The Weeknd faz espetáculo distópico em show para 48 mil em SP

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Depois de uma apresentação feita debaixo de uma tempestade no Rio, o canadense The Weeknd subiu ao palco do Allianz Parque, em São Paulo, nesta terça-feira, 10, para um show esgotado com 48 mil pessoas. Um palco, inclusive, feito especialmente para a After Hours Til Dawn Tour que praticamente atravessou todo o estádio e contou com um jogo estratégico de efeitos especiais.

 

O artista voltou maior e muito mais mainstream do que da primeira vez em que pisou em terras brasileiras. Ele fez um show em 2017 no Lollapalooza, época em que ainda despontava com hits como Starboy e Can't Feel My Face.

 

The Weeknd criou uma apresentação que brilhou aos olhos, mas, com tantos recursos, correu o risco de o espetáculo visual chamar mais a atenção do que a música em si. Mas ele teve sucesso ao usar tudo a seu favor.

 

Abel Tesfaye criou um espetáculo distópico. É como se Michael Jackson - em quem o cantor visivelmente se inspira para modular a voz - cantasse em um universo paralelo futurista nos anos 1980.

 

A diferença, porém, é que The Weeknd não se coloca atrás de suas inspirações e nem abusa dos sintetizadores. Ele mostra que sabe costurar tudo o que já criou em um show tão urbano que parece ter sido feito para se misturar com a selva de São Paulo.

 

O retorno à cidade, inclusive, veio com certo atraso. A After Hours Til Dawn Tour - que, inicialmente, continha apenas o nome do penúltimo disco do cantor, After Hours, de 2020 - teve de ser adiada pela pandemia da covid-19 e o anúncio, ainda, foi alterado pelo início da Guerra da Ucrânia.

 

Mas o cantor não se limitou apenas a After Hours e Dawn FM, de 2022, álbum que também dá nome à turnê. Abel criou uma narrativa que passou por toda a sua carreira, talvez como forma de se despedir de The Weekend - os boatos são de que esta é a última turnê do cantor com o nome artístico.

 

Estrutura gigantesca

 

Uma lua enorme e a escultura do artista japonês Hajime Sorayama, inspirada no filme Metrópolis, contribuíram para o espetáculo visual. A escolha da passarela fez com que The Weeknd ficasse mais próximo da plateia e as interações carismáticas o afastaram do personagem "bad boy" que criou desde After Hours.

 

Uma certa preocupação em seguir um roteiro impediu que o artista explorasse mais essa proximidade. Ele, porém, separou momentos em que descia do palco, como em Out of Time, e chegou a passar o microfone a fãs.

 

O cantor arriscou ao manter La Fama, parceria com Rosalía escolhida para os shows na América Latina que desagradou os fãs brasileiros, na abertura, mas o tom futurista fez tudo se encaixar. Com uma máscara à la Daft Punk e um braço de ferro, pensados também para os shows latinos, ele passou metade do show "escondido" e ligeiramente mais distante.

 

The Weeknd - ou seria, agora, Abel Tesfaye? - tirou a máscara apenas antes de cantar Faith e, na sequência, After Hours. O tom ficou mais dançante e o artista teve sucesso em mantê-lo até a última musica.

 

Show justo

 

O cantor escolheu manter o mesmo roteiro do show do Rio, com as músicas que escolheu especialmente para o público brasileiro, incluindo Love me Harder, parceria com Ariana Grande.

 

Foi um show justo para a sua trajetória. After Hours e Dawn FM, lançados ainda em um contexto pandêmico, são álbuns que mereciam serem cantados ao vivo.

 

Abel soube costurar 42 músicas, com algumas que se limitaram a pequenos trechos, e criar sua própria narrativa. O destaque vai para as transições entre as canções e as luzes que mudavam de cor conforme a sua intenção.

 

São poucos os artistas que conseguem transformar um show em um espetáculo. E The Weeknd mostrou que tem sucesso ao explorar cores e até em escolher o momento certo para fazer o palco se "incendiar".

 

The Idol

 

Houve um extenso intervalo de tempo entre as vendas dos ingressos para a After Hours Til Dawn Tour e a chegada de The Weeknd ao Brasil. As apresentações foram anunciadas em dezembro de 2022 e, de lá para cá, o artista chegou a fazer uma pausa para se dedicar à sua segunda paixão: o cinema.

 

O pontapé do cantor na dramaturgia, porém, provocou uma série de controvérsias. Ele estrelou a produção The Idol, da HBO Max, que recebeu uma onda de críticas pela hipersexualização da protagonista e foi cancelada após a primeira temporada.

 

Durante o show, Abel separou sua "persona" da música do polêmico personagem da série e limitou a menção a The Idol a Popular, parceria que fez com Madonna para a produção.

 

Apesar de tropeçar na carreira das telas, Abel sabe muito bem onde pisa e para onde quer ir, ao menos no território já conhecido da música. O cantor ainda segue no Brasil para uma apresentação extra no Allianz Parque nesta quarta-feira, 11.

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O Ministério Público de São Paulo arquivou sumariamente investigação sobre denúncia do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC que atribuiu a seu advogado relatos de suposto pagamento de propinas a policiais civis e também ao deputado estadual Antônio Olim (PP).

Em despacho de oito páginas, o procurador de Justiça Sérgio Turra Sobrane alertou para a 'inexistência de indícios do cometimento de infração penal, por conseguinte, de justa causa para a instauração da persecução penal' contra Olim.

Sobrane é coordenador da Assessoria de Competência Originária Criminal, braço da Procuradoria-Geral de Justiça que atua exclusivamente em apurações sobre autoridades com prerrogativa de foro.

"Com efeito, a notícia de fato não está instruída com elementos de informação minimamente suficientes para a instauração de procedimento investigatório de natureza criminal", cravou o procurador.

Gritzbach foi fuzilado em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando chegava de uma viagem a Maceió. A Promotoria denunciou à Justiça seis envolvidos no assassinato do delator do PCC, entre eles três policiais militares. Segundo a denúncia, os acusados aceitaram 'promessa de recompensa para a execução e participação no crime'. "Verdadeiros mercenários de aluguel", diz a acusação.

Ao analisar o anexo da delação de Gritzbach que indica suposta corrupção policial e menciona o deputado Olim, o procurador ponderou que 'há nos autos apenas a declaração firmada por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach em que afirma ter recebido informação de seu advogado acerca da exigência de pagamento feita pelas autoridades mencionadas'.

O delator do PCC citou os delegados Fábio Pinheiro Lopes, o Fábio Caipira, e Murilo Fonseca Roque. Mas também com relação a eles, Gritzbach não entregou nenhuma prova que desse embasamento à sua acusação.

O próprio advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves - de quem o delator disse ter ouvido relato sobre propinas para o parlamentar e delegados -, derrubou a versão. Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, Ramsés foi taxativo e negou ter dito ao delator que repassou R$ 4,2 milhões a Olim, Fábio Caipira e Murilo.

Na promoção de arquivamento da investigação sobre o deputado Olim, o procurador Sérgio Sobrane observou que 'os elementos de informação referentes aos investigados que não possuem foro especial por prerrogativa de função deverão ser encaminhados ao Gaeco para prosseguimento das investigações'.

Gritzbach havia firmado acordo de colaboração premiada com o Ministério Público no âmbito de um processo criminal em curso na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.

Em um anexo de sua delação, Gritzbach contou que o advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves - constituído para sua defesa em dois inquéritos e no bojo de uma medida cautelar -, pediu a ele R$ 5 milhões, alegando que R$ 800 mil seriam referentes a honorários e o restante para pagamento de propinas a Olim e aos delegados - o ajuste financeiro seria realizado via transferência de dois imóveis, cheques e operação bancária, Em troca, os policiais e o deputado 'resolveriam todos os seus problemas'.

Ramsés, no entanto, o desmentiu. Ele disse à Corregedoria da Polícia que jamais se reuniu com o deputado ou com os delegados.

Segundo o procurador, Gritzbach 'não apresentou nenhuma comprovação do pagamento desses valores e de seus beneficiários, tampouco poderá fazê-lo, uma vez que foi vítima de homicídio'.

"Diante do exposto, em razão da inexistência de indícios do cometimento de infração penal, por conseguinte, de justa causa para a instauração da persecução penal, promovo o arquivamento da representação criminal em relação ao deputado estadual Antônio Assunção de Olim", escreveu o procurador Sérgio Turra Sobrane.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira, 2, a criação das duas primeiras Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) desta legislatura. Uma delas terá a missão de investigar as enchentes recorrentes no Jardim Pantanal, na Zona Leste da cidade. A outra irá apurar possíveis fraudes no programa de Habitação de Interesse Social (HIS).

O regimento da Câmara permite a instalação de até cinco CPIs simultaneamente. No entanto, a maioria dos vereadores decidiu limitar esse número a duas, alegando que um volume maior poderia comprometer os trabalhos da Casa. Em 2025, já foram protocolados 20 pedidos de abertura de CPIs.

Parlamentares do PSOL têm pressionado pela criação de novas comissões, incluindo uma para investigar possíveis abusos nos preços cobrados nos cemitérios.

A CPI das Enchentes foi proposta pelo vereador Alessandro Guedes (PT), enquanto a CPI da Habitação de Interesse Social foi apresentada por Rubinho Nunes (União Brasil). Ambas as CPIs terão duração inicial de 120 dias, prorrogáveis por mais 120.

Com a aprovação das comissões, os líderes partidários terão uma semana para indicar seus representantes, seguindo a proporcionalidade das bancadas. Cada CPI contará com sete membros, e os presidentes dos colegiados serão os próprios autores dos requerimentos.

Durante a sessão plenária, o vereador Rubinho Nunes cobrou agilidade na definição dos membros da CPI. "Tem empresa recebendo incentivo público para construir habitação popular e vendendo imóvel para quem está acima do limite permitido. Isso é fraude. A CPI vai investigar caso a caso, expor os responsáveis e proteger quem realmente precisa de moradia acessível", afirmou.

Segundo Rubinho, a expectativa é que os trabalhos da comissão tenham início com requerimentos de informações ao Executivo municipal, construtoras e cartórios. O objetivo é realizar uma varredura minuciosa nos contratos firmados com base nos incentivos e verificar se o público-alvo foi de fato respeitado, esclareceu.

Já o vereador Alessandro Guedes destacou que a proximidade do Jardim Pantanal com a cidade de Guarulhos torna a situação ainda mais complexa. "Nosso objetivo com essa CPI não é promover uma caça às bruxas ou apenas apontar culpados pelo sofrimento da população, embora essa questão também seja analisada. O foco principal é identificar e propor soluções para o problema das enchentes", afirmou.

Um casal de influenciadores foi preso, nesta terça-feira, 1º, no interior de São Paulo, acusado de integrar uma quadrilha que criava fake news e cobrava para não espalhar as notícias falsas em redes sociais. Conforme a Polícia Civil, os dois operavam o que denominavam "Boca do Glamour", um serviço de difusão de notícias mentirosas e de ódio contra a idoneidade de pessoas e empresas. A polícia investiga o envolvimento de mais pessoas no esquema.

O casal preso não teve a identidade divulgada, o que impossibilitou o contato da reportagem com a defesa.

A investigação teve início há dez meses, depois que uma das vítimas procurou a polícia contando que havia pago R$ 15 mil para que os suspeitos retirassem uma notícia falsa a seu respeito que eles mesmo tinham produzido. Outras quatro vítimas da quadrilha foram localizadas durante a investigação e fizeram a denúncia, mas o número de pessoas extorquidas pode ser maior, segundo a polícia.

Os investigados criaram também um serviço de assinatura para uma clientela denominada "close friends" (amigos próximos, em inglês), que se valiam das plataformas para veicular suas próprias fake news. As pessoas pagavam uma mensalidade para distribuir informações falsas, que os operadores usavam também para extorquir as vítimas. Os assinantes do serviço também serão investigados.

Segundo a polícia, como a maior parte das postagens versava sobre a vida íntima de profissionais liberais e empresários, muitos se recusaram a apresentar denúncia, mesmo tendo pago os valores extorquidos. "Trata-se de uma verdadeira fábrica de mentiras operadas a partir de plataformas digitais, algumas sem qualquer tipo de controle no País", diz o delegado Everson Aparecido Contelli, da Seccional de Fernandópolis.

Segundo ele, o objetivo do grupo era bem definido: ganhar dinheiro por meio de extorsões para evitar maior disseminação de fake news, 'plantadas' pelo próprio grupo em redes sociais. A investigação apontou uma progressão nas extorsões, com os seguintes passos:

1 - exigir dinheiro para não perturbar as vítimas com notas em veículos digitais de notícias;

2 - exigir dinheiro para não divulgar falsas notícias que impactam empresas e reputações;

3 - exigir dinheiro sob pena de os ataques atingirem familiares das vítimas, como cônjuges e filhos.

Todas as chantagens eram sem rosto, feitas por meio de redes, algumas com conexões internacionais, com uso de VPNs e de fintechs para lavagem de dinheiro, bem como dificultar o rastreamento e a identificação. Algumas mensagens mencionavam, como forma de ameaça, os locais de trabalho da vítima e onde estudavam seus filhos.

A polícia chegou ao local onde o casal operava a "Boca do Glamour" e, além de efetuar a prisão dos dois, apreendeu computadores, celulares e cartões. Os recursos de contas correntes do casal, que somavam mais de R$ 100 mil, foram bloqueados para eventual ressarcimento das vítimas.

De acordo com o delegado, as investigações vão prosseguir para identificar outros possíveis elos da quadrilha. O material apreendido será analisado. "Há uma espécie de escalonamento de crimes cibernéticos, onde o Estado gasta cada vez mais recursos em busca de localizar esses criminosos digitais, com impacto direto no orçamento público", diz.