Procurador de Justiça de Mato Grosso ganha média de R$ 123 mil por mês

Política
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Um grupo de 21 promotores e um procurador de Justiça de Mato Grosso recebeu salários de mais de R$ 600 mil líquidos cada um no primeiro semestre deste ano, média de R$ 100 mil por mês já descontados impostos. Um outro grupo de 70 promotores e procuradores ganhou mais de R$ 500 mil líquidos cada um no período, ostentando média mensal de R$ 83,3 mil.

Os dados constam do Portal da Transparência do MP de Mato Grosso. Em nota, o MP afirmou que "nenhum membro recebe subsídio em desconformidade com o teto constitucional e as diretrizes da legislação em vigor"

"Pagamentos eventuais, alguns de natureza indenizatória, não devem ser cotejados para efeitos de teto, pois não são incorporados ao subsídio. Nos primeiros meses do ano, alguns membros receberam valores referentes a passivos de exercício anterior, mas são pagamentos eventuais conforme a disponibilidade financeira", alegou o órgão.

Os maiores rendimentos são do procurador de Justiça Luiz Eduardo Martins Jacob, que ingressou no MP em 1983. Ele recebeu R$ 741 mil líquidos entre janeiro e junho deste ano, o que dá a média mensal de R$ 123 mil líquidos. O Estadão pediu manifestação do procurador e do MP, via assessoria, mas não havia recebido resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto.

Considerando os valores pagos mês a mês, Martins Jacob teve os maiores salários do MP em abril (R$ 194,1 mil líquidos; em valores brutos bateu em R$ 216,1 mil) e em maio (R$ 220,9 mil líquidos; em valores brutos, R$ 242,9 mil).

Muitos ganharam, entre janeiro e junho, valores equivalentes ao dobro do teto da carreira no MP matogrossense - R$ 39,7 mil.

Há registro de promotores e procuradores que estouram em mais de quatro vezes o teto do funcionalismo, valor pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal que deveria funcionar como uma régua para conter o avanço de super salários do funcionalismo.

O promotor Luiz Eduardo Martins Jacob Filho, filho do procurador Jacob, consta da lista dos que receberam mais de R$ 500 mil neste ano - ele chegou a R$ 533 mil livres.

Em junho, o promotor Leonardo Moraes Gonçalves recebeu R$ 173,7 mil líquidos - ou R$ 200,7 mil brutos. Em março, o promotor José Ricardo Costa Mattoso ganhou R$ 168,2 mil já livres de impostos e outros descontos - R$ 191,3 mil brutos.

Os maiores salários pagos ao MP de Mato Grosso em janeiro e em fevereiro pertencem ao ex-promotor Marcos Regenold Fernandes, que foi nomeado a uma vaga no Tribunal de Justiça do Estado após indicação pelo quinto constitucional - cadeira reservada na Corte a integrante do Ministério Público.

Regenold teve o maior rendimento líquido do MP em um único mês no primeiro semestre: R$ 314,2 mil, em fevereiro, ou R$ 349,4 mil brutos. Em janeiro, recebeu R$ 159,8 mil líquidos (brutos R$ 202,9 mil).

Em valores globais, o Ministério Público de Mato Grosso desembolsou R$ 159,5 milhões no primeiro semestre com a folha de seus promotores e procuradores.

Segundo o Portal da Transparência do MP, nenhum promotor ou procurador teve descontos por causa do teto constitucional.

As informações sobre os valores descontados dos contracheques do MP mostra que, somados, os descontos por contribuição previdenciária e Imposto de Renda nem sempre correspondem ao total descontado que, por vezes, é maior. O Estadão questionou o Ministério Público sobre esse dado.

O Portal Transparência explica que o 'abate teto' incide apenas sobre remuneração básica bruta, que inclui o subsídio pago os promotores e procuradores somadas "vendas remuneratórias, legais ou judiciais" (vantagem pessoal nominalmente identificável, adicional por tempo de serviço, quintos, décimos e vantagens decorrentes de sentença judicial ou extensão administrativa)

Os valores que mais turbinaram os salários dos promotores e procuradores de Mato Grosso foram marcados sob as rubricas "abono" e "licença", lançadas como "outras remunerações", além de verbas indenizatórias, que não são discriminadas.

Ainda de acordo com o Transparência, os integrantes do MP de Mato Grosso receberam até R$ 92 mil a título de 1/3 de férias. O valor consta do holerite de março do procurador Luiz Eduardo Martins Jacob. Assim como seus colegas, ele também recebeu auxílios que têm valores fixos como alimentação (R$ 2,1 mil) e transporte (R$ 6,6 mil).

Os promotores e procuradores ainda receberam verbas a título de abono permanência - equivalente à contribuição previdenciária devido ao servidor que tinha condição de se aposentar mas preferiu seguir na ativa - e gratificação natalina (até R$ 27 mil).

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO PÚBLICO DE MATO GROSSO

"Nenhum membro do Ministério Público Estadual recebe subsídio em desconformidade com o teto constitucional e as diretrizes da legislação em vigor. Pagamentos eventuais, alguns de natureza indenizatória, não devem ser cotejados para efeitos de teto, pois não são incorporados ao subsídio. Nos primeiros meses do ano, alguns membros receberam valores referentes a passivos de exercício anterior, mas são pagamentos eventuais conforme a disponibilidade financeira."

COM A PALAVRA, OS PROMOTORES E PROCURADORES

O Estadão pediu manifestação, via MP, do procurador Luiz Eduardo Martins Jacob e de seus colegas e não recebeu resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).

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O retrato de uma criança palestina que perdeu os dois braços em um ataque de Israel na Faixa de Gaza ganhou nesta quinta-feira, 17, o prêmio World Press Photo do ano.

A foto, tirada pela fotógrafa palestina Samar Abu Elouf, pelo jornal The New York Times mostra Mahmoud Ajjour, de 9 anos, com o olhar fixo na câmera e sem os braços. "Uma das coisas mais difíceis que a mãe de Mahmoud me explicou foi que, quando Mahmoud percebeu que seus braços estavam amputados, a primeira frase que ele disse a ela foi: 'Como poderei te abraçar'?", disse Abu Elouf.

Mahmoud Ajjour foi ferido enquanto tentava fugir de um ataque israelense, em março de 2024, segundo a organização. Ele teria sido atingido por uma explosão, que cortou um de seus braços e mutilou o outro.

"Esta é uma foto silenciosa que fala alto. Ela conta a história de um menino, mas também de uma guerra mais ampla que impactará gerações", disse Joumana El Zein Khoury, diretora executiva da World Press Photo.

A fotógrafa vencedora Abu Elouf foi forçada a sair de Gaza em dezembro de 2023 e hoje mora no mesmo complexo de apartamentos que Ajjour, na capital do Catar, Doha. Agora, ela tira fotos de palestinos gravemente feridos em Doha.

O júri elogiou a "forte composição e atenção à luz" da foto e o tema, especialmente as questões levantadas sobre o futuro de Mahmoud.

Segundo o júri, o palestino agora está aprendendo a jogar no celular, escrever e abrir portas com os pés, mas ainda precisa de assistência especial para a maioria das atividades diárias, como comer e se vestir.

"O sonho de Mahmoud é simples: ele quer usar próteses e viver sua vida como qualquer outra criança", disseram os organizadores do World Press Photo em um comunicado.

A declaração cita uma estimativa recente da Agência das Nações Unidas de Obras e Recursos Assistenciais (UNRWA) de que, até dezembro do ano passado, Gaza tinha mais crianças amputadas per capita do que em qualquer outro lugar do mundo.

"As crianças são desproporcionalmente impactadas pela guerra", declarou o júri.

O World Press Photo também selecionou duas fotos para o prêmio de segundo lugar.

A primeira, intitulada "Secas na Amazônia", de Musuk Nolte para a Panos Pictures e a Fundação Bertha, mostra um homem no leito seco do rio Solimões, na Amazônia, carregando comida para Manacapuru, uma cidade na Amazônia antes acessível por barco.

A segunda, "Night Crossing", de John Moore, fotografado para a Getty Images, retrata migrantes chineses amontoados perto de uma fogueira durante uma chuva fria, após cruzarem a fronteira entre os EUA e o México.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bloqueou um plano de Israel para atacar instalações nucleares no Irã, segundo informações do jornal americano The New York Times, em meio às negociações entre Washington e Teerã.

Os dois países, sem relações diplomáticas há mais de 40 anos, buscam um novo acordo sobre o programa nuclear do Irã depois que Trump retirou os Estados Unidos, durante seu primeiro mandato, de um pacto anterior sobre o tema.

Depois de uma primeira reunião em Omã na semana passada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, participarão de uma segunda rodada de negociações em Roma no sábado.

Ataque

Neste contexto, fontes do governo Trump explicaram ao jornal que Israel havia solicitado ajuda de Washington para efetuar um ataque em maio contra as instalações nucleares do Irã.

Segundo o NYT, o plano e sua possível execução foram avaliados pelo governo dos Estados Unidos por meses.

Porém, durante uma visita à Casa Branca do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu na semana passada, Trump disse ao israelense que não apoiaria um ataque.

Ao mesmo tempo, o presidente republicano anunciou de maneira surpreendente as negociações com o Irã sobre seu programa nuclear.

Desde sua posse em janeiro, Trump intensificou a pressão contra Teerã, com mais sanções e ameaças de uma ação militar caso os países não alcancem um acordo sobre a questão.

Estados Unidos, Israel e outros países ocidentais consideram que o programa nuclear do Irã busca o desenvolvimento da bomba atômica, o que Teerã nega.

Inspeção

Em meio as negociações entre Washington e Teerã, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, advertiu nesta quinta-feira que os países têm "pouco tempo" para alcançar um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

"Estamos em uma fase crucial destas negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo, por isso quero facilitar este processo", disse Grossi em uma entrevista coletiva em Teerã ao lado do chefe da agência iraniana de energia atômica, Mohamad Eslami.

Segundo a AIEA, o Irã manteve o compromisso até o rompimento do acordo por Trump. Em seu relatório mais recente, a agência afirma que Teerã dispõe de urânio enriquecido a 60%, próximo dos 90% necessários para produzir uma arma atômica.

O diplomata argentino teve uma reunião na quarta-feira, 16, com Araqchi, que também lidera a delegação iraniana nas negociações com Washington. O chanceler de Teerã celebrou nesta quinta-feira uma "discussão útil" com Grossi.

"Nos próximos meses, a agência pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana", afirmou. Mas em sua mensagem, o chanceler também alertou que "alguns criadores de problemas estão se reunindo para provocar o descarrilamento das negociações".

A acusação pareceu direcionada às mudanças de posição da administração de Donald Trump.

O enviado do governo Trump, Steve Witkoff, defendeu na segunda-feira, 14, limitar as capacidades de enriquecimento de urânio do Irã, mas um dia depois pediu o desmantelamento total do programa, o que representa uma linha vermelha para Teerã. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O ministro de Defesa de Israel, Israel Katz, disse nesta quarta-feira, 16, que tropas permanecerão nas chamadas zonas de segurança na Faixa de Gaza, no Líbano e na Síria "indefinidamente", o que pode complicar ainda mais as negociações com o Hamas sobre um acordo e a libertação de reféns.

As forças israelenses tomaram mais da metade de Gaza em uma campanha renovada para pressionar os militantes do Hamas a libertar reféns depois que Israel encerrou o cessar-fogo no mês passado.

Israel também se recusou a se retirar de algumas áreas no Líbano após um cessar-fogo com o grupo militante Hezbollah no ano passado, e tomou uma zona tampão no sul da Síria depois que os rebeldes derrubaram o presidente sírio, Bashar Assad, em dezembro.