a convocatória dos atos de amanhã (sábado) já mostrou força", disse Rud Rafael, coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

VEJA OS LOCAIS DOS ATOS DA ESQUERDA CONTRA BOLSONARO

- Barcelona (Espanha) - Calle Rocafort, 242 - 14h (horário local)

- Belém (PA) - Escadinha do Cais - 9h

- Belo Horizone (MG) - Praça Afonso Arinos - 9h

- Boa Vista (RR) - Praça Germano Sampaio - 17h

- Brasília (DF) - Praça Zumbi dos Palmares - 16h

- Campo Grande (MS) - Praça do Rádio - 9h

- Curitiba (PR) - Praça Santos Andrade até a Praça Boca Maldita - 9h

- Fortaleza (CE) - Praça do Ferreira - 8h30

- João Pessoa (PB) - Praça da Lagoa - 15h

- Lisboa (Portugal) - Praça Luís de Camões - 10h30 (horário local)

- Maceió (AL) - Calçadão do Comércio - 9h

- Osasco - Osasco Plaza Shopping - 13h

- São Paulo - Largo do São Francisco - 15h

- Porto Alegre (RS) - Largo Glênio Peres - 15h

- Porto Velho (RO) - Praça Marechal Rondon - 17h30

- Salvador (BA) - Largo do Pelourinho - 15h

- Recife (PE) - Praça do Derby - 10h

- São Luís (MA) - Solar Maria Firmina - 9h30

- Vitória (ES) - Praça Vermelha - 9h

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Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 21, que o Brasil é o País da paz e que por isso continuará tentando ajudar no diálogo pelo fim das guerras, como a que ocorre na faixa de Gaza. Alckmin foi questionado em entrevista à CNN Brasil sobre o resultado de esforços de lideranças como o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, para pacificar regiões.

"O Brasil é o país da paz, e exatamente por não ter litígio com ninguém, ele pode ajudar, ajudar nesse diálogo. É mais demorado infelizmente, mas o Brasil é sempre um protagonista importante, e o presidente Lula é um protagonista importante da paz e do diálogo, vamos continuar nesse trabalho", disse o vice-presidente.

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O ministro também foi perguntado sobre a agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que encontrou o líder da igreja católica em audiência reservada no ano passado, no contexto de conversas sobre a agenda de tributação de super-ricos - que atualmente é a proposta de compensação fiscal para o governo ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Sobre o tema, Alckmin disse ser importante que o País tenha boas políticas públicas para ajudar a vida dos que mais necessitam. "E levar essa verdadeira mensagem de fraternidade, de diálogo, não de prepotência, de força, mas do diálogo e da compaixão", afirmou.

"Amar ao próximo não é discurso. Amar ao próximo são atitudes, são propostas, são ações, que a fé sem obras é morta", disse o vice-presidente.

A China irá impor sanções a algumas autoridades dos Estados Unidos e chefes de organizações não governamentais (ONGs) por comportamentos flagrantes relacionados a Hong Kong, informou o Ministério das Relações Exteriores. As sanções são uma resposta às penalidades impostas pelos Estados Unidos em março contra seis autoridades chinesas e de Hong Kong, afirmou o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 21.

Pequim irá impor sanções a vários membros do Congresso americano, autoridades governamentais e chefes de ONGs por terem "se comportado mal em questões relacionadas a Hong Kong", disse Jiakun, sem revelar os nomes.

O porta-voz alertou que os Estados Unidos não têm permissão para interferir nos assuntos de Hong Kong. Pequim considera Hong Kong uma parte inalienável da China. "Quaisquer ações equivocadas tomadas pelos EUA em questões relacionadas a Hong Kong serão respondidas com firmes contra-ataques e medidas recíprocas da China", disse Guo.

A medida ocorre semanas após o Departamento de Estado dos EUA impor sanções a autoridades chinesas e de Hong Kong, citando a repressão política contínua em Hong Kong - e os esforços para estender essa repressão a cidadãos dos EUA - e as restrições ao acesso ao Tibete.

As seis autoridades citadas pelos EUA incluem Raymond Siu, comissário de polícia de Hong Kong, e Paul Lam, secretário de Justiça da cidade. Fonte: Dow Jones Newswires