Maní tem nova degustação

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Reza a lenda que o ano só começa depois do carnaval. Deve ser por isso que a masterchef Helena Rizzo ainda não alardeou o novo menu do Maní (R$ 680), concebido em parceria com o belga Willem Vandeven e servido em 14 etapas, sob reserva, durante almoços e jantares.

 

São duas etapas e R$ 100 a mais em comparação à degustação anterior, lançada em abril de 2022. Mantém-se a alegoria aos sabores e tradições culinárias brasileiras, mas o samba-enredo amansou-se, oscila agora entre partido-alto e choro.

 

Independentemente da altura do ano, o banquete tem um quê carnavalesco. O abre-alas é frutado e fantasiado em tons pastel. Tem melão pele-de-sapo com atum seco, e não katsuobushi; manga verde com carapau, chuchu, capuchinha e jalapeño; jabuticaba com garum, tomate e amburana; e a campeã, a melancia com carabineiro, ponzu, tomate e florzinha de borago. Um snack cheinho de mimosura que homenageia mar e horta com primor.

 

Na sequência, o alfajor não é de maisena, mas de polvilho, entremeado com fígado de galinha, nibs de cacau, mel de cacau e flor de hibisco. O taquinho, por sua vez, é um beiju e, o recheio, a versão estival e onírica de um chili "con carne y frijol". No caso, com carne de sol e feijão-manteiguinha arrefecidos por pimenta biquinho e maxixe.

 

A dança com códigos latinos apenas reforça a sintonia entre os ingredientes da nossa terra. Prova refrescante dos noves é a ostra nativa, gordinha e adocicada, coroada com raspadinha de cambuci, gim, maçã e pepino, um azeitinho de raiz-forte e limão-caviar.

 

SABERES

 

Prova mais tórrida é a ova de tainha com creme de milho, pancetta e katsuobushi. Reminiscência do cardápio anterior, a bottarga cremosa do A.Mar, projeto que valoriza a pesca artesanal com seus saberes e produtos ancestrais em Ilhabela, continua sublimando a doçura do milho sem trazer a sensação de figurinha repetida.

 

Assim como os brócolis com pancetta, vôngole e ovas de truta, que já aparece há um tempinho nos menus especiais de Helena Rizzo e, nem por isso, deixa de ser um surf 'n' turf leve e surpreendente. A bem da verdade, um prato curinga, que pode ceder espaço para a língua com berinjela e tucupi, por exemplo.

 

O menu segue com o peixe do dia (de preferência garoupa, às vezes prejereba), que não é ensopado, porém, esbarra na moqueca ao exalar camarão seco, dendê e amendoim. Um momento solar que antecede outro mar e terra: o palmito com ouriço e caldo de rabada. Soa encorpado, é tênue e faceiro.

 

O magret de pato com cebola, abóbora-de-pescoço, nêspera e musseline de miúdos encerra os cursos salgados com insumos que não primam pela discrição. Contudo, ali, em vez de chocarem, acariciam o paladar graças às texturas sedosas e ao dulçor bem trabalhado.

 

"Usamos os miúdos todos desses patos, que chegam inteiros para a gente, com os miúdos muito frescos, bonitos. Às vezes as pessoas têm um pouquinho de medo, mas é nosso papel como cozinheiros usar o todo do que temos e de oferecer coisas menos queridas de uma forma que elas se surpreendam e gostem", explica Willem.

 

É hora da garrafada, tributo a essas combinações caseiras e curativas de plantas medicinais e bebidas alcoólicas. Uma sobremesa que lista curcuma, lírio-do-brejo, vinagreira, cambuci, uvaia, cambucá, poejo, pimenta-de-macaco e cachaça. Revela amargor, acidez e pouco açúcar. Anuncia a despedida.

 

VÉU

 

Talvez seja efeito da harmonização, mas o véu de moti de batata-doce roxa parece a saia de uma bailarina que, dobrada no palco, tem dó de deixá-lo. E dá mesmo dó de terminar essa obra, mesmo que uns petits-fours estejam à espreita.

 

Aqui uma nota sobre a Por Elas (R$ 620). Assinada pela consultora da casa, Gabi Bigarelli, e pela dupla Cássia Campos e Daniela Bravin, do Sede 261, a nova harmonização é criativa, ora natureba, ora biodinâmica. Conceitualmente, dialoga às mil maravilhas com a poesia dos pratos.

 

Na boca, porém, sobra uma ligeira extravagância. Nada que esteja perdido - a equipe de sommeliers tem sempre na manga alternativas para alegrar todo tipo de comensal. Vale para a harmonização clássica (R$ 550), com vinhos mais "conservadores", vale para dicas de uma, duas ou três garrafas que escoltem a radiante e brasileiríssima refeição.

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Sábado Santo, também chamado popularmente de Sábado de Aleluia, é celebrado hoje, 19, pelos católicos. É um dia marcado por reflexão e dedicado à vigília para a espera da ressurreição de Jesus Cristo, que, segundo a tradição, ocorre no domingo de Páscoa.

"Não se trata de um clima de luto ou tristeza, pois sabemos que o Senhor está vivo; no entanto, recordamos que hoje Ele está no sepulcro e, logo mais à noite, celebraremos a ressurreição gloriosa", explicou o Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), em texto divulgado pelo Vatican News, o portal de informação da Santa Sé.

De acordo com ele, ao longo deste sábado as paróquias costumam reunir um grupo de pessoas para preparar a ornamentação das igrejas - não há celebração de missas. É que depois das 18 horas começa a Vigília Pascal, momento em que os católicos celebram a vitória de Cristo sobre a morte.

A Vigília é o último ato do Tríduo Pascal, que se encerra na manhã de domingo de Páscoa.

"Mesmo sendo Sábado Santo, ainda se podem realizar as penitências escolhidas ao longo do tempo quaresmal, como não comer carne durante o dia, intensificar a oração e optar pelo jejum como recomendam os livros litúrgicos. As penitências quaresmais se encerram com a celebração da Vigília Pascal", descreveu dom Orani. "A Vigília Pascal é a liturgia mais importante do ano."

Essa data também é conhecida como Sábado de Aleluia porque, ao longo da Quaresma, não se cantou o "aleluia". Isso só volta a acontecer durante a Vigília, quando se encerra a espera pela volta de Jesus, segundo os relatos bíblicos.

Malhação de Judas

É hoje também o dia em que se festeja a malhação de Judas, tradição em que os cristãos espancam, torturam e, às vezes, queimam um boneco simbolizando o apóstolo que entregou Jesus aos romanos há dois mil anos.

No Brasil, é costume caracterizar os bonecos representando Judas Iscariotes como políticos ou pessoas famosas, mas pouco populares.

Neste ano, a Páscoa será celebrada no domingo, 20. A cada ano, a data, que não é fixa, varia conforme uma fórmula adotada pela Igreja Católica no ano 325. A partir disso, também são definidos os dias do carnaval e de Corpus Christi.

Datas da Páscoa nos próximos cinco anos:

- 2026: 5 de abril

- 2027: 28 de março

- 2028: 16 de abril

- 2029: 1º de abril

- 2030: 21 de abril

Dia da Páscoa muda todos os anos

No ano 325, no concílio de Nicea, a Igreja Católica estabeleceu que a Páscoa seria sempre comemorada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre depois do equinócio de outono no Brasil e em todo o hemisfério sul e da primavera no hemisfério norte (em 20 ou 21 de março). Esse domingo pode cair entre 22 de março e 25 de abril.

O equinócio é o dia em que o sol passa exatamente sobre a linha imaginária do Equador, então os raios solares se distribuem igualmente tanto no hemisfério sul como no norte. Na prática, são os dois dias do ano em que o dia e a noite têm a mesma duração.

Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resgataram uma jaguatirica em uma fazenda em Uruará, no Pará. De acordo com o órgão, o animal estava em cativeiro ilegal e sua imagem estava sendo explorada pela influenciadora Luciene Candido nas redes sociais. Procurada para comentar o caso no Instagram, ela não se manifestou.

O resgate ocorreu no início da semana, após uma denúncia. A jaguatirica foi encontrada em cima de um guarda-roupa, em um quarto da casa da influenciadora, e chegou nesta quinta-feira, 17, a um Centro de Triagem de Animais Silvestres, onde passa por atendimento especializado.

Segundo o Ibama, o animal está desnutrido e apresenta problemas na pelagem, parasitas - com destaque para infestação por bicho-de-pé nas patas - e perda dos caninos do lado esquerdo. "Também foi detectada lesão no osso da pata dianteira esquerda, possivelmente causada por deficiência nutricional prolongada ou trauma", diz o órgão em nota.

A influenciadora soma 149 mil seguidores no Instagram, e desde agosto do ano passado publica fotos e vídeos com a jaguatirica. O animal aparece deitado em uma cama, brincando com cães e gatos e sendo alimentado com leite e ovos, entre outras situações. Uma parte do conteúdo é exclusiva para assinantes.

Ela foi autuada pelo Ibama com multas que somam R$ 10 mil, com base na Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998), que proíbe a posse em cativeiro e a exploração de animais silvestres sem autorização legal. A mulher também foi notificada a retirar as imagens das redes sociais, sob pena de multa diária, mas o conteúdo permanecia online nesta sexta-feira, 18.

Reintrodução à natureza

A jaguatirica passará por uma série de exames cínicos e laboratoriais e por processo de reabilitação. "A exposição recorrente a animais domésticos, aliada à alimentação incorreta, comprometeu gravemente sua saúde", afirma no comunicado a coordenadora de Conservação da Fauna do Ibama, Juliana Junqueira.

Segundo Juliana, serão adotados cuidados específicos para a recuperação física e comportamental do animal, com a realização de treinamentos para que ele reconheça os instintos naturais que deveria ter. O objetivo, após todas as etapas, é reintroduzir o felino na natureza.

"Animais silvestres devem ser mantidos na natureza e não em contato com animais domésticos nem seres humanos. Só assim garantiremos a conservação dessas espécies", reforça o superintendente do Ibama no Pará, Alex Lacerda de Souza.