André Mendonça manda trancar duas investigações sobre Cláudio Castro por suspeita de corrupção

Política
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O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou trancar duas investigações envolvendo o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), por suspeita de corrupção.

Os inquéritos têm relação com a Operação Catarata e as suspeitas de desvios na Fundação Leão XIII. Em nota, a defesa afirmou que a decisão reconhece "diversas ilegalidades e abusos nas espúrias investigações".

Além de encerrar os inquéritos, o ministro anulou provas obtidas a partir do acordo de colaboração premiada do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva. A decisão afirma que os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro desrespeitaram "conscientemente" a prerrogativa de foro do governador.

"Sem adentrar em eventuais implicações de má-fé em relação aos promotores que atuaram no caso, não se pode deixar de consignar que as ilegalidades verificadas (...) caracterizam, no mínimo, a existência de erro grave", escreveu André Mendonça.

As irregularidades identificadas pelo ministro teriam ocorrido nas negociações para a complementação da delação do empresário. O acordo foi fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) por implicar autoridades com prerrogativa de foro. Posteriormente, o Ministério Público do Rio aderiu do acordo. A adesão, no entanto, não foi imediata. Os promotores de primeiro grau fizeram quatro reuniões com o empresário, entre novembro de 2021 e abril de 2022, para decidir se aproveitariam a delação, o que efetivamente ocorreu.

Para André Mendonça, essas reuniões foram usadas para burlar a prerrogativa de foro e obter informações sobre Cláudio Castro irregularmente. "Os depoimentos foram sendo colhidos em progressão, a partir de uma sequência de reuniões e buscas nessa direção", concluiu o ministro.

Quando foi ouvido formalmente pelos promotores de primeiro grau, após a adesão do MP do Rio ao acordo, o empresário acusou formalmente Cláudio Castro de corrupção. Com a menção expressa ao governador, o caso foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem competência para julgar os chefes de Executivo dos Estados.

"Apenas depois de tudo colhido, pugnou-se pela remessa ao STJ, como se o envolvimento do Governador pelas palavras do colaborador tivesse surgido de forma repentina e inesperada, fortuita. Porém, bem se vê que de encontro fortuito de elementos não se tratou", diz o ministro em outro trecho da decisão.

"As falas em relação ao paciente não foram surpreendentes ou inesperadas, a exemplo do que poderia ocorrer em uma interceptação telefônica, em uma busca e apreensão ou em uma prisão em flagrante. A referência ao Governador não se deu repentinamente."

A decisão não é definitiva. Se houver recurso, o STF ainda poderá se debruçar sobre o processo e, eventualmente, autorizar a retomada dos inquéritos. Se os ministros confirmarem o posicionamento de André Mendonça, a investigação deverá ser encerrada em definitivo.

Defesa

Procurados pela reportagem, os advogados Daniel Bialski, Bruno Garcia Borragine, Luís Felipe D'Alóia, Bruna Luppi Moraes e André Bialski, que representam o governador, enviaram a seguinte nota:

"A defesa do Governador Cláudio Castro recebe com alívio a decisão da Suprema Corte que além de reconhecer as diversas ilegalidades e abusos nas espúrias investigações promovidas, determinou o trancamento dos Inquéritos que tramitam perante o Superior Tribunal de Justiça. E, em respeito às regras processuais e ao segredo de justiça imposto aos autos, se limita a elogiar a brilhante decisão proferida que, uma vez mais, respeitou os direitos e garantias fundamentais, dando fim aos nulos procedimentos."

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Durante o encontro do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia (UDCG, na sigla em inglês), realizado hoje na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas, 51 países aliados anunciaram um pacote de 21 bilhões de euros em apoio militar adicional à Ucrânia. O grupo, que antes era liderado pelos Estados Unidos, agora conta com a Alemanha e o Reino Unido na liderança.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, destacou que a Alemanha contribuirá com 11 bilhões de euros até 2029, chamando esse valor de "recorde no financiamento militar" para Kiev. Já o Reino Unido se comprometeu com 5,3 bilhões de euros apenas neste ano, um montante que, segundo o secretário de Defesa britânico, John Healey, é "a maior contribuição já feita".

Apesar do apoio, Pistorius alertou que a paz na Ucrânia "está fora de alcance no futuro imediato" e reforçou: "A Rússia precisa entender que a Ucrânia é capaz de continuar lutando, e nós a apoiaremos". O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, agradeceu à Europa por "assumir a liderança na assistência de segurança", mas também fez uma advertência: Moscou está "aumentando a produção militar". Ele ainda afirmou que os Estados Unidos continuam sendo vistos como o "parceiro principal" na luta contra a Rússia.

Pistorius ressaltou que a Europa precisa "olhar para o que podemos fazer sozinhos" e "assumir mais responsabilidade, junto com o Reino Unido". Healey, por sua vez, acusou Vladimir Putin de "arrastar os pés e atrasar negociações" sobre o cessar-fogo parcial proposto pelos EUA, argumentando: "Putin diz querer paz, mas suas forças continuam atacando alvos militares e civis".

Sobre o plano de segurança previsto para ser implantado após o cessar-fogo e discutido pela "coalizão dos dispostos" (grupo que não inclui os EUA), Healey garantiu: "Nossos planos são reais, substanciais e bem avançados". Mais cedo, porém, a diplomata da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que reunião fracassou em apresentar planos claros para a implementação de um acordo pós-guerra na Ucrânia, segundo o The Telegraph.

O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, declarou que a "linha vermelha" do governo Trump em relação ao Irã é impedir que o país consiga desenvolver uma arma nuclear, o que poderia abrir uma brecha para Teerã antes das negociações cruciais deste fim de semana.

Qualquer acordo que permita a continuidade do programa nuclear iraniano de alguma forma seria visto como um retrocesso para o governo dos EUA e ficaria aquém da posição de Israel, que insiste que um acordo credível deve incluir a destruição das instalações nucleares do Irã, sob supervisão dos EUA.

Witkoff, que liderará as negociações em Omã pelos EUA, afirmou que a demanda inicial da administração americana seria a eliminação do programa nuclear iraniano, mas reconheceu que certos compromissos poderiam ser necessários para alcançar um acordo.

"A nossa posição começa com a desmontagem do programa nuclear", disse Witkoff, resumindo a mensagem que transmitirá aos oficiais iranianos. "Isso não significa que não possamos explorar outras maneiras de buscar um compromisso entre os dois países. Nosso limite será: não pode haver militarização da capacidade nuclear do Irã", acrescentou Witkoff.

Caso o Irã se recuse a desmantelar seu programa nuclear, afirmou Witkoff, a questão será levada ao presidente Trump para que ele decida os próximos passos, confrontando a Casa Branca com a difícil tarefa de determinar até que ponto as atividades nucleares do Irã podem ser toleradas. Alguns analistas alertam que insistir na eliminação total do programa nuclear iraniano pode resultar em um impasse, possivelmente desencadeando um conflito militar.

O Irã tem resistido por muito tempo às exigências de desmantelar completamente seu programa nuclear, que sustenta ser destinado a fins pacíficos, sem a intenção de produzir uma arma nuclear. Autoridades iranianas afirmam que buscam alívio nas sanções econômicas e a restauração dos laços comerciais com os EUA, mas advertiram que uma ação militar americana faria com que o Irã parasse de cooperar com os inspetores internacionais e transferisse seu material nuclear para locais secretos.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou apoio à questão da Groenlândia diante de ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante um telefonema da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, na manhã desta sexta-feira, 11. A informação é da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal.

Ao longo de 40 minutos de conversa, ambos concordaram com a importância da defesa dos princípios do multilateralismo, especialmente no que diz respeito ao livre comércio.

A Groenlândia é um território autônomo da Dinamarca que, como os EUA, faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo Trump, a anexação do território seria uma questão de segurança nacional para os norte-americanos.

Convite para visita ao Brasil

Lula também reforçou o convite para que a primeira-ministra visite o Brasil no segundo semestre deste ano, tanto para participar da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, quanto da Cúpula Brasil-União Europeia, cuja data ainda será definida, conforme o anúncio feito em dezembro do ano passado.

Mercosul-UE

Ambos manifestaram o interesse de trabalhar juntos pela finalização do acordo entre Mercosul e União Europeia.

O Brasil estará na presidência do Mercosul no segundo semestre de 2025, e a Dinamarca na presidência rotativa do Conselho da União Europeia.