Ymanitu Silva, Leandro Pena e Daniel Rodrigues, atletas brasileiros de tênis em cadeira de rodas, tiveram de se abrigar em um bunker no aeroporto de Tel Aviv, durante a invasão do grupo palestino Hamas a Israel, porque não conseguiram embarcar no voo que os levaria para Turquia, de onde partiriam rumo ao Brasil. Os atletas entraram em contato com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), que emitiu passagens para uma viagem marcada para as 22 horas, no horário local, mas o voo foi cancelado, por isso eles foram levados para a área de proteção no subsolo."Assim que eles chegaram ao hotel, escutaram os primeiros bombardeios e imediatamente entraram em contato conosco", conta Rafael Westrupp, presidente da CBT, em vídeo publicado na página oficial da entidade no Instagram. "A gente solicitou que fossem ao aeroporto, emitimos três passagens aéreas para retornarem hoje. No momento do embarque, o aeroporto foi fechado. Estão todos, como os demais passageiros, em um bunker, ou seja, num subsolo do aeroporto, esperando os próximos passos."
De acordo com Westrupp, a CBT está em contato direto com os tenistas e vem recebendo auxilio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que acionou a ajuda das autoridades competentes. "Estamos em contato direto, em um esforço a várias mão, O presidente do CPB, Mizael Conrado, nos auxiliou no contato com a embaixada do Brasil em Israel, com o Itamaraty. O melhor dos esforços dentro da pior circunstância possível. Com solidariedade e assistência, estamos em contato direto, De alguma maneira estamos tentando confortá-los."
Em nota oficial, o Ministério do Esporte disse que também comunicou a embaixada brasileira em Israel sobre a necessidade de prestar auxilio aos três atletas. Segundo o texto, ministro André Fufuca (PP-MA) "solicitou todo o empenho da embaixada em providenciar a devida segurança aos três tenistas em cadeira de rodas: Daniel Rodrigues, Leandro Pena e Ymanitu Silva, além de apoio para o regresso desses atletas ao Brasil".
Antes de o voo ser cancelado, o tenista Leandro Pena contou ao Estadão que uma bomba caiu em um local próximo ao hotel no qual eles estavam hospedados. O atleta saiu do Brasil na quinta-feira à noite e chegou ao Oriente Médio por volta das 6 horas deste sábado, de acordo com o fuso horário local, que é de seis horas a mais que o horário de Brasília. Quando subiu para o quarto do seu hotel, em Ramat Hasaron, cidade vizinha a Tel Aviv, cerca de 40 minutos depois, soou a sirene que alertou a chegada de um míssil.
"Caiu uma bomba aqui próximo do hotel. .Só que a gente não se ligou. A gente não fazia ideia do que era, do que estava acontecendo. Nem a sirene, nem o estrondo. A gente não ligou o estrondo à bomba", disse Pena. "Eu acredito que a bomba caiu em Tel Aviv, porque a gente estava num hotel bem ali no centro quando a gente ouviu o estrondo da bomba, muito alto. Mesmo com as janelas fechadas e à prova de som, chegaram a tremer. Eu estava só no quarto, no caso".
QUEM SÃO OS TENISTAS
Os tenistas chegaram na madrugada deste sábado a Tel Aviv, onde disputariam o Israel Open. Ymanitu tem 40 anos e ficou tetraplégico depois de sofrem um acidente de carro em 2007, mas recuperou o movimento das mãos. Durante a reabilitação, conheceu o tênis em cadeira de rodas, se profissionalizou e agora acumula uma extensa lista de conquistas. Atual décimo colocado do ranking da Federação Internacional de Tênis, tem 56 títulos e é o único brasileiro a disputar todos os Grand Slams no tênis em cadeiras de roda. Soma dois vice-campeonatos de duplas em Roland Garros (2019) e no Australian Open (2023).
Leandro Pena, que nasceu sem as duas pernas, é o 18º colocado do ranking da ITF e tem 20 títulos no currículo. Tanto ele quanto Yamnitu disputam a categoria quad, para tenistas com restrições em três ou mais extremidades do corpo. Já Daniel Rodrigues compete na categoria open, para atletas diagnosticados obrigatoriamente com alguma deficiência nos membros inferiores. Ele nasceu com má-formação na perna direita, 20 centímetros menor do que a esquerda), e decidiu amputar a perna e usar prótese. É o número 20 do Ranking ITF e tem 74 títulos.
CONFLITO
O conflito entre Israel e o Hamas deflagrado neste sábado, 7, surpreendeu o mundo com um ataque planejado do grupo palestino, deixando centenas de mortos e milhares de ferido, segundo as autoridades. Milhares de foguetes foram disparados por milícias palestinas em direção a Israel. Em resposta, o país atacou alvos em Gaza. "Estamos em guerra", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "Não em uma 'operação', não em um 'ataque', mas em guerra".
O líder da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, anunciou o início do que ele chamou de "Operação Tempestade Al-Aqsa" - em referência à mesquita Al-Aqsa, localizada na Cidade Velha de Jerusalém, terceiro local mais sagrado do Islã e o primeiro para os judeus, que se referem a ele como o Monte do Templo.
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Tenistas cadeirantes não conseguem deixar Israel e são abrigados em bunker de aeroporto
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