Caso Marielle: Delegado Rivaldo diz não conhecer irmãos Brazão e defende indicado por ele

Política
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Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, preso preventivamente sob a acusação de ter planejado o assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, disse nesta segunda-feira, 15, nunca ter tido contato com os irmãos Brazão, apontados pela Polícia Federal (PF) como mandantes do crime. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, ele defendeu ainda Giniton Lages, delegado indicado por ele para cuidar do caso Marielle e alvo de busca e apreensão realizada pela PF por "atrapalhar as investigações".

"Ele foi corajoso e buscou a verdade", disse Rivaldo. "Tanto é que buscou a verdade que ele prendeu Ronnie Lessa com provas técnicas." Lessa confessou ser o autor dos disparos que mataram a então vereadora.

O Conselho de Ética analisa o processo de cassação do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Durante o depoimento, Rivaldo disse nunca ter tido contato nem com Chiquinho nem com Domingos Brazão - irmão do deputado, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, também apontado como mandante - e afirmou que ele e Giniton cumpriram a missão de prender Ronnie Lessa "com provas técnicas".

Rivaldo foi uma das testemunhas elencadas por Chiquinho para depor no Conselho de Ética. Ele disse ter apenas aceitado para poder dar uma satisfação à própria família.

"Essa é a única chance de a família me ver. Eu nunca falei com essas pessoas na minha vida. Eu não existo para eles, e eu não existo para mim. Estou aqui há quatro meses", protestou Rivaldo, batendo na mesa. Ele deu o testemunho diretamente da penitenciária da Papuda, no Distrito Federal. "Estou indignado aqui, perdi 15 quilos. Eu aceitei para poder me defender junto aos senhores, à opinião pública."

O delegado está preso preventivamente desde março, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Murder Inc, que revelou as suspeitas sobre os mandantes do assassinato da então vereadora, cinco anos após o crime. Ele disse que não teve a oportunidade de falar tudo à Polícia Federal. Ele queria que seu depoimento fosse gravado por vídeo, mas o recurso foi negado.

Rivaldo é suspeito de ajudar a montar o plano para matar Marielle e de usar o cargo para obstruir as investigações sobre a morte da vereadora. A defesa pede que ele responda ao processo em liberdade. Os advogados alegam que o delegado tem bons antecedentes e não oferece risco à ordem pública.

Durante o depoimento, Rivaldo limitou-se a negar o envolvimento na obstrução das investigações e dizer que apenas sabia que Ronnie Lessa foi quem matou Marielle, mas não soube dizer qual a participação de Chiquinho e Domingos no assassinato. Segundo ele, Giniton é quem poderia dar as respostas.

"Se eu já não faria isso com alguém que eu goste, quiçá faria isso com alguém que só me ajudou. Marielle só me ajudou", disse Rivaldo.

O Conselho de Ética também ouviu o vereador Willian Coelho (DC), elencado por Chiquinho Brazão para depor. Ele disse ter ficado "surpreso" com o envolvimento do deputado e defendeu o projeto de lei que tratava de regularização fundiária, patrocinado por Chiquinho.

No depoimento, Coelho disse que a atuação de Chiquinho era para regularizar condomínios já ocupados no Rio. "O que existia era o anseio das pessoas de bem que queriam regularizar seus imóveis", disse.

Em delação, Ronnie Lessa, autor confesso das mortes, disse que a atuação de Marielle para barrar projetos do tipo iria contra "os interesses dos Brazão no tocante a políticas fundiárias, em especial, em áreas de milícia".

A proposta patrocinada por Chiquinho "flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização dos imóveis", segundo a PF. A bancada do PSOL foi contra o projeto, mas ele acabou aprovado. Depois, a lei foi declarada inconstitucional.

O processo contra o deputado federal segue em andamento no Conselho de Ética. Nesta terça-feira, 16, o colegiado ouvirá Chiquinho Brazão e Domingos Brazão.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o caso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética deve acabar apenas em setembro. Isso significa que ele continua como deputado federal até lá, o que pode somar mais de R$ 400 mil em salários para ele e os 25 funcionários do gabinete no período.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.