No 'Fantástico', pais de jovem que morreu em show de Taylor Swift choram e pedem respostas

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Os pais de Ana Clara Benevides, jovem de 23 anos que morreu no show de Taylor Swift na última sexta-feira, 17, no Rio de Janeiro, falaram sobre o fato em entrevista ao Fantástico no domingo, dia 19. "Ainda não está caindo a ficha. É difícil você, porque está vindo buscar a sua filha... E morta", conta o pai, José Weiny Machado.

"O senhor quer uma apuração do que aconteceu...", comentou a repórter Renata Ceribelli. Ele destaca que busca um "por quê?". O Fantástico também conversou, por chamada de vídeo, com Adriana Benevides, mãe da jovem, que está no Mato Grosso. Muito emocionada, ela chora: "minha filha é o meu anjo. Deus a levou, mas levou ela no momento mais feliz da vida, que era só o que ela queria, era isso. 'Mãe, se eu não conseguir ir nesse show, eu morro', ela falou pra mim", conta.

Desde a adolescência, o desejo de Ana Clara era assistir pessoalmente a um show da cantora Taylor Swift. Ela combinou com a amiga de faculdade, Daniele Menin, de irem juntas ao espetáculo. Para compartilhar cada etapa da jornada com os pais, divorciados. Ana Clara criou um grupo no WhatsApp intitulado "Ana vai pro Rio".

Aquela foi a primeira viagem de avião de Ana Clara, e ela fez questão de partilhar todos os momentos com os pais. "Ali a ponte Rio-Niterói, ali o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor está ali atrás", mostrou Ana do apartamento onde ficou hospedada com a amiga.

Em uma das conversas por mensagem, Adriana relata que orientou a filha a se cuidar, garantindo que se alimentasse adequadamente e não se esquecesse de manter-se hidratada. "'Mãe, eu vou comer bastante barrinha de cereal, porque eu vou ficar muito tempo lá. Eu quero ser a primeira da fila, eu quero ficar pertinho dela, mãe.' Falei: 'vai, minha filha. Você vai conseguir'".

No dia do espetáculo, precisamente às 9h43 da manhã, Ana Clara avisa: "gente, tô indo pro show". O pai responde: "divirta-se. Divirta-se". José só não sabia que aquele tinha sido o último contato com a filha.

Por volta das 19h, o pai de Ana Clara recebeu uma chamada telefônica. Ele relata que um médico explicou o que aconteceu e informou que a filha dele havia morrido. Daí eu não ouvi mais nada. Larguei o celular para lá, minha esposa veio falar comigo. Eu saí andando pela rua. Fiquei atônito, não sabia o que fazia. Tentando não acreditar, como até agora tento não acreditar", conta.

Adriana, a mãe da jovem, menciona que o médico comunicou que a assistência foi rápida e que fizeram tentativas de reanimação por mais de 20 minutos.

Amiga conta os últimos minutos com Ana Clara

O dia em que Ana Clara morreu registrou uma das temperaturas mais elevadas do ano no Rio de Janeiro, atingindo os 40°C, com uma sensação térmica que se aproximava dos 60°C. "Estava todo mundo suando. Aí, antes de começar o show, algumas pessoas já saíram mal. Não chegavam a desmaiar, mas eles carregaram. Outras saíram meio cambaleando", relata Daniele Menin, amiga de Ana.

Ela conta que em um momento começou a sentir tontura, e a amiga Ana Clara sugeriu que ambas comessem uma barrinha de proteína. "A gente comeu, se molhou um pouquinho, e ficou bem. Estava bem", diz ela. Quando o show começou e a primeira música começou a tocar, Daniele compartilha que ambas começaram a chorar e se abraçar. No entanto, na segunda música, enquanto estavam pulando de felicidade, Ana Clara caiu.

"Ela foi caindo em cima das pessoas. Aí eu não sei como eu tive força, botei ela por cima da minha perna e eles puxaram para o outro lado da grade. Eu pulei atrás dela e a gente correu para o postinho", relata.

Além do luto

A família de Ana Clara expressa que, para além do luto, enfrenta outras preocupações, como a demora no traslado do corpo de sua filha. "O pessoal do show, que montou, não está dando suporte pra gente trazer ela pra casa. Sei que essas coisas nem passam pelos cantores, os artistas nem ficam sabendo disso", conta Adriana.

Ela diz ainda que gostaria do receber suporte da empresa para levar o corpo de Ana Clara para a cidade onde mora. "Infelizmente, a gente está arcando com tudo. E a minha filha ainda não chegou", desabafa Adriana.

Agora, o único desejo do pai de Ana Clara é compreender a causa da morte dela. Até o momento, a certidão de óbito menciona a espera pelos "resultados laboratoriais". José afirma desconhecer o que desencadeou a parada cardiorrespiratória.

A Polícia Civil, em comunicado, informa que o laudo final estará disponível em 30 dias.

Em comunicado, a prefeitura do Rio lamentou o falecimento da jovem e esclarece que a responsabilidade pelos eventos ocorridos no estádio é da empresa contratada para realizar os shows, a Time For Fun.

A Time For Fun, também por meio de comunicado, relata ter entrado em contato com a família de Ana Clara e reafirma estar disponível para prestar toda a assistência necessária.

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O Ministério de Minas e Energia (MME) informou neste domingo, 3, que o houve uma redução da probabilidade de "deslocamento de terra em larga escala" na região da mina da Braskem em Maceió. A declaração foi dada tendo em vista análises de informações apresentadas ontem, 2, durante reunião da sala de situação instaurada pela Pasta para gerenciar as ações relacionadas às instabilidades geológicas.

Relatório da reunião deste sábado, 2, apontou que nas 24 horas anteriores (entre 1º e 2 de dezembro) houve redução da velocidade de deslocamento de terra, de 50 centímetros, nos dias 29 e 30 de novembro, para cerca de 15 centímetros por dia, ontem. "Registra-se que ainda é uma velocidade elevada, ao se comparar com o parâmetro anterior da ordem de 20 centímetros por ano. A situação ainda demanda atenção", diz.

O documento afirma que a expectativa dos especialistas do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) é que, se houver desmoronamento, ocorrerá de forma localizada e não generalizada.

O texto destaca que o sismo percebido ocorreu em direção à Lagoa de Mundaú, um fenômeno que indicaria um afastamento da situação de instabilidade da área original. "Não se observa alteração expressiva do nível da lagoa. Entende-se haver baixo risco de contaminação da lagoa", afirma.

Atualmente parte da lagoa Mundaú está interditada para a navegação. "Uma avaliação para a área demonstra que o sistema geológico está entrando em equilíbrio. Isso é corroborado pelo sistema DGPS de monitoramento e pela rede sismográfica, mostrando claramente diminuição na intensidade e quantidade de microsismos, bem com os movimentos nas duas direções, vertical e horizontal. Contudo, ainda é necessário continuar o ostensivo monitoramento da área como um todo", conclui o relatório.

O MME afirma que a sala de situação, composta por representantes do ministério, do SGB e da Agência Nacional de Mineração (ANM), continua interagindo com autoridades locais para acompanhar a situação, prestar assessoramento técnico e promover medidas de proteção e mitigação necessárias.

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a rede global Governos Locais pela Sustentabilidade, que reúne mais de 2,5 mil gestores regionais, assinaram em Dubai um termo de cooperação visando desenvolver um mecanismo de seguro para infraestruturas urbanas em relação à incidência climática.

A cooperação envolve o projeto "Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas" (UIIF, na sigla em inglês). O documento assinado pelo presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, e pelo Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, em evento da COP-28, vai permitir a troca de experiências das partes com o objetivo de criar um programa de seguros para municípios em caso de desastres climáticos.

Inicialmente, o projeto é subsidiado pelo Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e será implementado nas cidades brasileiras de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Salvador (BA), municípios que já possuem experiência em parcerias com instituições internacionais.

Em nota, Oliveira afirma que a ideia é chegar a um produto contratável pelos municípios para que estejam preparados para lidar com incidentes ligados ao clima.

"O objetivo é formar um grupo de cidades para identificar os riscos, a infraestrutura e desenvolver um desenho do produto, com as coberturas, formas de contratação e as características da apólice, e, junto com isso, atrair as empresas a participarem", disse o presidente da CNseg na nota.

Segundo a CNseg, serão apresentados produtos de seguro sob medida, que devem integrar apoio à população vulnerável com necessidade de assistência de emergência, reconstrução rápida facilitada de serviços de infraestrutura crítica e assistência financeira e técnica prestada a famílias atingidas. Serão desenvolvidos projetos específicos para cada uma das três capitais contempladas pelo projeto nessa etapa.

Rodrigo Perpétuo, do ICLEI, diz, também por meio de nota, que o objetivo é chegar a uma tipologia comum que permita escala viável a facilidades desse tipo para cidades do Brasil e do mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 3, que, caso não haja acordo entre Mercosul e a União Europeia, ficará claro de quem é a culpa pelo impasse. Lula comentou sobre o tema após ser questionado a respeito da fala do presidente francês Emmanuel Macron, que disse ser contra o tratado. O presidente concedeu uma entrevista coletiva em Dubai, onde participou da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), COP-28.

No sábado, o presidente Emmanuel Macron classificou o acordo Mercosul-União Europeia como "antiquado" e afirmou que o modelo é incoerente com a política ambiental brasileira. Lula, por sua vez, atribuiu a posição do presidente francês a uma postura protecionista e disse que teve uma reunião bilateral no sábado para tentar "mexer com o coração" de Macron.

"Se não houver acordo, pelo menos ficará patente de quem é a culpa por não haver acordo", disse o presidente. O Brasil tinha expectativa de conseguir celebrar o acordo até a reunião do Mercosul, que ocorre nesta semana no Rio de Janeiro. Lula disse ainda que os países ricos não podem colocar a culpa da falência do tratado no Brasil e na América do Sul. O presidente defendeu que as nações desenvolvidas tenham equilíbrio e parem de tentar obter vantagens em tudo. Macron visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024.

"Assuma a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais. E nós não somos mais colonizados. Nós somos independentes. E nós queremos ser tratados com respeito como países independentes, que temos coisas para vender. E as coisas que nós temos para vender têm preço. O que nós queremos é um certo equilíbrio", argumentou o presidente.

O presidente brasileiro afirmou que o país não vai facilitar a cláusula sobre compras governamentais no acordo com a União Europeia. "Queremos que o PIB do Brasil cresça", disse. E advertiu: "O Brasil não vai fechar acordo com a UE para tomar prejuízo". O presidente disse que o governo terá uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. "Vamos ver o que vai acontecer", disse.

Lula partiu de Dubai na manhã deste domingo (madrugada no Brasil) rumo à Alemanha, onde terá uma rodada de encontros com o primeiro-ministro do país, Olaf Scholz, e com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Entre os integrantes da comitiva de Lula estão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

A participação do presidente brasileiro na COP-28 marcou uma tentativa do país de retomar o protagonismo internacional na agenda climática, área na qual o país exercia forte influência global durante os governos petistas. Na sexta-feira, Lula foi um dos três líderes a discursarem na conferência de abertura da COP-28. Apenas o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed; o rei Charles III do Reino Unido; e Lula falaram na primeira plenária.