O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou nesta sexta-feira, 3, ter concedido R$ 97 milhões em três operações destinadas a fornecedores do Sistema único de Saúde (SUS) ao longo de 2024.
A maior empresa contemplada, com empréstimo de R$ 60 milhões, foi a Lifemed, fundada em 1978. A empresa desenvolve e fabrica produtos e equipamentos médico-hospitalares em duas fábricas instaladas em Pelotas (RS). O BNDES é acionista da companhia desde 2007.
As outras duas foram a fabricante de próteses ortopédicas Víncula (R$ 27 milhões) e a fabricante de equipamentos de videocirurgia Confiance (R$ 10 milhões), com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.
A Víncula surgiu em 2016 a partir da consolidação de empresas do setor criadas nos anos 1990 e geridas pelo Fundo Pátria. Já a Confiance foi fundada em 2007 e, dez anos depois, o Fundo Criatec II, do qual a BNDESPar é um dos cotistas, adquiriu 21,75% do capital do seu capital
Segundo o banco, o programa BNDES Fornecedores SUS foi criado em maio de 2024 com orçamento de R$ 500 milhões e vigência até 30 de junho de 2028.
Ele visa a apoiar os fabricantes locais de dispositivos para saúde, contribuindo para a meta da Nova Indústria Brasil: aumentar a participação da produção local dos atuais 42% para 70% do consumo nacional de medicamentos, vacinas, equipamentos e materiais para saúde.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que, com as operações, o banco cumpre o objetivo da missão 2 da política Nova Indústria Brasil (NIB), de ampliar o acesso da população à saúde gratuita e de qualidade.
"Como maior sistema público de saúde do planeta, com 150 milhões de usuários, a demanda do SUS por máquinas, serviços, remédios e outros insumos têm capacidade para promover o desenvolvimento de fornecedores locais", escreveu Mercadante.
Potencial
Segundo o BNDES, apesar do crescimento da base industrial da saúde no Brasil nos últimos 20 anos, ainda há espaço para crescimento em razão da forte dependência externa. O banco lembra que em 2023 o déficit comercial do setor foi de US$ 21 bilhões, 40% acima do valor verificado em 2010, que era de US$ 15 bilhões. Esse aumento da dependência inclui medicamentos, vacinas, insumos farmacêuticos ativos, equipamentos e materiais de uso em saúde, informou o BNDES.
O banco ainda elenca outro traço do setor, que é a grande diversidade de segmentos de atuação, envolvendo desde bens de capital de alta complexidade, como equipamentos de diagnóstico por imagem e dos robôs cirúrgicos, até materiais de consumo médico-hospitalares, como equipamentos de proteção individual (EPIs), seringas e agulhas.
Momento do setor
No Brasil há 4,5 mil empresas de dispositivos médicos, sendo 224 do segmento de aparelhos e equipamentos, e 4.325 do segmento de instrumentos e materiais, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo). A produção do setor gerou uma receita de R$ 21,1 bilhões em 2022, dos quais R$ 17,2 bilhões (82%) referentes a instrumentos e materiais e R$ 3,8 bilhões (18%) relativos ao segmento de aparelhos e equipamentos para saúde.