'O Telefone Preto 2': Conheça a história real dos serial killers que inspiraram o filme

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Sequência do sucesso de 2022, O Telefone Preto 2 estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 16. O novo terror sobrenatural de Scott Derrickson, que também comandou o primeiro filme, traz Finney (Mason Thames) e Gwen (Madeleine McGraw) lidando com o retorno d'O Pegador (Ethan Hawke), que faz novas vítimas em um acampamento.

Adaptação do conto homônimo de Joe Hill, filho de Stephen King, O Telefone Preto pode não ser um true crime, mas seu principal vilão foi criado usando elementos de dois dos serial killers mais famosos da cultura pop.

Na história original de Hill, O Pegador não é um mágico magro e alto como o personagem de Ethan Hawke. O texto, na verdade, o descreve como um palhaço gordo, características que imediatamente remetem a John Wayne Gacy, serial killer que ficou conhecido como Palhaço Assassino após ser descoberto que ele abusou e matou 33 meninos entre 1972 e 1978.

Gacy escondia sua identidade assassina por trás de seu trabalho como palhaço, ficando conhecido em algumas regiões como animador de festa. Ele também era muito querido entre os membros de sua comunidade, que ficava nos arredores de Chicago. Seus vizinhos o conheciam como um homem caridoso e prestativo e que, nos verões, dava populares festas temáticas.

Preso em 1978, Gacy admitiu seus crimes, contando que atraia suas vítimas para sua residência sob o pretexto de mostrar e ensinar truques de mágica que exibia em suas apresentações. Assim como o serial killer real, O Pegador usava essa mesma desculpa para atrair adolescentes ao interior de sua van.

Outro assassino muito conhecido que inspirou O Pegador foi Dean Corll, mais conhecido como o Candy Man ('homem dos doces', em tradução livre). Herdeiro de uma fábrica de doces, ele era conhecido por dar doces de graça a crianças. Ele também chegou a integrar o exército estadunidense entre 1964 e 1965, tendo sido dispensado após afirmar que sua presença era essencial para os negócios da família.

Em 1973, ele foi preso pelo estupro e assassinato de pelo menos 29 garotos, que eram atraídos para armadilhas por outros dois adolescentes. Corll tinha métodos similares ao Pegador com suas vítimas, prendendo-as em um porão e torturando-as até decidir matá-las por asfixia ou com tiros.

Mudança na adaptação

Com o sucesso das adaptações de IT: A Coisa, cujo principal vilão era o palhaço Pennywise, o próprio Hill sugeriu a Derrickson e ao co-roteirista C. Robert Cargill que o disfarce d'O Pegador fosse alterado, temendo comparações com o trabalho de King.

Em entrevista concedida ao LA Times em 2022, Cargill revelou que Hill sugeriu a transformação d'O Pegador em um mágico como os que se apresentavam nos Estados Unidos entre os anos 1930 e 1940, em que os ilusionistas faziam shows com dois figurinos - um humano e um demônio, criando uma narrativa combativa em suas apresentações. Foi dessa sugestão que os cineastas decidiram incorporar a máscara de demônio ao seu serial killer fictício.

Embora ainda tenham concebido o roteiro imaginando um vilão mais robusto, como era Gacy, Derrickson e Cargill mudaram de ideia quando Hawke entrou no projeto. "Vamos só deixar o Ethan ser o Ethan, porque ele trará algo totalmente novo e separado [de Gacy] para o filme", contou o diretor, também ao LA Times.

Outras inspirações na realidade

Gacy e Corll não foram as únicas inspirações reais levadas à adaptação de O Telefone Preto. Derrickson revelou, ainda na época do primeiro filme, que sua infância em Denver, no estado norte-americano do Colorado, teve influência direta na construção do bairro em que o longa se passa.

"Cresci numa área no norte de Denver que era bem violenta", lembrou o diretor em conversa com o news.com.au. "Muito bullying, muitas brigas, muitas crianças sangrando o tempo todo. E isso também foi logo depois de [o serial killer] Ted Bundy passar pelo Colorado matando pessoas."

"Quando eu tinha oito anos, meu amigo e vizinho veio bater à nossa porta e disse 'alguém matou minha mãe'", contou. "E tinha muita violência doméstica, mesmo na minha casa e nas casas de muitas das crianças que eu conhecia. Pais puniam seus filhos muito agressivamente, então foi um lugar muito violento e assustador para se crescer. Tentei trazer esse ambiente de forma realista para o filme."

Muito desta história de vida de Derrickson acabou entrando na trama de Finney. Além de ver conhecidos desaparecendo e lidando com bullying, o garoto também convive com um pai alcoólatra, que era rotineiramente abusivo com ele e com Gwen.

O pé na realidade ajudou a deixar O Telefone Preto mais realista mesmo com seus elementos sobrenaturais e é um dos grandes responsáveis pelo sucesso mundial do longa original.

O Telefone Preto 2 está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil. O primeiro filme está disponível para streaming no canal Universal do Prime Video e disponível para venda e aluguel digital nas lojas do Prime Video, YouTube, Google Play e Apple TV.

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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira, 17, a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

"As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais", escreveu o ministro em seu último dia no STF antes de se aposentar. A votação foi suspensa na sequência por um pedido de destaque do decano Gilmar Mendes.

Barroso usou a mesma estratégia de Rosa Weber, que deu o primeiro voto a favor da descriminalização às vésperas da aposentadoria, em setembro de 2023. Foi ela quem definiu o limite das 12 semanas. Barroso a acompanhou integralmente.

Entenda o que está em discussão

A votação se refere a uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442) que foi protocolada ainda em 2017 pelo PSOL e pelo Instituto Anis. Em linhas gerais, a ação questiona se a mulher e quem realizou o procedimento de aborto devem responder na Justiça.

Na prática, a ADPF 442 pede que o aborto seja permitido em quaisquer circunstâncias até a 12.ª semana de gestação, mesmo modelo adotado na Alemanha.

Como é a lei sobre o aborto atualmente?

Atualmente, a legislação brasileira autoriza o aborto apenas nos casos em que não há outra forma de salvar a vida da gestante, se a gravidez for resultado de estupro ou se o feto for anencéfalo.

No entanto, quem propôs a ação afirma que as razões jurídicas que criminalizaram o aborto em 1940 não se sustentam. Segundo a petição inicial, elas "violam os preceitos fundamentais da dignidade, da cidadania, da não discriminação, da inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da proibição de tortura", dentre outros.

Na peça, as autoras citam ainda o alto número de abortos no País, com riscos sobretudo para as mulheres e adolescentes mais vulneráveis, como as negras e pobres.

A descriminalização do aborto foi debatida?

A discussão sobre a descriminalização do aborto foi objeto de audiência pública em 2018 convocada pela então ministra Rosa Weber. O objetivo era debater o tema com especialistas e representantes de entidades governamentais e da sociedade civil.

Naquela audiência, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se posicionou contra a descriminalização por "razões de ética, moral e religiosa". A entidade vê na liberação um "atentado contra a vida nascente".

A Pesquisa Nacional do Aborto, de 2021, feita por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), apontou que uma em cada sete mulheres até 40 anos já realizou um aborto e os números mais altos estão "entre as entrevistadas com menor escolaridade, negras e indígenas e residentes em regiões mais pobres".

Dados de 2020 da Organização Mundial da Saúde apontam que cerca de 45% dos abortos feitos no mundo são inseguros e, dentre eles, 97% são feitos em países em desenvolvimento.

O relatório "Tendências na mortalidade materna de 2000 a 2020", feito por várias agências ligadas à ONU (OMS, Unicef, Fundo de População das Nações Unidas, Banco Mundial e Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas) coloca complicações por aborto inseguro como uma das principais causas de mortalidade materna - ao lado de pressão alta, sangramentos e infecções.

O que é uma ADPF?

A sigla significa ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental. É um dos processos do controle de constitucionalidade - igual a ADI, ação de declaração de inconstitucionalidade, por exemplo - que serve para avaliar se uma lei anterior à Constituição está ou não de acordo com ela.

Como foi o voto de Barroso?

Como o Estadão mostrou, o ministro buscou enquadrar o tema a partir de uma perspectiva essencialmente jurídica, com destaque para os direitos da mulher sexuais e reprodutivos da mulher, mas registrou o respeito às doutrinas religiosas que se opõem ao procedimento.

"Direitos fundamentais não podem depender da vontade das maiorias políticas. Ninguém duvide: se os homens engravidassem, aborto já não seria tratado como crime há muito tempo", diz um trecho do voto.

Barroso fez a ressalva de que não é a favor do aborto em si, mas sim contra a prisão de mulheres que se submetem ao procedimento. "É perfeitamente possível ser simultaneamente contra o aborto e contra a criminalização", argumentou.

O ministro também defendeu que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública, não de direito penal. E argumentou que a criminalização não diminui o número de ocorrências, o que na avaliação dele torna a norma ineficiente.

A Defesa Civil emitiu um alerta para temporais em todo o Estado de São Paulo, válido a partir da noite desta sexta-feira, 17, até o próximo domingo, 19.

De acordo com o órgão, a instabilidade deve se espalhar por todo o território paulista, com previsão de fortes chuvas, rajadas de vento e descargas elétricas. Há também possibilidade de queda de granizo, de forma mais isolada.

A mudança no tempo, após dias de calor, é resultado do avanço de uma frente fria associada à umidade proveniente da Amazônia, que deve provocar queda nas temperaturas, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil.

Na região metropolitana de São Paulo, há previsão de tempestades acompanhadas de raios, ventos fortes e granizo isolado. A temperatura máxima não deve ultrapassar os 26°C, enquanto a mínima será de 11°C, segundo a Defesa Civil.

A região do litoral norte deverá registrar as chuvas mais intensas e rajadas de vento mais fortes, com temperaturas entre 15°C e 27°C. Já na Baixada Santista, os termômetros devem variar entre 16°C e 25°C no fim de semana, também com condições para tempestades.

"A previsão indica também ventos de forte a muito forte intensidade ao longo de todo o litoral paulista, o que pode causar ressacas, agitação marítima e risco para a navegação de pequenas embarcações", informou a Defesa Civil.

Na região de São José dos Campos, as temperaturas variam de 12°C a 29°C, com risco de ventos fortes e descargas elétricas. Na Serra da Mantiqueira, os termômetros devem registrar mínimas de 7°C e máximas de 22°C, com possibilidade de granizo isolado.

O Vale do Ribeira e a região de Itapeva terão mínimas de 15°C e máximas de 26°C, segundo a Defesa Civil. Já nas regiões de Sorocaba e Campinas, no interior do Estado, as temperaturas variam de 11°C a 23°C, também com chance de granizo.

Nas regiões de Presidente Prudente e Marília, a mínima será de 15°C e a máxima de 26°C, com previsão de pancadas de chuva. Situação semelhante é esperada nas regiões de Bauru e Araraquara, onde os termômetros devem marcar entre 13°C e 27°C, com chuva e trovoadas.

O calor deve persistir em Araçatuba e São José do Rio Preto, onde as máximas poderão chegar a 33°C, com tempestades mais localizadas, e também em Barretos, Franca e Ribeirão Preto, onde o calor poderá atingir 34°C. Nessas áreas, os temporais devem ocorrer de forma mais isolada.

"A Defesa Civil orienta que a população não se abrigue debaixo de árvores, não estacione veículos próximos a placas ou estruturas metálicas e evite áreas alagadas", reforçou o órgão.

Uma estimativa do Corpo de Bombeiros aponta que a temperatura dentro do apartamento que pegou fogo em Cascavel (PR) na última quarta-feira, 15, chegou a 800ºC durante o incêndio. As chamas levaram a advogada Juliane Suellem Vieira dos Reis, de 28 anos, a se pendurar no ar-condicionado do 12º andar para salvar sua família. O resgate foi registrado em vídeos compartilhados nas redes sociais.

Segundo os bombeiros, o número foi estimado com base nos equipamentos de proteção usados pelos bombeiros, que chegaram a derreter durante o combate às chamas. As roupas especiais suportam temperaturas entre 700ºC e 800ºC. Para efeito de comparação, a temperatura da lava de vulcão varia de 900°C a 1.200°C.

Juliane salvou sua mãe, de 51 anos, e seu primo, de 4 anos, do incêndio. Os três e um bombeiro ainda permanecem internados.

De acordo com os bombeiros, o foco do incêndio foi próximo à entrada do apartamento, onde ficava um ambiente conjugado que servia de cozinha e sala de jantar. Parte do imóvel ficou destruída, com teto e paredes derretidas. As causas estão sendo investigadas pela Polícia Civil do Paraná, que aguarda os laudos da perícia.

Na quinta-feira, 16, o delegado Ian Leão disse em entrevista coletiva que a perícia inicial feita no apartamento indicou que o incêndio teve causa acidental. "No presente momento, pelas informações coletadas junto às equipes que trabalharam no local, não existe qualquer indício de incêndio criminoso", afirmou.

Advogada é transferida para Londrina (PR)

Juliane foi transferida nesta sexta-feira, 17, do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), em Cascavel, para o hospital referência de queimados em Londrina (PR).

Ela, que teve 70% do corpo queimado, foi transportada da UTI do HUOP de ambulância até o aeroporto da cidade e depois foi levada em uma aeronave até Londrina, a cerca de 370 km. Na quinta-feira, houve uma tentativa de transferência, mas as condições climáticas impediram o voo.

A mãe de Juliane e o primo dela continuam internados na UTI em estado grave. A mulher teve queimaduras no rosto, braços, pernas e vias aéreas. Já o menino sofreu queimaduras nas pernas, mãos e pelve.

Além da família, dois bombeiros ficaram feridos durante o trabalho. Um deles, que sofreu ferimentos nas mãos, recebeu alta e está em casa. O outro, que teve queimaduras de terceiro grau, continua internado em estado estável em um hospital de Cascavel. O Corpo de Bombeiros do Paraná informou que ele já saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que não teve as vias aéreas atingidas no incêndio.