Série sobre Secos & Molhados estreia com Ney Matogrosso e depoimentos inéditos

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Quase cinco décadas depois do auge do Secos & Molhados, Ney Matogrosso e Gerson Conrad voltam a dividir os vocais em uma gravação inédita. A reunião faz parte da série documental Primavera nos Dentes - A História dos Secos & Molhados, que estreia no Canal Brasil em 31 de outubro, às 21h30, com reprises aos sábados e domingos.

O projeto, dirigido e roteirizado por Miguel de Almeida e produzido por Marcelo Braga, resgata a trajetória de uma das bandas mais marcantes da música brasileira.

Além de depoimentos exclusivos, a série conta com a participação de músicos que integraram o grupo nos anos 1970, como Willy Verdaguer (contrabaixo) e Emilio Carrera (piano), que criaram novas composições inspiradas na sonoridade original.

Um retrato dos anos 1970

Dividida em quatro episódios, a produção apresenta imagens de arquivo, registros raros e entrevistas com artistas e colaboradores. O documentário mostra como o grupo, em plena ditadura militar, provocou mudanças na estética e no comportamento da música popular brasileira.

O diretor Miguel de Almeida, autor do livro que inspira a série, destaca a influência do teatro de vanguarda da época nas performances da banda, como a maquiagem icônica de Ney Matogrosso.

A narrativa também aborda o impacto cultural do grupo, que chegou a superar Roberto Carlos em vendas e a atrair mais de 20 mil pessoas ao Maracanãzinho.

Conflitos e legado

A série traz ainda depoimentos sobre as tensões internas que levaram ao fim da formação original. O produtor Henrique Suster, por exemplo, detalha questões financeiras que geraram desentendimentos. Sem a liberação das músicas clássicas por parte de João Ricardo, terceiro integrante da banda, a produção optou por criar novas canções para homenagear os fãs.

Entre elas está Ouvindo o Silêncio, composta por Gerson Conrad e Paulo Mendonça, interpretada por Ney e Gerson no encerramento da série. A faixa ganhou um videoclipe especial.

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A emboscada seguida da morte do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, não foi o primeiro crime do qual ele foi vítima. Em dezembro de 2023, Fontes sofreu um assalto, na Praia Grande, litoral paulista. Na época, ele já demonstrava preocupação com sua segurança e de familiares, após anos de atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).

"Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro. Minha família, agora, quer que eu deixe o emprego em Praia Grande e saia de São Paulo", disse ao Estadão após o episódio. Ele ainda apontava estar preocupado com a exposição do assalto nas mídias e que sua família se sentia ameaçada.

Ele e a mulher saíam de um restaurante e iam para casa quando foram abordados. Um dos criminosos apontou a arma para a cabeça do ex-policial. Foram roubados celulares, joias, cartões e a moto do casal. Os suspeitos foram presos em flagrante, e os bens, recuperados. Na época, Fontes atuava como secretário da Administração na prefeitura de Praia Grande.

Em maio de 2022, o ex-delegado-geral foi vítima de um assalto, mas na Avenida do Estado, zona sul da capital. Uma dupla em uma motocicleta o abordou, mas desistiu ao perceber que o veículo que Fontes dirigia era blindado.

Dois anos antes, em 2020, Fontes sofreu uma emboscada de assaltantes no Ipiranga. Ele reagiu e chegou a balear um dos criminosos, que conseguiu fugir. Já em 2012, o ex-chefe da Polícia Civil foi abordado por dois homens na Via Anchieta, no ABC.

Houve troca de tiros e um dos suspeitos morreu. Fontes estava junto de uma investigadora da Polícia Civil. Ela foi atingida no pescoço e ficou internada por 45 dias após passar por cirurgia.

Quando atuava à frente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fontes comandou parte das investigações sobre os atentados praticados pelo PCC no Estado.

Foi ele que indiciou alguns dos principais líderes da facção, como Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola". Também foi responsável pelo indiciamento da mulher de "Marcola" por lavagem de dinheiro da organização criminosa.

A morte de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado de São Paulo assassinado na Praia Grande, nesta segunda-feira, 15, reascendeu debates sobre a violência e atuação criminosa no litoral do Estado.

Nos últimos dias, quem já havia sinalizado a respeito do tema foi Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo. Em palestra no Fórum O Otimista Brasil 2025, no dia 8 de setembro, o capitão e deputado federal deu detalhes sobre o "cenário de guerra" que encontrou na Baixada Santista durante as Operações Escudo e Verão, realizadas em 2023 e 2024 na região.

"[As operações] Foram amplamente divulgadas pela mídia; em alguns casos, criticadas por aqueles que não imaginavam o cenário de guerra que foi encontrado lá na Baixada Santista", iniciou Derrite. "Eu quero deixar claro que o confronto é a nossa última opção. Se tem alguém que não deseja o confronto entre a Polícia e criminosos sou eu, porque é o momento mais triste da vida dessa função que eu exerço aqui", ressaltou.

O secretário citou que foram desmobilizadas 27 barricadas, espécie de trincheiras improvisadas, na dimensão da Baixada Santista.

"Não é um cenário de paz e tranquilidade. O que estava se formando ali era a tentativa da criação de um território paralelo dentro do Estado de São Paulo. Nós já vimos esse filme acontecer em outros locais e tenho certeza de que é muito prejudicial", explicou.

Após a morte de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral de São Paulo, assassinado na Praia Grande, no litoral sul, nesta segunda-feira, 15, a Polícia Civil e a Polícia Militar iniciaram uma verdadeira "caçada" em busca dos criminosos na Baixada Santista. Fontes foi baleado em uma emboscada enquanto saía da sede da Prefeitura de Praia Grande.

Mais de uma centena de policiais da capital foram enviados para a Baixada Santista. "Estamos mobilizando o DHPP e o Deic nessa investigação. É algo muito triste. O doutro Ruy era uma figura emblemática da Polícia Civil e muito atuante no combate ao crime organizado. Estava aposentado desde maio 2023. Vamos priorizar a investigação, mas já determinei a ida do (Batalhão de) Choque para a Baixada para tranquilizar a população", afirmou o secretário da Segurança Púbica, Guilherme Derrite.

Ruy Ferraz Fontes ficou conhecido por sua atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, após ser nomeado para o cargo de delegado-geral no então governo João Doria (na época no PSDB).

Imagens de câmeras de segurança mostram que Fontes estava em alta velocidade, provavelmente fugindo dos bandidos, quando entra no cruzamento e é atingido por um ônibus. O carro capota. Os bandidos descem da picape com fuzis e atiram no delegado, que reagiu.

Para promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) ouvidos pelo Estadão, "tudo indica que foi um crime de máfia".

"Policiais militares atenderam rapidamente à ocorrência e localizaram o veículo utilizado pelos criminosos. A cena foi preservada para a realização da perícia, e o caso está sendo registrado na Polícia Civil. Equipes estão em campo, realizando diligências e utilizando ferramentas de inteligência para identificar, prender e responsabilizar os envolvidos", disse, em nota a Secretaria da Segurança Pública.

A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol do Brasil) emitiu nota de pesar e chamou o morte de Fontes de "tragédia sem precedentes". "Trata-se de uma tragédia de proporções inenarráveis, que atinge não apenas a Polícia Civil, mas toda a sociedade brasileira, pois cala uma voz firme e comprometida com a lei, a justiça e a proteção da cidadania. Sua dedicação, coragem e os enormes prejuízos impostos às organizações criminosas fizeram dele alvo da violência que sempre combateu com bravura", diz a nota.

Histórico de atuação contra o PCC

Ruy ficou conhecido por sua atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, após ser nomeado para o cargo de delegado-geral no então governo João Dória (na época no PSDB).

Em 2006, ele foi o responsável por indiciar toda a cúpula do primeiro Comando da Capital (PCC), inclusive Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, antes de os bandidos serem isolados na penitenciária 2 de presidente Venceslau.