Sidebar

06
Ter, Mai
197 Noticias Novas

Tribunal de SP suspende promoção só para mulheres até julgamento de ação sobre o assunto

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Depois de um empate em 11 a 11, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu, nesta quarta-feira, 3, suspender a promoção de uma juíza com base no critério de merecimento exclusivo para mulheres até julgamento de agravo interno de uma ação em que se pede a anulação do concurso. O presidente da Corte paulista, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, afirmou durante a votação que há risco de "paralisação de toda promoção de segundo grau" diante do impasse. Ele disse também que o debate continuará para buscar uma solução e evitar problemas internos no Tribunal de Justiça.

 

O temor dos desembargadores é a de que a ação, posteriormente, seja julgada procedente e ocorra suspensão do processo exclusivo para juízas. Se isso ocorrer, um juiz terá sido prejudicado pelo critério de merecimento. Em São Paulo, a promoção ocorria, até então, pelos critérios de merecimento (para homens e mulheres) e antiguidade.

 

"Ao meu ver causa questão de prejudicialidade e já tem agravo regimental interposto que está com desembargador (Gomes) Varjão para ser despachado. Então eu sugeriria que isso ficasse para ser julgado conjuntamente, porque ou se vai entender que a matéria para ser discutida no CNJ ou efeito concreto se concretizará e o mandado de segurança estará prejudicado assim que entrar em pauta. Independente do mérito. A liminar, eu teria concedido até para esse efeito, que se aguardasse para não criar situação dúbia. Veja, se eventualmente alguma dessas indicadas estiver atrás de algum homem, algum juiz que estiver na frente, a vaga já está tomada", disse o desembargador José Damião Pinheiro Machado Cogan.

 

Ainda de acordo com Cogan, mulheres estão em 42% dos cargos da magistratura paulista de primeiro grau. "O que aconteceu foi que com a extensão da idade para 75 anos, alongou um pouco o prazo para vir para segunda (instância) as mulheres que já estavam na carreira e concorriam em igualdade com os homens. Agora, se a indicação acontecer e for julgada hoje, ela vai criar problema praticamente irreversível e pode ser injusta", completou o magistrado Cogan.

 

Torres Garcia, que preside o tribunal, afirmou que a questão não deveria ser julgada no Tribunal de Justiça de São Paulo. "Nessa questão estou absolutamente tranquilo. Subscrevi a nota técnica contrária a esse sistema de vaga exclusiva. Subscrevi quando (era) corregedor-geral da Justiça, acompanhando o (ex-) presidente Ricardo Mair Anafe. Depois, começa este biênio e vem a resolução 525 do Conselho Nacional de Justiça. Eu, como presidente da Corte agora, a mim não restava outra alternativa a não ser cumprir a resolução. Com todas as venias, a matéria é constitucional e deveria estar sendo discutida em outro tribunal e não aqui", disse Torres Garcia.

 

O agravo apresentado nesta semana no TJ-SP é recurso de uma ação protocolada por juízes contrários à resolução do CNJ que determina o concurso de promoção exclusiva para mulheres nos tribunais brasileiros. Liminarmente, o desembargador Gastão Toledo de Campos Mello Filho negou suspender o concurso para promoção de mulheres à segunda instância da Corte. "Indefiro a liminar postulada, visto que não se vislumbra, em princípio, a prática de ilegalidade ou abuso de poder na edição do ato guerreado. Com efeito, ao que parece, pelo menos em análise perfunctória, o ato impugnado apenas conferiu efetividade ao que restou assentado na Resolução acima mencionada", escreveu o desembargador.

 

Caso não será resolvido rápido, alerta Torres Garcia

 

Durante votação no Órgão Especial sobre suspensão da promoção para segundo grau exclusiva para juízas, o desembargador Torres Garcia, que votou pela continuidade do certame, alertou aos demais magistrados que o mandado de segurança apresentado por juízes contrários à resolução do CNJ pode demorar para chegar a uma decisão final.

 

"Já temos aberto concurso para seis vagas. Destas seis, uma é reservada para mulher por meio da resolução 525. Só que, se demora o julgamento do mandado de segurança, os demais serão promovidos e vão passar na frente dessa colega, que hoje está com vaga reservada. Pode ser até que ela venha a ser promovida na promoção seguida. Mas imaginemos que não. Como eu vou tocar os demais cargos vagos antes do julgamento do mandado de segurança? E os que passarem na frente dela? É um problema grande. Há risco de paralisação de todas as promoções de segundo grau, há sim. Vou levar o caso para o Conselho Superior", disse o presidente do TJ.

 

Ainda segundo Torres Garcia, o mandado de segurança com "inúmeras" litisconsórcios necessários que deverão se manifestar. O Código de Processo Civil, entre os artigos 113 e 118, define o litisconsórcio, que é a possibilidade de mais uma parte nos polos ativo ou passivo.

Em outra categoria

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press