Sistema da Polícia Civil foi usado para pesquisar pai de Marielle um mês antes do crime

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Ao analisar o material apreendido na Operação Murder Inc, que prendeu o deputado Chiquinho Brazão, e o irmão dele, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, a Polícia Federal (PF) encontrou pistas que ajudam a reconstituir novos detalhes da dinâmica do assassinato da vereadora Marielle Franco e das tentativas de encobrir o crime.

Para a PF, está claro que a estrutura da Polícia Civil do Rio foi usada para planejar o atentado. O ex-chefe da corporação, o delegado Rivaldo Barbosa, foi denunciado como um dos envolvidos no plano de assassinato. Ele nega participação no homicídio.

Segundo a Polícia Federal, o delegado tinha o costume de usar servidores, sistemas e a estrutura da Polícia Civil para "fins particulares", inclusive para supostamente vender informações em troca de propina.

As suspeitas estão reunidas no relatório produzido a partir da perícia nos documentos, celulares, pendrives, HDs e computadores apreendidos em março.

O documento também destaca a proximidade dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão com "policiais com histórico desabonador". A PF afirma que a relação da família com a Polícia Civil era "simbiótica". "Inclusive com a promíscua indicação de familiares de chefes de polícia para cargos em comissão e afins."

Nesse contexto, os investigadores não se surpreenderam quando descobriram que um inspetor da Polícia Civil pesquisou o nome do pai de Marielle nos sistemas da corporação, em 21 fevereiro de 2018, ou seja, a menos de um mês do crime.

O agente chegou a ser intimado e prestou depoimento. Ele alegou que não lembra o "motivo da consulta e tampouco o nome consultado". A investigação sobre sua participação do crime não avançou, o que acendeu suspeitas na PF.

O relatório também joga luz sobre o pós-crime. A Polícia Federal acredita que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão podem ter usado emissários para buscar acesso a dados sigilosos da investigação.

Uma advogada do Anil, área dominada pela milícia, procurou as defesas dos executores Élcio Queiroz e Ronnie Lessa, ambos delatores, e pediu acesso aos autos do processo sigiloso para "ler, aprender e ver na prática como as coisas acontecem". A PF classificou a abordagem como "repentina" e "estranha". Em depoimento, ela admitiu conhecer milicianos ligados ao clã Brazão, mas manteve a justificativa de que o interesse no caso era "acadêmico".

A Polícia Federal descobriu também que auxiliares dos irmãos Brazão tentaram levantar informações da delação de Élcio Queiroz e fizeram pesquisas sobre a advogada dele. Um arquivo encontrado pelos investigadores mostra que o grupo teve acesso a trechos da colaboração.

Outra suspeita de obstruir a investigação envolve a própria operação que prendeu os irmãos Brazão, no final de março. Na véspera da ação policial, Domingos organizou um almoço em um restaurante em Niterói, na região metropolitana do Rio, para tratar sobre o assassinato de Marielle.

"Extrai-se uma possível tentativa de embaraçar os trabalhos investigativos, mediante o levantamento de informações e tentativa de contato com pessoas afetas às colaborações premiadas levadas a efeito e que culminaram com a identificação dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como sendo os autores intelectuais dos homicídios ora investigados", diz a PF.

Além de revelar novos detalhes do caso, o material apreendido levou a Polícia Federal a pedir novas investigações, que não têm relação direta com o caso Marielle. Os pedidos envolvem suspeitas de desvio de emendas paramentares e lavagem de dinheiro.

Os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram denunciados como mandantes do atentado. Cabe ao STF decidir se aceita a denúncia e abre uma ação penal.

COM A PALAVRA, OS IRMÃOS BRAZÃO

A defesa foi procurada, mas não retornou a reportagem até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, RIVALDO BARBOSA

"As diligências complementares não acrescentaram nada a investigação em relação a Rivaldo e Érika, a revelar que a Polícia Federal está complemente perdida, por isso mesmo se recusa a ouvir Rivaldo."

Em outra categoria

Donald Trump disse nesta sexta-feira, 14, ter tido uma conversa "produtiva" com o presidente russo, Vladimir Putin, a quem fez um estranho pedido: poupar a vida dos soldados ucranianos cercados na região russa de Kursk. "Pedi que ele poupasse a vida deles", escreveu Trump nas redes sociais. Imediatamente, Putin acrescentou mais um item à sua lista de exigências para aceitar uma trégua: que as tropas da Ucrânia que ocupam parte da Rússia se rendessem.

O único problema dessa troca amistosa de gentilezas é que analistas independentes e militares ucranianos não sabem sobre o que eles estão falando, já que não há tropas cercadas em Kursk - embora as forças russas estejam avançando e retomando parte do território ocupado em uma ofensiva ucraniana, lançada no ano passado.

Michael Kofman, analista militar do centro de estudos Carnegie Endowment, descreveu as ameaças às tropas ucranianas como "ficção". Até mesmo os blogueiros militares russos lançaram dúvidas sobre a alegação, dizendo que "não há sinais de um cerco visível".

Putin, no entanto, insistiu na ideia. "Para que o pedido de Trump seja efetivamente implementado, os líderes da Ucrânia precisavam ordenar que suas unidades militares deponham as armas e se rendam em Kursk", disse Putin, em discurso televisionado.

Lista

Além da rendição dos ucranianos em Kursk, o Kremlin informou ontem que Putin entregou uma série de mensagens ao enviado especial de Trump, Steve Witkoff, para serem transmitidas ao presidente dos EUA. Witkoff se reuniu com Putin em Moscou, na quinta-feira, para apresentar oficialmente a proposta de cessar-fogo na Ucrânia.

O próximo passo, segundo o Kremlin, seria uma nova conversa entre Putin e Trump, o que europeus e ucranianos apontam como uma manobra da Rússia para prolongar a campanha militar e ganhar mais território da Ucrânia antes de negociar um acordo de paz.

"Putin transmitiu por meio de Witkoff informações e indicações complementares, dirigidas ao presidente Trump", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Quando ele entregar todas as informações a Trump, determinaremos o momento para uma conversa entre os dois presidentes."

Estratégia

A posição reticente de Moscou em aceitar o cessar-fogo de 30 dias mostra a falta de urgência de Moscou em interromper a guerra. Embora o Kremlin afirme que Putin "concorde" e seja "solidário" com a proposta de Trump, ele exige o cumprimento de certas precondições, incluindo a devolução de Kursk e a definição sobre quem supervisionará o cessar-fogo.

Tudo isso engrossa uma lista com outras exigências: o veto à entrada da Ucrânia na Otan, a desmilitarização e a neutralidade do país e o reconhecimento da soberania russa sobre as regiões ucranianas ocupadas durante o conflito.

A falta de um sinal verde imediato de Putin à proposta americana provocou reações. O chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que as declarações da Rússia sobre o plano de cessar-fogo mostram que o Kremlin "deseja continuar a guerra". O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, afirmou ontem que as exigências russas apenas "complicam e arrastam o processo".

"A Rússia é a única parte que quer que a guerra continue e as negociações sejam interrompidas", disse Zelenski. "Putin não acabará com a guerra por conta própria. Mas a força dos EUA é suficiente para que isso aconteça."

Conquista

Outra explicação para a falta de interesse de Putin no cessar-fogo pode estar nos relatórios confidenciais da inteligência dos EUA analisados e divulgados ontem pelo Washington Post. Os documentos mostram que a Rússia não desistiu de seu objetivo maximalista de dominar totalmente a Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.