Clarice Herzog, viúva de jornalista morto pela ditadura militar, recebe anistia

Política
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Clarice Herzog passou 13 anos sendo perseguida pelo Estado brasileiro. Viúva do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto pela ditadura militar em 1975, ela foi reconhecida como anistiada política pela Comissão da Anistia nesta quarta-feira, 3. Na Câmara dos Deputados, o colegiado pediu desculpas e, em votação unânime, também aprovou o pagamento de indenização à família Herzog.

 

O julgamento do pedido de anistia fez parte da ação realizada para lembrar os 60 anos do golpe militar de 1964 durante seminário organizado pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. Ao reconhecer a perseguição que Clarice sofreu por contestar a morte de Vladimir, a presidente da comissão, advogada Enéa de Stutz e Almeida, disse que "nenhum Estado tem direito de abusar de seu poder e investir contra seus próprios cidadão".

 

Contrariando a versão oficial que dizia que o marido havia se enforcado em uma das salas do DOI-CODI, órgão repressivo e responsável por torturar presos políticos, Clarice iniciou um movimento para apurar o assassinato de Vladimir.

Segundo os representantes da viúva, o jornalista passou a ser "hostilizado por integrar o Partido Comunista (PCB)" e, por isso, com o objetivo de esclarecer a ligação com o partido contrário ao regime ditatorial, se apresentou à sede do destacamento, onde foi morto.

 

A partir daquele momento, a frase "Mataram Vlado", símbolo da resistência de Clarice, passou a circular "como uma senha contra a farsa montada pelos militares", disse a relatora do caso. Ela ressalta que a publicitária, mesmo recebendo ameaças anônimas por telefone e vivendo sob vigilância policial, não recuou.

 

Três anos após o assassinato, a Justiça acolheu o recurso de Clarice e condenou o Estado brasileiro pela morte de Vladimir, impondo o pagamento de indenização. Já em 2013, o atestado de óbito foi retificado e a morte do jornalista passou a ser considerada resultado da violência estatal.

 

Os anos de luta de Clarice contra a mentira do regime militar foram destacados pela presidente da comissão como "uma luz que ilumina os erros que o país tem cometido diante da sua própria história. Ao ser tão determinada, ela ajudou o Brasil, um país que se acostumou ao esquecimento e à impunidade".

 

Em relação à indenização que corresponde ao período de 1975 a 1988, e poderia chegar a R$550 mil não fosse o teto de R$100 mil, o filho de Clarice, Ivo Herzog, disse que a mãe "nunca quis nenhuma reparação financeira (...) não queria que se pagasse pela morte de meu pai". Autor do requerimento de reparação, no entanto, Ivo diz que iniciou o processo porque, agora, a mãe de 82 anos e com Alzheimer precisa.

 

Ele completou agradecendo a comissão e dizendo que Clarice é uma heroína. "Tenho muito orgulho de ser filho dela. E acho que todos devemos nos sentir muito privilegiados em termos tido Clarice e tantas outras heroínas ao nosso redor, lutando pela democracia neste país", declarou Ivo.

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A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou nesta segunda-feira, 21, que o governo americano tenha iniciado o processo de busca por um novo secretário de Defesa, conforme noticiou a NPR. "Essa história da NPR é uma notícia falsa completa, baseada em uma fonte anônima que claramente não tem a mínima ideia do que está falando. Como o presidente disse esta manhã, ele apoia firmemente o secretário da Defesa", escreveu Leavitt, em publicação na rede social X.

Segundo fontes ouvidas pela NPR, a Casa Branca teria a intenção de substituir o atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, diante das controvérsias pelo compartilhamento de detalhes sigilosos de operações militares por meio de bate-papos no aplicativo Signal.

De acordo com a Reuters, o presidente americano Donald Trump disse a jornalistas hoje que "Pete está fazendo um ótimo trabalho" e que "todos estão felizes com ele". Quando questionado se continuaria confiando em Hegseth, Trump disse: "Ah, totalmente".

Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 21, que o Brasil é o País da paz e que por isso continuará tentando ajudar no diálogo pelo fim das guerras, como a que ocorre na faixa de Gaza. Alckmin foi questionado em entrevista à CNN Brasil sobre o resultado de esforços de lideranças como o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, para pacificar regiões.

"O Brasil é o país da paz, e exatamente por não ter litígio com ninguém, ele pode ajudar, ajudar nesse diálogo. É mais demorado infelizmente, mas o Brasil é sempre um protagonista importante, e o presidente Lula é um protagonista importante da paz e do diálogo, vamos continuar nesse trabalho", disse o vice-presidente.

Alckmin contou também que ainda conversará com Lula sobre a presença do Brasil no enterro do pontífice, e lembrou que o presidente já decretou luto oficial de sete dias pela morte do papa. "Para nós católicos, nosso líder, o Papa, sua santidade. Para toda a humanidade, a figura maravilhosa da paz, da concórdia, do diálogo entre as religiões, da inclusão, do respeito, é uma vida de exemplos que fica para todos nós. E o Brasil tinha um enorme carinho com o Papa", disse Alckmin sobre o papa Francisco.

O ministro também foi perguntado sobre a agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que encontrou o líder da igreja católica em audiência reservada no ano passado, no contexto de conversas sobre a agenda de tributação de super-ricos - que atualmente é a proposta de compensação fiscal para o governo ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Sobre o tema, Alckmin disse ser importante que o País tenha boas políticas públicas para ajudar a vida dos que mais necessitam. "E levar essa verdadeira mensagem de fraternidade, de diálogo, não de prepotência, de força, mas do diálogo e da compaixão", afirmou.

"Amar ao próximo não é discurso. Amar ao próximo são atitudes, são propostas, são ações, que a fé sem obras é morta", disse o vice-presidente.