Lula diz que setores populares precisam recuperar 'bandeira anti hegemônica' da extrema direita

Política
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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltou nesta quinta-feira, 13, a importância de os setores populares recuperaram a "bandeira anti hegemônica", dizendo que a contestação da ordem vigente não deve ser um privilégio da extrema direita. Em sua avaliação, a negação da política deixa um "vácuo" a ser preenchido por "aventureiros que espalham mentiras e ódio".

"A democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas", disse o petista, durante participação na 112ª Conferência Internacional do Trabalho, que ocorre nesta quinta-feira, 13, em Genebra, na Suíça. Segundo ele, os ataques ao sistema democrático sempre implicaram em perdas de direitos.

Na declaração, Lula repudiou o extremismo que, em sua avaliação, "vende uma ilusão", além de atacar e silenciar minorias e negligenciar os mais vulneráveis. "A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham mentiras e ódio", disse.

"A contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema direita. A bandeira anti hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares, progressistas e democrático", acrescentou.

Na esteira, Lula condenou novamente os conflitos que acometem a Rússia e a Faixa de Gaza. Segundo ele, trabalhadores que deveriam estar se dedicando às suas vidas são direcionados para frentes de batalha. Por fim, disse que a "irracionalidade" no conflito na Europa "reacende os temores de uma catástrofe nuclear".

Taxação de super-ricos

O presidente voltou a defender a taxação de super-ricos no mundo e disse que o Brasil está "impulsionando" a proposta no âmbito do G20. Em sua avaliação, vive-se uma "arquitetura financeira disfuncional, que alimenta desigualdade".

"Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática", disse o presidente do Brasil.

Para o chefe do Executivo brasileiro, a "mão invisível do mercado só agrava a desigualdade". "Recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente", disse, pedindo uma "globalização de face humana".

O presidente lamentou que, atualmente, salário igual para pessoas que exercem a mesma função ainda é "utopia". As mulheres são "um dos elos mais vulneráveis na cadeia do trabalho", comentou.

Indireta a Musk

Na fala, Lula aproveitou para mandar uma indireta ao empresário Elon Musk, proprietário da rede social X, antigo Twitter. Segundo ele, a concentração de renda é "tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, para não ficar na Terra, no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles".

"Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado", comentou o presidente.

Mudanças na governança global e uma reformulação da OIT

Lula voltou a defender mudanças na governança global e uma reformulação da OIT. "O Brasil vai trabalhar pela ratificação da emenda de 1986, a Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes nos países mais industrializados do conselho da organização", pediu. "Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que continuem para resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global", afirmou.

Para o chefe do Executivo brasileiro, cada país deve ter direito a um voto, independentemente do Produto Interno Bruto (PIB) ou tamanho.

Na esteira das cobranças, Lula disse que a OIT tem a "obrigação" de construir um projeto de Inteligência artificial para que o Sul Global possa competir com países ricos. "Temos que atuar para que os benefícios da Inteligência Artificial cheguem a todos", disse. Segundo ele, no Brasil formula um plano com "olhar especial" para as diferenças no trabalho doméstico.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou na manhã deste sábado que o presidente da Rússia, Valdimir Putin, terá, "mais cedo ou mais tarde" que se sentar à mesa para iniciar "negociações sérias" de paz.

Segundo o premiê britânico, Putin está tentando adiar um acordo de cessar-fogo de 30 dias, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky "mostrou mais uma vez e sem qualquer dúvida que a Ucrânia é a parte interessada na paz".

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa neste sábado, quando 26 líderes internacionais se reúnem no Reino Unido a fim de apoiar uma eventual trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

"O grupo que eu convoquei hoje é mais importante do que nunca. Ele reúne parceiros de toda a Europa, bem como da Austrália e da Nova Zelândia e continua apertando as restrições sobre a economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações. E concordamos em acelerar nosso trabalho prático para apoiar um potencial acordou", afirmou o premiê.

Starmer disse ainda que o grupo entrará "em uma fase operacional" e que militares dos respectivos países se reunirão na próxima quinta-feira, 20, no Reino Unido "para colocar em prática planos fortes e robustos, para apoiar um acordo policial e garantir a segurança futura da Ucrânia".

Segundo o premiê, "o apetite da Rússia pelo conflito e pelo caos mina a segurança do Reino Unido", o que encarece o custo de vida, inclusive os custos de energia. "Então isso importa muito para o Reino Unido. É por isso que agora é a hora de se engajar em discussões sobre um mecanismo para gerenciar e monitorar falsas bandeiras", afirmou.

Na quinta-feira, Putin havia dito que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas pontuou que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito".

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou há pouco que o exército russo está acumulando tropas ao longo da fronteira leste do país. Isso, segundo ele, "indica que Moscou pretende continuar ignorando a diplomacia" e tem a intenção de atacar a região de Sumy.

"Está claro que a Rússia está prolongando a guerra. Estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação no front, na região de Kursk e ao longo de nossa fronteira", disse Zelensky, em publicação na rede social X.

A publicação também afirma que a situação na direção da cidade de Pokrovsk foi estabilizada, e que as tropas ucranianas continuam retendo agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk.

Segundo Zelensky, o programa de mísseis da Ucrânia teve "resultados tangíveis", com o míssil longo Neptune testado e usado "com sucesso" em combate.

O presidente também disse que o Ministério de Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre novos pacotes de apoio de outros países. "Sou grato a todos os parceiros que estão ajudando", acrescenta.

O Hamas disse neste sábado que só libertará um refém americano-israelense e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade, que morreram em cativeiro, se Israel implementar o atual acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A organização chamou a proposta de um "acordo excepcional" destinado a colocar a trégua de volta nos trilhos.

Um alto oficial do Hamas disse que as conversas há muito adiadas sobre a segunda fase do cessar-fogo precisariam começar no dia da liberação de reféns e não ultrapassar uma duração de 50 dias. Israel também precisaria parar de barrar a entrada de ajuda humanitária e se retirar de um corredor estratégico ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.

O refém americano-israelense Edan Alexander, 21 anos, cresceu em Nova Jersey, nos EUA, e foi raptado da sua base militar durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. Ele é o último cidadão americano vivo detido em Gaza.

O Hamas também exige a liberação de mais prisioneiros palestinos em troca dos reféns, disse o oficial, que falou sob condição de anonimato.

Não houve comentários imediatos de Israel, onde os escritórios do governo estavam fechados para o Sabbath (descanso) semanal. O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas na sexta-feira de "manipulação e guerra psicológica" quando a oferta foi inicialmente feita, antes de o Hamas detalhar as condições.