Palco de Taylor Swift foi montado em local que prejudicou ventilação, diz especialista

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O especialista em gerenciamento de riscos e segurança Gerardo Portela analisou imagens do show de Taylor Swift no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio, sexta-feira, 17, e disse ao Estadão que "palco e telão foram montados na área de ventilação do estádio". Ou seja, o próprio palco ajuda a tornar a sensação térmica do local ainda maior.

Segundo o autor de livros como "Gerenciamento de Riscos Baseado em Fatores Humanos e Cultura de Segurança", isso "se tornou um obstáculo para a manutenção da corrente de ar de ventilação natural prevista no projeto original do estádio".

A reportagem questionou a T4F e a equipe de Taylor Swift, por meio da produtora do evento sobre a razão pela qual construíram as estruturas naquela região, se houve um plano de escape e abandono - que analisa possíveis cenários emergenciais - e como ele teria sido feito, mas não obteve retorno até o momento desta publicação.

O Estadão também tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro e com o Procon-RJ para saber se houve uma fiscalização do estudo do projeto do evento, sem retorno.

Gerardo explica que a escolha do local para a montagem de palco ocorre naquela área porque a área de ventilação "não tem vagas para o público" como outros setores do estádio. "A instalação do palco nesse local evita a perda de vendas de ingressos no caso de ser montado do lado oposto, repleto de assentos por não ter abertura para ventilação natural", completou.

O engenheiro explicou que os espaços abertos atrás dos gols nos estádios servem para criar uma circulação de ar. "Você cria esse tipo de estrutura com esses espaços porque eles são fundamentais para manter a qualidade de temperatura e da qualidade do ar. Agora, quando você coloca anteparas não previstas em projeto, você começa a criar zonas de baixa circulação ou de circulação deficiente", explicou.

Nas redes sociais, diversos fãs relataram haver tapume em possíveis rotas de fuga do estádio. No entanto, o especialista afirmou que não foi possível observar o material nas imagens obtidas pela reportagem. "Pode ser que tenham sido montados tapumes para fechar essas entradas de ar atrás do palco, para isolamento do palco, mas as fotos não mostram o palco por trás e não podemos confirmar", completou ele ao ser questionado se o local tinha a proteção.

Como eventos de grande proporção podem evitar riscos?

Sem falar especificamente do show da Taylor Swift e do problema do calor, mas explicando como eventos de grande proporção podem evitar riscos, Gerardo Portela afirma ser essencial haver um estudo de escape e abandono - que analisa o local em cenários de emergência -, considerando as particularidades de cada espetáculo.

"É preciso apresentar um estudo dizendo assim [por exemplo]: 'Vou fazer esse show, vou usar mais gente porque vou usar a área central [do estádio], mas vou deixar esse portão aqui monitorado e aberto. Vou colocar, por exemplo, anteparas ou grades para guiar essas pessoas para este portão", afirmou ele em entrevista por telefone.

No entanto, Gerardo comenta de outro problema que empresas de produção de eventos enfrentam: a penetração de pessoas por locais abertos. "Muitas vezes, quando a intenção é evitar penetração de pessoas, a instituição que organiza quer esconder as portas de saída, os acessos e até mesmo a ventilação, onde alguém pode penetrar através delas", pontuou o entrevistado.

O especialista em gerenciamento de riscos e segurança disse que não só as produtoras de eventos devem ser cobradas, mas as autoridades fiscalizadoras também. Isso porque, conforme Gerardo, é necessário saber se estudos de escape e abandono estão sendo feitos.

"As autoridades devem sempre requerer uma análise se as condições de segurança originais são compatíveis com a magnitude do evento, instalação de equipamentos, trânsito, quantidade de pessoas participantes, fonte de energia elétrica, inclusive, de emergência, sistemas de prevenção e combate a incêndio, segurança pública entre outros", afirmou.

Ele ainda disse que o cenário de emergência deve ser estudado em qualquer local de grande movimento de pessoas, como o metrô. "[Essa necessidade de análise] fica muito evidente quando você tem uma perturbação externa, que é o caso da situação climática, que já é um causador de distúrbio", completou.

Gerardo alega que há tecnologia o suficiente para realizar uma pesquisa a fim de evitar a entrada de penetras e manter a circulação de ar. "Isso gera custos. (...) Tem sempre saída, até mesmo sem maiores custos, mas precisa ter algum custo mínimo", disse.

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O Ministério de Minas e Energia (MME) informou neste domingo, 3, que o houve uma redução da probabilidade de "deslocamento de terra em larga escala" na região da mina da Braskem em Maceió. A declaração foi dada tendo em vista análises de informações apresentadas ontem, 2, durante reunião da sala de situação instaurada pela Pasta para gerenciar as ações relacionadas às instabilidades geológicas.

Relatório da reunião deste sábado, 2, apontou que nas 24 horas anteriores (entre 1º e 2 de dezembro) houve redução da velocidade de deslocamento de terra, de 50 centímetros, nos dias 29 e 30 de novembro, para cerca de 15 centímetros por dia, ontem. "Registra-se que ainda é uma velocidade elevada, ao se comparar com o parâmetro anterior da ordem de 20 centímetros por ano. A situação ainda demanda atenção", diz.

O documento afirma que a expectativa dos especialistas do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) é que, se houver desmoronamento, ocorrerá de forma localizada e não generalizada.

O texto destaca que o sismo percebido ocorreu em direção à Lagoa de Mundaú, um fenômeno que indicaria um afastamento da situação de instabilidade da área original. "Não se observa alteração expressiva do nível da lagoa. Entende-se haver baixo risco de contaminação da lagoa", afirma.

Atualmente parte da lagoa Mundaú está interditada para a navegação. "Uma avaliação para a área demonstra que o sistema geológico está entrando em equilíbrio. Isso é corroborado pelo sistema DGPS de monitoramento e pela rede sismográfica, mostrando claramente diminuição na intensidade e quantidade de microsismos, bem com os movimentos nas duas direções, vertical e horizontal. Contudo, ainda é necessário continuar o ostensivo monitoramento da área como um todo", conclui o relatório.

O MME afirma que a sala de situação, composta por representantes do ministério, do SGB e da Agência Nacional de Mineração (ANM), continua interagindo com autoridades locais para acompanhar a situação, prestar assessoramento técnico e promover medidas de proteção e mitigação necessárias.

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a rede global Governos Locais pela Sustentabilidade, que reúne mais de 2,5 mil gestores regionais, assinaram em Dubai um termo de cooperação visando desenvolver um mecanismo de seguro para infraestruturas urbanas em relação à incidência climática.

A cooperação envolve o projeto "Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas" (UIIF, na sigla em inglês). O documento assinado pelo presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, e pelo Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, em evento da COP-28, vai permitir a troca de experiências das partes com o objetivo de criar um programa de seguros para municípios em caso de desastres climáticos.

Inicialmente, o projeto é subsidiado pelo Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e será implementado nas cidades brasileiras de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Salvador (BA), municípios que já possuem experiência em parcerias com instituições internacionais.

Em nota, Oliveira afirma que a ideia é chegar a um produto contratável pelos municípios para que estejam preparados para lidar com incidentes ligados ao clima.

"O objetivo é formar um grupo de cidades para identificar os riscos, a infraestrutura e desenvolver um desenho do produto, com as coberturas, formas de contratação e as características da apólice, e, junto com isso, atrair as empresas a participarem", disse o presidente da CNseg na nota.

Segundo a CNseg, serão apresentados produtos de seguro sob medida, que devem integrar apoio à população vulnerável com necessidade de assistência de emergência, reconstrução rápida facilitada de serviços de infraestrutura crítica e assistência financeira e técnica prestada a famílias atingidas. Serão desenvolvidos projetos específicos para cada uma das três capitais contempladas pelo projeto nessa etapa.

Rodrigo Perpétuo, do ICLEI, diz, também por meio de nota, que o objetivo é chegar a uma tipologia comum que permita escala viável a facilidades desse tipo para cidades do Brasil e do mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 3, que, caso não haja acordo entre Mercosul e a União Europeia, ficará claro de quem é a culpa pelo impasse. Lula comentou sobre o tema após ser questionado a respeito da fala do presidente francês Emmanuel Macron, que disse ser contra o tratado. O presidente concedeu uma entrevista coletiva em Dubai, onde participou da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), COP-28.

No sábado, o presidente Emmanuel Macron classificou o acordo Mercosul-União Europeia como "antiquado" e afirmou que o modelo é incoerente com a política ambiental brasileira. Lula, por sua vez, atribuiu a posição do presidente francês a uma postura protecionista e disse que teve uma reunião bilateral no sábado para tentar "mexer com o coração" de Macron.

"Se não houver acordo, pelo menos ficará patente de quem é a culpa por não haver acordo", disse o presidente. O Brasil tinha expectativa de conseguir celebrar o acordo até a reunião do Mercosul, que ocorre nesta semana no Rio de Janeiro. Lula disse ainda que os países ricos não podem colocar a culpa da falência do tratado no Brasil e na América do Sul. O presidente defendeu que as nações desenvolvidas tenham equilíbrio e parem de tentar obter vantagens em tudo. Macron visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024.

"Assuma a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais. E nós não somos mais colonizados. Nós somos independentes. E nós queremos ser tratados com respeito como países independentes, que temos coisas para vender. E as coisas que nós temos para vender têm preço. O que nós queremos é um certo equilíbrio", argumentou o presidente.

O presidente brasileiro afirmou que o país não vai facilitar a cláusula sobre compras governamentais no acordo com a União Europeia. "Queremos que o PIB do Brasil cresça", disse. E advertiu: "O Brasil não vai fechar acordo com a UE para tomar prejuízo". O presidente disse que o governo terá uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. "Vamos ver o que vai acontecer", disse.

Lula partiu de Dubai na manhã deste domingo (madrugada no Brasil) rumo à Alemanha, onde terá uma rodada de encontros com o primeiro-ministro do país, Olaf Scholz, e com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Entre os integrantes da comitiva de Lula estão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

A participação do presidente brasileiro na COP-28 marcou uma tentativa do país de retomar o protagonismo internacional na agenda climática, área na qual o país exercia forte influência global durante os governos petistas. Na sexta-feira, Lula foi um dos três líderes a discursarem na conferência de abertura da COP-28. Apenas o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed; o rei Charles III do Reino Unido; e Lula falaram na primeira plenária.