Livro de Mulheres da Ciência é retirado de escolas do interior: MP define prazo para explicação

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O Ministério Público de São Paulo deu o prazo até sexta, 28, para a prefeitura de São José dos Campos prestar esclarecimentos acerca do episódio envolvendo a retirada do livro infantojuvenil Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas foi retirado das escolas municipais de São José dos Campos, em São Paulo.

 

A informação foi confirmada pela prefeitura do município ao Estadão por meio de nota. O Ministério Público de São Paulo explicou ao Estadão na sexta, 21, que o caso está sendo apurado. Segundo a nota, a prefeitura tem até o dia 28 de junho, esta sexta-feira, para prestar esclarecimentos.

 

O que aconteceu

 

No dia 11 de junho, o vereador Thomaz Henrique (PL) criticou a obra nas redes sociais por considerar que ela fazia "apologia ao aborto" e por definir a antropóloga Débora Diniz e a vereadora Marielle Franco como inspiradoras. O parlamentar ainda pedia aos seguidores que pressionassem a prefeitura do município a "recolher todas as unidades do livro".

 

Na mesma semana, a prefeitura anunciou que recolheria os livros das salas de leitura para ser "reavaliado pela equipe técnica da Secretaria de Educação e Cidadania". Ao Estadão, reforçou que obra não chegou a circular nas salas de aula ou bibliotecas municipais, "apenas em salas de leitura das escolas".

 

Questionada se a obra foi recolhida após pedido do vereador, a prefeitura não respondeu.

 

Pelas redes sociais, a professora Jéssica Marques, pré-candidata à vereadora do município pelo PSOL, afirmou que acionou o Ministério Público para avaliar o caso, que chamou de censura.

 

O que o livro aborda?

 

O obra infantojuvenil tem autoria de Flávia Martins de Carvalho, primeira juíza-ouvidora do STF. Composto por dois livros, divididos em linguagens/ciências humanas e ciências da natureza e matemática, o projeto retrata o trabalho de 20 mulheres influentes nesses campos, como Sueli Carneiro e Lélia Gonzalez, além das próprias Débora Diniz e Marielle Franco.

 

"Assim como [a autora] Flávia, a maioria das mulheres elencadas é negra e brasileira, mas há destaque também para mulheres indígenas, brancas e estrangeiras. Elas atuam em diversas áreas, mas todas unem suas atividades profissionais com ações afirmativas e sociais", diz o site da editora.

 

A obra é escrita em versos e conta com ilustrações de cada homenageada.

 

Polêmica nas redes

 

Em postagem nas redes sociais na terça, 14, o vereador Thomaz Henrique (PL) comemorou a decisão da prefeitura de São José dos Campos, e atribuiu a decisão da prefeitura à denúncia feita por ele.

 

"Após a minha denúncia na última terça-feira, a prefeitura informou oficialmente que retirou de todas as escolas municipais o livro que define a maior defensora do aborto no Brasil, Débora Diniz, como mulher inspiradora. O livro defende os 'direitos reprodutivos' da mulher e o direito da mulher 'escolher ser mãe ou não', além de chamar os contrários ao aborto de 'gente chata'. O livro ainda trazia a ex-vereadora do PSOL, Marielle Franco, também como mulher inspiradora para alunas do 5º ano", lia-se na postagem.

 

Alegação de censura

 

A editora responsável pelo livro e as Entidades do setor de Livros condenaram a ação, que chamaram de censura.

 

A editora Mostarda disse ter recebido a decisão com "surpresa", em nota divulgada nas redes sociais no dia 14: "Acreditamos que criar pontes para o diálogo nos processos educativos é fundamental para a construção de uma sociedade mais consciente e tolerante. Assim, repudiamos qualquer tipo de censura e defendemos que obras que promovem o pensamento crítico e o exercício da cidadania devem permanecer nas escolas, sem quaisquer impedimentos de ordem autoritária".

 

Já as Entidades do setor de Livros apontam ataque à liberdade de expressão: "Censurar livros é atacar a democracia, a liberdade de expressão e a formação de cidadãos e cidadãs. O futuro do Brasil e o combate às desigualdades sociais dependem do crescimento intelectual de sua população, no qual o livro desempenha um papel imprescindível", diz, em nota oficial.

 

A nota ainda destaca a importância do livro Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas para "promover a igualdade de gênero e incentivar meninas a perseguirem carreiras na ciência. A censura desta obra impede que jovens leitoras tenham acesso a histórias inspiradoras que podem influenciar positivamente suas vidas e escolhas profissionais", diz o texto.

 

Nesta terça, 25, o vereador voltou a falar sobre o livro nas redes sociais.

 

O prazo para a prefeitura se posicionar termina nesta sexta, 28.

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Após mais de quatro meses de investigação, a força-tarefa montada pelo governo de São Paulo para apurar a execução do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, anunciou nesta sexta-feira, 14, a conclusão do inquérito do caso.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas por envolvimento direto no crime, incluindo três policiais militares, e outras duas por favorecimento pessoal. A defesa de Mateus Soares Brito, um dos indiciados por favorecimento pessoal, afirma que ele é inocente. Os advogados dos demais indiciados não foram localizados pela reportagem.

Segundo a polícia, o assassinato foi motivado por vingança pela morte de outros dois nomes ligados ao PCC. Gritzbach foi morto a tiros em 8 de novembro do ano passado na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. O motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi atingido por uma bala perdida e também não resistiu.

"A motivação do crime realmente foi uma vingança às mortes do Cara Preta e do Sem Sangue, amplamente divulgados como membros do PCC", disse a delegada Luciana Peixoto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Como mostrou o Estadão, Gritzbach teria contratado Noé Alves Schaum para matar Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, e Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. O crime aconteceu em 27 de dezembro de 2021.

Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado. Apesar de poupado em um primeiro momento, Gritzbach também entrou na mira da facção.

De acordo com Luciana, os dois homens apontados como mandantes pela morte do delator - Emílio Carlos Gongorra Castilho, vulgo Cigarreira, e Diego dos Santos Amaral, vulgo Didi - eram parceiros de negócios e amigos pessoais de Cara Preta.

"Com isso, eles foram vingar a morte que já tinha sido decretada pela organização criminosa há muito tempo, mesmo ele (Gritzbach) sendo liberado do debate que teve no tribunal do crime há um tempo atrás, no início de 2022", disse Luciana.

A delegada afirma que, no inquérito de mais de 20 mil páginas, foram reunidas provas técnicas de que Cigarreira e Didi são os mandantes da execução. "Tem extração de nuvem, de celular, de WhatsApp", exemplifica.

Segundo ela, a apuração teria indicado uma recompensa de R$ 3 milhões pela morte do delator, mas ainda não se sabe se o valor chegou a ser pago.

Além dos dois nomes apontados, portanto, como os mandantes do crime, foram indiciados mais quatro pessoas por envolvimento direto no assassinato de Gritzbach:

- Kauê do Amaral Coelho, que teria atuado como olheiro no dia do crime

- cabo Denis Antônio Martins

- soldado Ruan Silva Rodrigues, apontados como os atiradores

- tenente Fernando Genauro, que os teria levado até o aeroporto

Parte do inquérito à qual o Estadão teve acesso aponta que eles foram indiciados por:

- homicídio triplamente qualificado (pela morte do motorista de aplicativo)

- duas tentativas de homicídio duplamente qualificadas (por ferimentos causados a outras duas pessoas que estavam no aeroporto)

- homicídio quintuplamente qualificado (pela execução de Gritzbach)

O último indiciamento se deu por motivo torpe (para causar pânico e demonstrar o poderio de organização criminosa de âmbito nacional); pelo uso de meio que possa resultar perigo comum (utilização de armas de calibre restrito no aeroporto mais movimentado da América Latina, em plena luz do dia e horário de movimento); por emboscada ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (execução no desembarque do aeroporto, em frente à família da vítima); por assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outros crimes; e com emprego de armas de fogo de uso restrito (fuzis calibres 7,62x39 e .556 NATO).

Além deles, foram indiciados por favorecimento pessoal:

- Thiago da Silva Ramos, vulgo Bob, que teria ajudado na fuga de Kauê para o Rio de Janeiro logo após o crime

- Mateus Soares Brito, que teria dado suporte logístico para que o olheiro se mantivesse longe do radar da polícia

"Ele (Mateus) estava com o Kauê sempre, esteve com ele no dia dos fatos, e depois chega até a ir para o Rio levar roupas para o Kauê, troca o celular do Kauê e mantém contato", disse ao Estadão a delegada Ivalda Aleixo. "Como ele sabe que o Kauê está sendo procurado, é um favorecimento pessoal." A defesa afirma que Mateus é inocente.

Conforme a polícia, foi pedida à Justiça a conversão da prisão temporária de todos eles em preventiva (sem prazo determinado). Os dois homens apontados como mandantes, além de Kauê, estão foragidos. Já os três policiais foram presos entre os dias 16 e 21 de janeiro deste ano.

A força-tarefa do governo estadual aponta que, em paralelo, há outros inquéritos para apurar o serviço de escolta realizado por policiais militares a Gritzbach, a conduta de policiais civis nas investigações sobre a morte de Cara Preta e Sem Sangue, além de possíveis crimes de tráfico de drogas relacionados a nomes ligados a Kauê.

"As investigações (da execução) chegam ao final nesta etapa. O inquérito traz provas técnicas robustas para que possamos amparar o Ministério Público em sua denúncia. Nós daremos continuidade ainda a demais investigações e eventuais participações de outras pessoas", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian.

A cidade de São Paulo deve permanecer nos próximos dias com sol entre nuvens, tempo abafado e chuvas na forma de pancadas isoladas, que devem se concentrar nos fins de tarde, segundo o Centro de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura.

No sábado, 15, os ventos que sopram de sul e sudeste causam maior cobertura de nuvens e ligeiro declínio das temperaturas. Entre a tarde e o período da noite, há condições para chuvas isoladas, no geral com intensidade variando de fraca a moderada.

O domingo, 16, segundo o CGE, segue com sol entre muitas nuvens e temperaturas em elevação no decorrer do dia. "As chuvas seguem ocorrendo na forma de pancadas isoladas de fraca a moderada intensidade, principalmente entre o meio da tarde e o início da noite", disse o órgão municipal.

"Podem ocorrer pontos passageiros de moderada a forte intensidade com raios e rajadas localizadas de vento, o que em conjunto com o solo úmido mantém elevado o potencial para formação de alagamentos, queda de árvores e deslizamentos de terra na Grande São Paulo", alerta o CGE.

Na última quarta-feira, 12, o forte temporal provocou uma morte na capital paulista, derrubou dezenas de árvores e deixou diversos imóveis sem luz.

Uma das árvores que caíram era a terceira mais antiga da capital, que ficava no Largo do Arouche, na República, região central. O Chichá de aproximadamente 200 anos quebrou com a chuva e despencou.

Claudia Ortiz Vaca, vice-cônsul da Colômbia em São Paulo, foi baleada durante tentativa de assalto na Avenida Nove de Julho, nos Jardins, na região central da capital paulista, na manhã desta sexta-feira, 14. Ela não era a vítima do crime, mas passava a pé pela avenida quando foi atingida por um disparo durante de arma troca de tiros no local.

Segundo a Polícia Militar, uma mulher dentro de um táxi foi abordada pelos ladrões. Ela e o taxista reagiram. Um policial militar de folga viu a reação, interveio e houve trocas de tiros. Informações preliminares indicam que eram quatro criminosos.

Conforme o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, Claudia passa por cirurgia e seu quadro de saúde no momento é estável. O caso ocorreu pouco antes das 8 horas. A perícia preliminar aponta que houve pelo menos quatro disparos, mas apenas um teria atingido a vítima.

Claudia Katherine Ortiz Vaca foi designada para o cargo de vice-cônsul em São Paulo em janeiro de 2024 pelo ministro das Relações Exteriores colombiano, Álvaro Leyva Durán.

A Associação Diplomática e Consular da Colômbia manifestou solidariedade e disse estar acompanhando o estado da vice-cônsul, da família e colegas.

Em setembro do ano passado, ela participou de evento na Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e reforçou a importância de estreitar parcerias entre instituições de ensino e a representação diplomática no Brasil. Em entrevista para a universidade, ela destacou o fato de o Brasil ser o segundo parceiro econômico da Colômbia e o de haver cerca de 100 mil colombianos no nosso país.

Além disso, destacou que Brasil e Colômbia são países "alinhados pelos objetivos comuns" da defesa do meio ambiente e da Floresta Amazônica. "A Colômbia está constantemente à procura de parceiros que queiram contribuir para o trabalho de conservação da floresta, que é o futuro das nossas sociedades e das próximas gerações", disse.

Crime é investigado

Um dos criminosos foi detido. Trata-se de Bruno Narbutis Borin, de 19 anos, que tem duas passagens por tráfico de droga, três por furto e uma por latrocínio. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele. A investigação permanece em andamento na busca de outros envolvidos no crime.