Desembargador que disse 'mulheres estão loucas atrás de homens' ganha em média R$ 90 mil

Política
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Afastado do Tribunal de Justiça do Paraná após afirmar que as mulheres "estão loucas atrás dos homens", o desembargador Luis Cesar de Paula Espíndola teve holerite mensal médio de R$ 120 mil brutos, ou R$ 90 mil líquidos em 2024. Nos primeiros seis meses do ano, ele acumulou R$ 542 mil líquidos - desse montante, penduricalhos e pagamentos retroativos bateram R$ 392,2 mil.

O afastamento de Espíndola foi determinado há dez dias pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, em razão de "manifestações de conteúdo potencialmente preconceituoso e misógino em relação à vítima menor de idade" - o desembargador disse que "as mulheres estão loucas atrás dos homens" durante julgamento de um caso em que uma menina de 12 anos teria sido vítima de assédio de um professor.

Em nota, Espíndola disse que "não teve a intenção de menosprezar o comportamento feminino". "Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão", afirmou, em texto divulgado pelo Tribunal de Justiça do Paraná.

Enquanto estiver afastado de suas funções na Corte paranaense, o desembargador seguirá recebendo seus proventos. O subsídio - expressão usada desde 2006 para tratar dos salários dos magistrados - de Espíndola é de R$ 39,7 mi, fora direitos pessoais e eventuais e indenizações que engordam seu contracheque.

Esse plus - eventuais e pessoais - é concedido aos juízes com amparo na Lei Orgânica da Magistratura, em Regimentos Internos dos Tribunais e em legislações específicas.

Na primeira metade de 2024, por exemplo, Espíndola recebeu R$ 241,8 mil em "pagamentos retroativos". O montante supera o valor que era devido a Espíndola pelos subsídios referentes aos seis primeiros meses do ano - R$ 236,1 mil.

O contracheque do magistrado não detalha quais verbas foram pagas em caráter retroativo. A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Paraná e aguarda retorno.

O contracheque do juiz também foi abastecido por licenças compensatórias (R$ 85,8 mil) e "indenização de remuneração" (R$ 27,3 mil).

Além disso, o pagamento de verbas retroativas levou o magistrado a receber o abono permanência, reembolso pago ao servidor que escolhe trabalhar mesmo depois de ter adquirido condições para se aposentar. Sob essa rubrica, o magistrado incorporou mensalmente R$ 6 mil.

Mesmo com o valor bruto do contracheque de Espíndola batendo mais de R$ 120 mil em cinco dos seis primeiros meses de 2024, o maior desconto lançado nos holerites pelo abate-teto foi de R$ 7,6 mil.

O abate-teto é a retenção de valores que superam o teto do funcionalismo público, ou seja, o subsídio de ministro do STF, R$ 44 mil.

Na matemática salarial da toga, também nas contas do Ministério Público e de outras corporações públicas, penduricalhos não entram no abate-teto, sob o argumento de direito adquirido. Muitos agregados que encorpam esses contracheques também não sofrem incidência de imposto.

Investigação no CNJ

O afastamento do desembargador Luiz César de Paula Espíndola, determinado monocraticamente pelo ministro Luís Felipe Salomão, deve ser submetido ao crivo do Plenário do Conselho Nacional de Justiça assim que o recesso do Judiciário terminar.

A medida foi decretada na iminência do julgamento, pelo Plenário do CNJ, de um procedimento em que o desembargador foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Ele foi sentenciado em março de 2023 pelo Superior Tribunal de Justiça sob acusação de ter agredido uma irmã dele e a própria mãe, de 81 anos, em 2013.

Neste processo de violência doméstica, Espíndola foi condenado à detenção de quatro meses e 20 dias, em regime aberto. Na ocasião, o colegiado decidiu suspender a execução da pena do desembargador por dois anos.

A reclamação disciplinar no âmbito do CNJ sobre a declaração "as mulheres estão loucas atrás dos homens" consiste na sétima apuração envolvendo o magistrado. Desta vez, a investigação se refere à sua conduta durante o julgamento da 12ª Câmara Cível da Corte do Paraná.

A sessão versava sobre o assédio a uma menina de 12 anos. Um professor havia pedido seu telefone e "mandava mensagens no horário da aula, elogiando-a, e pedindo que ela não contasse a ninguém". O assédio fez com que a criança não quisesse mais ir à aula. Ela ia para a escola, mas ficava no banheiro.

A 12.ª Câmara do TJ do Paraná iria decidir se mantinha as medidas protetivas concedidas à menina e se iria manter o afastamento do professor do convívio da menina. A Câmara manteve as protetivas, com o voto divergente de Espíndola.

Depois do julgamento, mas ainda na sessão, o desembargador apontou "discurso feminista desatualizado" e disse: "Se Vossa Excelência sair na rua hoje em dia, quem está assediando, correndo atrás de homens, são as mulheres. Porque não tem homem. É um mercado que está bem diferente. Hoje em dia as mulheres estão loucas atrás de homens, porque são muito poucos. É só sair à noite, eu não saio muito à noite, mas conheço funcionárias. A mulherada está louca atrás do homem. Louca para levar um elogio, uma piscada, uma cantada educada, porque elas é que estão cantando, assediando."

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.

O Hamas disse nesta sexta-feira, 14, que aceitou uma proposta dos mediadores para libertar um refém americano-israelense vivo e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade que morreram em cativeiro. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou dúvidas sobre a oferta, acusando o Hamas de tentar manipular as negociações em andamento no Catar sobre a próxima etapa do cessar-fogo em Gaza.

O grupo não especificou imediatamente quando a libertação do soldado Edan Alexander e dos quatro corpos aconteceria - ou o que espera receber em troca. Também não é claro quais mediadores propuseram o que o Hamas estava discutindo. O Egito, Catar e EUA têm orientado as negociações, e nenhum deles confirmou ter feito a sugestão até a noite de sexta-feira.

Autoridades dos EUA, incluindo o enviado Steve Witkoff, disseram que apresentaram uma proposta na quarta-feira para estender o cessar-fogo por mais algumas semanas enquanto os lados negociam uma trégua permanente. O gabinete de Netanyahu declarou que Israel "aceitou o esboço de Witkoff e mostrou flexibilidade", mas que o Hamas se recusou a fazê-lo.