Ato com Bolsonaro busca intimidar STF e reforçar união da direita nas urnas, dizem analista

Política
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Com as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado avançando cada vez mais, o ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro, neste domingo, 21, teve o intuito de unificar sua base eleitoral e intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF) para empurrar a possibilidade do seu julgamento.

 

"A manifestação visa a criar um clima de tensão para não ter uma decisão sobre a prisão do ex-presidente em setembro. Está é a data que está sendo ventilada por fontes em Brasília", diz o sociólogo, cientista político e presidente do Instituto Cultiva, Rudá Ricci.

 

Em ano de eleições municipais, Rudá destaca que o ato também objetivou mostrar a força da base bolsonarista para disputar essa corrida eleitoral. "O bolsonarismo disputa o terreno com o Centrão, que é o que mais tem deputados federais e que são ligados aos prefeitos", afirma o sociólogo.

 

Já o cientista político e professor da PUC Minas, Malco Camargos, observa que o ato demostrou força popular, mas que a força institucional ainda permanece sobrerana. "Bolsonaro carrega força popular desde quando era presidente, mas a força eleitoral e institucional se sobrepõe. Assim, o jogo fica mais crítico para o ex-presidente e ele busca desesperadamente se juntar àqueles que ainda acreditam que ele é perseguido pela Justiça", afirmou Camargos.

 

A perseguição política, na visão do cientísta político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, é uma narrativa criada por Bolsonaro e seus apoiadores, que não tem respaldo nos dados da realidade, ela consegue colocá-lo em uma situação vitmizada. "Esse aspecto aconteceu no ato em São Paulo e aconteceu novamente nesta ato", afirma.

 

Elon Musk

 

O que diferenciou o ato de Copacabana (RJ) da manifestação na capital paulista foi a defesa da base bolsonarista ao empresário Elon Musk, dono do X, da Tesla, da SpaceX e da rede de satélites Starlink, que vem travando um embate com o ministro do STF Alexande de Moraes.

 

"Ambos Bolsonaro e Musk se colocam como os arautos da liberdade de expressão, mas no fundo as figuras do bolsonarismo não apenas usaram da liberdade de expressão como construíram discursos de ódio, cometeram crime e fizeram ataques sistemáticos as instituições", diz Prando.

 

No ato de hoje, o ex-presidente disse que o controlador do X (antigo Twitter) mostrou "com provas" aonde a "democracia brasileira estava indo". O empresário se envolveu numa celeuma ao criticar a suspensão, pela Justiça brasileira, de contas na rede social X que propagavam fake news.

 

Já o cientista político, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, Maurício Santoro foi conciso: "O empresário se tornou um personagem das disputas partidárias brasileiras", afirmou.

 

Santoro avalia ainda que as forças pró-Bolsonaro enfrentam muitas restrições no terreno das mídias digitais, sobretudo por conta do inquérito do STF sobre fake news. "É um cenário mais complicado para elas do que em 2018, quando praticamente não havia obstáculos legais às suas ações nas redes sociais."

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 21, que há uma "boa chance" de que a Rússia e a Ucrânia cheguem a um acordo nesta semana para acabar com a guerra. O conflito já dura três anos.

"Há uma boa chance", declarou Trump quando perguntado se ele achava que Moscou e Kiev poderiam selar um acordo até sexta-feira, acrescentando que teve boas reunião com os dois lados.

Durante o evento anual Easter Egg Roll realizado na Casa Branca, o republicano também disse que teve "reuniões muito boas sobre o Irã" e expressou confiança de que uma solução comercial seria alcançada com a União Europeia. "No final das contas, teremos um acordo com qualquer um", afirmou ele.

A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou nesta segunda-feira, 21, que o governo americano tenha iniciado o processo de busca por um novo secretário de Defesa, conforme noticiou a NPR. "Essa história da NPR é uma notícia falsa completa, baseada em uma fonte anônima que claramente não tem a mínima ideia do que está falando. Como o presidente disse esta manhã, ele apoia firmemente o secretário da Defesa", escreveu Leavitt, em publicação na rede social X.

Segundo fontes ouvidas pela NPR, a Casa Branca teria a intenção de substituir o atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, diante das controvérsias pelo compartilhamento de detalhes sigilosos de operações militares por meio de bate-papos no aplicativo Signal.

De acordo com a Reuters, o presidente americano Donald Trump disse a jornalistas hoje que "Pete está fazendo um ótimo trabalho" e que "todos estão felizes com ele". Quando questionado se continuaria confiando em Hegseth, Trump disse: "Ah, totalmente".

Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.