Quem são os candidatos mais ricos do País nas eleições de 2024? Veja lista

Política
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Disputando o comando de prefeituras e vagas em Câmaras Municipais em cidades de sete Estados brasileiros, os dez políticos mais ricos do Brasil possuem, juntos, uma fortuna de R$ 7,3 bilhões. Há dois candidatos bilionários na lista, responsáveis por quase 60% do montante.

 

O bens foram declarados pelos candidatos no registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os integrantes da lista são de Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Com exceção de uma vice-prefeita que compõe chapa no município de Primavera do Leste (MT), todos os concorrentes são homens e se autodeclararam brancos.

 

Sobre o nível educacional, há quatro políticos com o ensino superior completo, outros quatro que concluíram o ensino médio e dois candidatos que não completaram seus estudos - um, no ensino fundamental, e outro, na faculdade.

 

Entre os candidatos mais ricos do Brasil, cinco fazem parte de chapas como vice-prefeito, quatro são postulantes ao cargo de chefe do Executivo municipal e um tenta o mandato de vereador. Há sete empresários na lista, um administrador, um comerciante e um vereador. Três deles são do PL e há um filiado a cada uma das seguintes siglas: União, Republicanos, PSB, PRTB, PP, Podemos e PDT.

 

10º - Francis Maris Cruz (PL): R$ 230.205.947,00

 

Ex-prefeito do município de Cáceres por dois mandatos, Francis Maris (MDB) tenta novamente o comando do Executivo da cidade de 89 mil habitantes no sul do Mato Grosso. Os mais de cem bens declarados pelo empresário totalizam R$ 230,2 milhões.

 

O candidato foi eleito em 2012, pelo PMDB, e reeleito em 2016, então filiado ao PSDB. Em 2022, último pleito em que concorreu, foi eleito suplente de deputado estadual, também pelo partido tucano. Na ocasião, há dois anos, o total declarado foi de R$ 107,5 milhões, metade do patrimônio atual.

 

O item de maior valor declarado por Francis foi um rebanho de animais de R$ 55,2 milhões. A campanha do candidato foi procurada pelo Estadão, mas não quis comentar.

 

9º - Ivanir Maria Gnoatto Viana (Republicanos): R$ 258.783.507,00

 

A vereadora Iva Viana (Republicanos), que concorre como vice-prefeita de Primavera do Leste (MS), município de 85 mil habitantes a 243 quilômetros da capital, Cuiabá, declarou R$ 258,7 milhões ao TSE. Eleita suplente em 2020 pelo PDT e assumindo a vaga posteriormente, Iva estreou na vida política em 2016, quando foi eleita para seu primeiro mandato na Câmara Municipal.

 

Há quatro anos, o patrimônio declarado por ela foi de R$ 6,4 milhões a menos que o atual. Em 2016, os bens somavam R$ 62,8 milhões. Ao todo, a candidata declarou terrenos no valor de R$ 213,5 milhões, e veículos automotores, como automóveis e maquinários, que somados valem R$ 45 milhões.

 

Ao Estadão, a candidata disse que "não vive de política" e que, além da ocupação de vereadora, é agricultora, dona de casa e mãe. "Nós somos agricultores há 41 anos, cultivamos soja, milho, gergelim, temos gado e, ao longo dos anos, fomos adquirindo imóveis", afirmou.

 

"De repente as pessoas podem achar que estou na vida pública e fazendo coisas erradas. Meu perfil não é esse. O que eu tenho é (fruto) do meu trabalho", disse Iva, que acrescentou que "quem cresce financeiramente na política, não é pelo (jeito) correto".

 

8º - Dênis Luiz Lunelli (PL): R$ 285.208.390,00

 

O administrador Dênis Lunelli concorre como vice-prefeito de Guaramirim, município do norte catarinense. Em sua primeira eleição, o candidato do PL, em chapa puro-sangue, declarou ao TSE R$ 285,2 milhões em bens. Lunelli, que empreende no setor têxtil, afirmou que ingressou na política com intuito de "melhorar a situação do município onde se localiza a matriz da empresa".

 

Entre os 39 bens declarados, a maior parte está em participações societárias, com R$ 168,8 milhões. Outros ativos financeiros somam R$ 82,7 milhões, enquanto 26 terrenos foram declarados por R$ 29,1 milhões. O candidato também disse ter duas pequenas aeronaves, que juntas foram declaradas por R$ 336,8 mil.

 

Procurado pelo Estadão, o candidato afirmou que é preciso ter "transparência na vida privada, para ter transparência na vida pública". "Seria muito importante se no Brasil as pessoas votassem em candidatos que não precisam viver da máquina pública, e sim o fizessem por um motivo altruísta."

 

7º - Sandro da Mabel Antônio Scodro (União): R$ 313.405.896,00

 

Candidato a prefeito de Goiânia (GO), Sandro Mabel (União) declarou R$ 313,4 milhões em patrimônio. O candidato diz possuir 29 terrenos, que totalizam R$ 15,9 milhões, mais de R$ 8,8 milhões em oito apartamentos, participações societárias, depósitos bancários, duas casas, veículos, joia e outros bens.

 

Antes de tentar a prefeitura da capital goiana, Mabel exerceu quatro mandatos na Câmara dos Deputados. Entre 1995 e 1999 pelo PMDB, entre 2003 e 2007 pelo PFL, entre 2007 e 2011 pelo PL e entre 2011 e 2015 pelo PR.

 

Nas últimas eleições em que concorreu, em 2010, o então deputado declarou R$ 70,9 milhões. Por meio de sua assessoria de imprensa, o candidato disse que começou a trabalhar com 13 anos na fábrica da família, no interior de São Paulo, que cresceu e foi vendida em 2011. Segundo ele, a comercialização da empresa "se refletiu na declaração de nosso imposto de renda, com o ganho de capital, do ano seguinte".

 

"Continuamos também a investir em outros negócios, que já pertenciam à família, e novos nas áreas do agronegócio e imobiliário, por exemplo. Aprendi muito cedo a dar valor ao trabalho e à gestão e estar cercado de pessoas competentes e engajadas", disse, em nota.

 

6º - Gilson Lari Trennepohl (PL): R$ 323.854.778,00

 

Atual vice-prefeito de Não-Me-Toque (RS), município de quase 18 mil habitantes no norte gaúcho, Gilson Trennepohl (PL) informou ser dono de um patrimônio de R$ 323,8 milhões. Entre os 50 bens declarados, os maiores valores figuram em quotas de empresas, totalizando R$ 174,4 milhões.

 

Tentando a reeleição ao mesmo cargo, Trennepohl declarou quase metade do que tem agora nas eleições de 2020, quando concorreu pelo DEM, totalizando R$ 163 milhões. O empresário também possui ativos financeiros, como produtos de investimento e crédito decorrente de empréstimos, além de R$ 3 milhões em terrenos, R$ 2,6 milhões em veículos, incluindo um caminhão-trator, apartamentos e outros imóveis.

 

Procurada pelo Estadão, a assessoria jurídica do partido do candidato informou que ele não vai comentar sobre a declaração de bens.

 

5º - João Carlos Ribeiro (PSB): R$ 388.739.199,00

 

Vice-prefeito em chapa em Pontal do Paraná, no litoral paranaense, João Carlos Ribeiro (PSB) declarou ao TSE um patrimônio de R$ 388,7 milhões. A maior parte, R$ 305 milhões, é referente a ações da holding JCR. O candidato também tem outras participações em empresas, além de cinco apartamentos, um helicóptero, terrenos, obras de arte e embarcações e jet-skis.

 

Nas eleições municipais de 2020, o candidato tentou concorrer ao cargo de prefeito pelo PSC, mas foi declarado inapto pela Justiça Eleitoral. Na ocasião, ele declarou R$ 1,55 bilhão em bens, quase quatro vezes mais que agora.

 

Procurada pelo Estadão, a campanha do candidato não quis fazer comentários sobre a presença dele na lista.

 

4º - Mauro Cristianini (PP): R$ 530.300.419,00

 

Tentando a reeleição no cargo de vice-prefeito de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, Maurão (PP) informou no registro de candidatura possuir R$ 530,3 milhões em bens. O comerciante, como declarou ser sua ocupação ao TSE, possui fazendas, chácaras e terrenos, totalizando R$ 310,7 milhões, além de R$ 132 milhões em quotas de empresas, aplicações, produtos financeiros, duas casas e uma embarcação, entre outros.

 

Em 2020, o patrimônio declarado foi de R$ 81,6 milhões - 6,5 vezes menor do que o atual. Procurada pelo Estadão, a campanha do candidato afirmou que a evolução patrimonial do produtor rural, pecuarista e empresário rural é decorrente da venda de uma empresa para uma multinacional, valor incorporado ao patrimônio, e que ele atua há cerca de 30 anos no setor. "Ele se desfez da sua empresa, incorporando a venda no patrimônio pessoa física, por isso a evolução foi tão grande", disse a assessoria do candidato, afirmando que tudo foi declarado ao Fisco.

 

"A função pública de qualquer cargo eletivo, não é encarada como profissão, e sim uma contribuição ao município, através da sua experiência vitoriosa de vida", disse a campanha, em nota.

 

3º - Jonas Afonso de Moraes (Podemos): R$ 617.900.000,00

 

O empresário, de 59, anos informou ao TSE ter quotas em cinco empresas, no valor de R$ 617,9 milhões. Não há outros bens declarados, como imóveis e veículos, além das empresas. O candidato a vereador em Mogi das Cruzes (SP) já passou pelo PRP e pelo PSC, antes de se filiar ao Podemos, sigla com que chega ao pleito de 2024. Ele se elegeu vereador suplente em Itaquaquecetuba (SP) em 2004, 2008 e 2012.

 

Ao Estadão, o candidato disse que as cinco empresas que declarou são do ramo imobiliário e foram adquiridas recentemente, por isso não foram declaradas em 2016, quando disputou como vice-prefeito de Itaquaquecetuba pelo PSC, e a chapa não foi eleita. Naquele ano, o patrimônio declarado foi de R$ 598,8 mil - entre veículos, uma casa e quotas de capital de empresas.

 

2º - Cleri Camilotti (PDT): R$ 1.542.273.920,00

 

Um dos dois bilionários da lista é o candidato a prefeito de Dois Irmãos (RS), a 60 quilômetros da capital Porto Alegre, Cleri Camilotti (PDT). O empresário declarou mais de R$ 1,5 bilhão em bens à Justiça Eleitoral. O item de maior valor são quotas na empresa do setor energético RGSC Ambiental, que correspondem a 99,3% do patrimônio do candidato. Segundo dados públicos sobre a companhia, o capital social dela é de mais de R$ 4 bilhões.

 

O candidato também declarou outras quotas em empresas, um prédio comercial de R$ 2,5 milhões, um apartamento de R$ 155,9 mil, entre outros bens.

 

Camilotti já foi prefeito do município antes, eleito em 2008 pelo PTB, e reeleito em 2012 pelo mesmo partido. Na primeira eleição, há 16 anos, o candidato declarou R$ 270,4 mil. No pleito seguinte, o valor do patrimônio informado à Justiça Eleitoral foi três vezes maior, de R$ 846,7 mil. Procurada pelo Estadão, a campanha do candidato não quis comentar sobre o patrimônio.

 

1º - João Henrique Pinheiro (PRTB): R$ 2.851.300.000,00

 

Postulante ao cargo de prefeito de Marília, João Pinheiro (PRTB), de 39 anos, é o mais rico entre todos os candidatos das eleições municipais de 2024. Empresário que estreia na política, ele declarou ter um patrimônio de R$ 2,85 bilhões relacionados a uma empresa de exportação de produtos agropecuários.

 

O candidato informou ter 95% das participações da empresa Sugar Brazil, que comercializa derivados de açúcar. Ele também disse ter R$ 1 milhão das quotas de capital da empresa Das Marias Agropecuária. Outro bem declarado ao TSE foi R$ 300 mil de caderneta de poupança da Caixa Econômica Federal.

 

Ao Estadão, Pinheiro disse ser dono de oito aviões, sendo cinco jatos e três bimotores. Ele também afirmou que possui três helicópteros e 12 carros. Nenhum desses bens foi declarado ao TSE. Pinheiro explicou que não o fez porque fica pouco tempo com os veículos, já que costuma trocá-los ao longo do ano. "São ativos e, geralmente, faço muitas permutas em negócios", afirmou.

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O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia neste domingo de criar uma falsa aparência de respeito a um cessar-fogo de Páscoa, afirmando que Moscou continuou lançando ataques durante a noite, mesmo após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma trégua temporária unilateral na Ucrânia.

"Na manhã de Páscoa, podemos dizer que o exército russo está tentando criar uma impressão geral de cessar-fogo, mas, em alguns locais, não abandona tentativas isoladas de avançar e causar perdas à Ucrânia", disse Zelenski em uma publicação na rede X.

Apesar da declaração de cessar-fogo feita por Putin no sábado, Zelenski afirmou na manhã de domingo que as forças ucranianas registraram 59 episódios de bombardeios russos e cinco investidas de unidades em diferentes pontos da linha de frente, além de dezenas de ataques com drones.

Em uma atualização posterior também publicada na plataforma, Zelenski disse que "apesar de a Ucrânia ter declarado uma abordagem simétrica às ações russas", houve um aumento nos bombardeios e ataques com drones desde as 10h (horário local). Ele afirmou, no entanto, que "ao menos foi algo positivo o fato de não terem soado os alertas de ataque aéreo".

"Na prática, ou Putin não tem controle total sobre seu exército, ou a situação prova que, na Rússia, não há qualquer intenção de dar um passo real para encerrar a guerra - o único interesse é obter uma cobertura favorável na mídia", escreveu ele.

Zelenski afirmou que a Rússia deve cumprir integralmente as condições do cessar-fogo e reiterou a proposta da Ucrânia de estender a trégua por 30 dias, a partir da meia-noite de domingo.

Ele disse que a proposta "permanece sobre a mesa" e acrescentou: "Agiremos de acordo com a situação real no terreno".

Zelenski declarou, na noite de sábado, que algumas áreas estavam mais calmas desde o anúncio do cessar-fogo, o que, segundo ele, demonstra que Putin é a "verdadeira causa" da guerra.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

Poucas horas após anunciar o cessar-fogo, o presidente Vladimir Putin participou na noite de sábado de uma missa de Páscoa na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, conduzida pelo Patriarca Kirill - líder da Igreja Ortodoxa Russa e defensor declarado de Putin e da guerra na Ucrânia.

Segundo o Kremlin, o cessar-fogo terá duração das 18h de sábado, no horário de Moscou, até a meia-noite após o domingo de Páscoa.

Putin não forneceu detalhes sobre como o cessar-fogo seria monitorado nem se ele se aplicaria a ataques aéreos ou aos combates terrestres que continuam sem interrupção.

O anúncio foi feito após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar na sexta-feira que as negociações entre Ucrânia e Rússia estão "chegando a um ponto decisivo" e insistir que nenhum dos lados está "jogando com ele" em sua tentativa de pôr fim à guerra, que já dura três anos.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse novamente neste sábado, 19, que Israel "não tem escolha" a não ser continuar lutando em Gaza e que não encerrará a guerra antes de destruir o Hamas, libertando os reféns e garantindo que o território não represente uma ameaça a Israel.

O primeiro-ministro também repetiu sua promessa de garantir que o Irã nunca receba uma arma nuclear.

Netanyahu está sob crescente pressão em casa não apenas de famílias de reféns e seus apoiadores, mas também de soldados israelenses reservistas e aposentados que questionam a continuação da guerra depois que Israel rompeu um cessar-fogo no mês passado.

Em sua declaração, ele disse que o o grupo terrorista Hamas rejeitou a mais recente proposta de Israel de libertar metade dos reféns em troca de outra trégua temporária. O Hamas disse que só libertará os reféns restantes em troca de uma retirada israelense e um cessar-fogo duradouro, como solicitado no acordo que Israel rompeu.

Ataques israelenses mataram mais de 90 pessoas em 48 horas, informou neste sábado o Ministério da Saúde de Gaza. Tropas israelenses têm intensificado as investidas para pressionar o Hamas a libertar os reféns e se desarmar.

Crianças e mulheres estão entre as 15 pessoas mortas durante a noite, segundo funcionários de hospitais. Pelo menos 11 mortes ocorreram na cidade de Khan Younis, no sul, várias delas em uma tenda na área de Muwasi, onde centenas de milhares de deslocados estão abrigados, de acordo com os profissionais de saúde. Israel designou a região como zona humanitária.

Enlutados seguravam e beijavam os rostos dos mortos. Um homem acariciou a testa de uma criança com o dedo antes de os sacos mortuários serem fechados.

Outras quatro pessoas foram mortas em ataques na cidade de Rafah, incluindo uma mãe e a filha, segundo o Hospital Europeu, para onde os corpos foram levados.

Mais tarde, no sábado, um ataque aéreo israelense contra um grupo de civis a oeste de Nuseirat, no centro de Gaza, matou uma pessoa, segundo o Hospital Al-Awda.

Em comunicado, o Exército de Israel afirmou ter matado mais de 40 militantes durante o fim de semana.

Separadamente, os militares informaram que um soldado foi morto no sábado, no norte da Faixa de Gaza, e confirmaram que essa foi a primeira morte de um soldado desde que Israel retomou a guerra, em 18 de março. O braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, afirmou ter emboscado forças israelenses que operavam a leste do bairro al-Tuffah, na Cidade de Gaza.

Israel prometeu intensificar os ataques em toda a Faixa de Gaza e ocupar indefinidamente grandes "zonas de segurança" dentro do pequeno território costeiro, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas.

Israel também mantém Gaza sob bloqueio há seis semanas, impedindo novamente a entrada de alimentos e outros bens.

Nesta semana, grupos de ajuda humanitária soaram o alarme, alertando que milhares de crianças estão desnutridas e que a maioria das pessoas mal consegue fazer uma refeição por dia, à medida que os estoques se esgotam, segundo as Nações Unidas.

Na sexta-feira, a chefe do escritório da Organização Mundial da Saúde para o Mediterrâneo Oriental, Dra. Hanan Balkhy, pediu ao novo embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, que pressione o país a suspender o bloqueio a Gaza para que medicamentos e outros tipos de ajuda possam entrar.

"Eu gostaria que ele fosse até lá e visse a situação com os próprios olhos", disse ela.

A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251. A maior parte dos reféns foi libertada por meio de acordos de cessar-fogo ou outras negociações. Atualmente, o Hamas mantém 59 reféns.

A ofensiva de Israel já matou mais de 51 mil palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não distingue civis de combatentes.

A guerra destruiu amplas áreas de Gaza e a maior parte de sua capacidade de produção de alimentos. Cerca de 90% da população está deslocada, com centenas de milhares de pessoas vivendo em acampamentos improvisados e prédios bombardeados.

Milhares de israelenses participaram de protestos na noite de sábado pedindo um acordo.

"Façam o que já deveriam ter feito há muito tempo. Tragam todos de volta agora! E em um só acordo. E se isso significar parar a guerra, então parem a guerra", disse o ex-refém Omer Shem Tov durante um protesto em Tel Aviv.

A frustração tem crescido dos dois lados, com protestos públicos raros contra o Hamas dentro de Gaza e manifestações semanais contínuas em Israel pressionando o governo a fechar um acordo para trazer todos os reféns de volta para casa.

A Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu temporariamente nesta sábado, 19, o governo de Donald Trump de deportar um grupo de imigrantes venezuelanos detidos no norte do Texas sob a acusação de serem criminosos. A decisão acatou o pedido feito pelos advogados do grupo, que dizia que eles corriam perigo de serem expulsos do país através da 'Lei do Inimigo Estrangeiro', uma lei de guerra do século 18 que dispensa o processo legal.

Em março, Trump usou a legislação pela primeira vez desde a 2.ª Guerra para deportar cerca de 280 migrantes para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), a prisão de segurança máxima de El Salvador, sob a mesma acusação de serem criminosos. Parte dos deportados - entre eles, o salvadorenho Kilmar Abrego Garcia - alega inocência. Em decorrência, a Suprema Corte determinou no início do mês que os migrantes sob o risco de deportação tenham chance de apresentar defesa e contestar o governo com um "tempo razoável" antes de serem expulsos.

O novo grupo sob risco de ser deportado pela lei é composto por 50 venezuelanos, detidos no Centro de Detenção Bluebonnet, no Texas. A defesa deles está sob responsabilidade da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que iniciou a ação no Supremo com um pedido de urgência. "Esses homens quase passaram a vida em uma prisão estrangeira horrível sem nunca terem tido o devido processo legal", disse o principal advogado da ACLU, Lee Galent, após a decisão.

A maioria dos juízes do Supremo concordou em proibir o governo Trump de seguir com a deportação "até nova ordem deste tribunal" do grupo de venezuelanos que está preso no Centro de Detenção Bluebonnet, no Texas. Os juízes Clarence Thomas e Samuel Alito discordaram. A Casa Branca não se pronunciou sobre a decisão.

Disputas judiciais

Na semana passada, o governo americano não cumpriu uma decisão judicial, emitida por uma juíza federal, que determinou o retorno do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia, que o governo afirmou ter deportado "por engano" à prisão de El Salvador. O governo afirma que não tem autoridade para trazê-lo de volta, uma vez que ele não se encontra mais em solo americano, em desafio à Justiça.

Abrego García vivia com a esposa e três filhos há 14 anos em Maryland e possuía a situação legal quando foi deportado em março. Após a família perder o contato, ele foi reconhecido nas imagens que mostravam o grupo de deportados acusados de crime na prisão de El Salvador. A maioria foi acusada de fazer parte do grupo criminoso Tren de Aragua, que atua na Venezuela, por causa de tatuagens com símbolos que remetem à facção.

Todos foram deportados com base na Lei de Inimigo Estrangeiro, utilizada nos EUA em tempos de guerra. O juiz federal James Boasberg emitiu uma ordem para impedir a expulsão, mas o governo alegou que eles já haviam saído do país antes da decisão.

Segundo juristas americanos, a Lei de Inimigo Estrangeiros permite que o governo americano atropele o devido processo legal ao ignorar a defesa dos acusados. Eles alertam que a medida será contestada com frequência nos tribunais porque os EUA não estão em guerra. Outro questionamento dos juristas é o uso da lei para atingir não apenas imigrantes indocumentados, mas também aqueles com permissão para estar no país.

Decretos

Os questionamentos contra a Trump na Justiça se estendem a vários decretos presidenciais. A Justiça também proibiu a tentativa do governo em acabar com o direito à cidadania por nascimento, garantido na Constituição americana. O caso tramita na Suprema Corte após a Casa Branca recorrer da decisão, mas ainda não foi analisado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.