Nunes e Marçal chegam às convenções em disputa por espólio bolsonarista

Política
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o empresário Pablo Marçal (PRTB) chegam às convenções partidárias em meio a uma disputa pelo espólio bolsonarista na capital paulista. O evento que vai oficializar a candidatura de Nunes à reeleição está marcado para este sábado, 3, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo, na zona sul. Já a convenção de Marçal será neste domingo, 4, na Max Arena, zona leste.

Tanto Nunes quanto Marçal estão empenhados em conquistar o eleitorado bolsonarista da cidade. No caso do prefeito, que se autodeclara de centro, a estratégia para atrair os eleitores de direita inclui contar com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em seu palanque. Os dois já confirmaram presença na convenção e há expectativa de que ambos façam discursos. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) também se somará ao pelotão bolsonarista.

A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada na terça-feira, indica o impacto da candidatura de Marçal sobre Nunes: o atual prefeito tem 35% das intenções de voto entre os eleitores de Bolsonaro, enquanto o empresário atinge 27% desse segmento, impedindo um crescimento mais expressivo de Nunes.

No eleitorado geral, o prefeito registrou 20% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com José Luiz Datena (19%), do PSDB, e Guilherme Boulos (19%), do PSOL. Marçal apareceu com 12%, enquanto Tabata Amaral (PSB), com 5%. Kim Kataguiri (União Brasil) - que desistiu da candidatura - e Marina Helena (Novo) tiveram 3% cada.

Se Datena desistisse da eleição, seus votos seriam distribuídos entre todos os candidatos. A saída de Marçal beneficiaria principalmente Nunes, que alcançaria 33%.

Mudança

A relação de Nunes com o bolsonarismo evoluiu ao longo da pré-campanha. Inicialmente, o prefeito se manteve afastado do ex-presidente e chegou a afirmar que não tinha proximidade com Bolsonaro, como não tem com Lula. Com a entrada de Marçal na disputa, esse quadro mudou, e Nunes passou a fazer mais gestos em direção ao bolsonarismo, na tentativa de evitar o desembarque do ex-presidente da futura coligação.

O aceno mais significativo foi aceitar a indicação do ex-comandante da Rota, o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo (PL), como vice, algo que resistia a fazer. A sugestão para incluir o coronel na chapa foi de Bolsonaro. Até a definição do vice, Nunes e aliados tentaram explorar outras opções para a chapa, como o ex-ministro Aldo Rebelo (MDB) e a vereadora Rute Costa (PL), mas nenhuma dessas alternativas agradou a Bolsonaro.

Cabo eleitoral

Tarcísio foi o responsável por anunciar a escolha de Mello Araújo como vice na chapa do prefeito. O coronel é filiado ao PL, enquanto Tarcísio é do Republicanos. Entre os bolsonaristas, Tarcísio tem se mostrado o mais engajado na campanha de Nunes. O governador transferiu seu título eleitoral de São José dos Campos para São Paulo para votar no prefeito. Como mostrou a pesquisa Quaest, Tarcísio desponta como melhor cabo eleitoral que Bolsonaro na capital paulista.

Além de ceder na vaga de vice, Nunes adotou um discurso mais alinhado ao de Bolsonaro. Na sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, o prefeito negou que o 8 de Janeiro tenha sido uma tentativa de golpe de Estado e defendeu a presunção de inocência nas investigações envolvendo Bolsonaro.

Embora Bolsonaro tenha declarado apoio a Nunes na eleição, sua participação na pré-campanha do prefeito foi discreta, com poucas aparições públicas ao lado do emedebista. Nas redes sociais, o ex-presidente não tem compartilhado fotos com o aliado.

A falta de demonstrações de apoio no ambiente digital preocupa os aliados de Nunes, que temem que os eleitores de Bolsonaro possam ficar confusos sobre quem é o candidato apoiado pelo ex-presidente. Bolsonaro não segue Nunes nem no Instagram nem no X.

'Coração'

Sem o apoio formal de Bolsonaro, Marçal busca se posicionar como o verdadeiro candidato bolsonarista na disputa pela Prefeitura. O ex-coach utiliza as redes sociais para promover a ideia de que ele é o candidato do "coração" de Bolsonaro. No mês passado, após um encontro com o ex-presidente, publicou uma foto no Instagram segurando a medalha de "imbrochável, imorrível e incomível".

Em junho, quando ganhou a medalha, Marçal esteve em Brasília e se encontrou com o ex-presidente e outros líderes para falar sobre seu pleito à capital paulista. "Tem alguns anos que eu queria ganhar (a medalha). Tem muitos anos que a gente pede proximidade, poucos amigos dele têm", declarou Marçal, na ocasião. "Bolsonaro é um cara que tem o princípio declarado, conservador, Nunes não tem nada parecido com isso."

No mês passado, Bolsonaro usou sua lista de transmissão no WhatsApp para enviar a aliados um vídeo de Marçal no qual o empresário o defende no caso das joias.

A estratégia de Marçal incomoda parte dos bolsonaristas. Há duas semanas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou o que chamou de "recorte malicioso" que Marçal fez de uma entrevista sua ao jornal Gazeta do Povo.

"Ele seleciona apenas os trechos onde eu comento sobre a parte positiva a respeito dele, removendo as ressalvas que fiz. No final, digo: 'É mais ou menos por aí que eu escolheria meu candidato', e esse trecho dá a entender que eu votaria nele, quando na verdade eu me referia a todo o contexto (parte negativa e positiva)", disse Eduardo. "Sobre meu voto em São Paulo, adianto que votarei no candidato apoiado por Jair Bolsonaro: Ricardo Nunes."

Evento do MDB terá a presença de Bolsonaro, Tarcísio e Temer

O MDB oficializa hoje a candidatura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição. A convenção está marcada para as 10h, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo, e vai contar com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além de Bolsonaro, estarão presentes o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como o principal cabo eleitoral de Nunes; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); e o ex-presidente Michel Temer (MDB), considerado um conselheiro do prefeito. Espera-se, ainda, a participação de presidentes dos partidos que compõem a coligação de Nunes.

Nunes vai chegar ao início oficial da campanha com o apoio de uma ampla coligação partidária, composta por, além do MDB, outros 11 partidos, um a mais do que o tucano Bruno Covas reuniu na disputa de 2020.

A "frente ampla", como Nunes tem chamado seu grupo de apoio, inclui PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

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O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

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O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

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Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."