Alerta: o texto abaixo trata de temas como suicídios e transtornos mentais. Se você está passando por problemas, veja ao final dele onde buscar ajuda.
Marina Lima falou sobre a morte do irmão, o poeta Antonio Cicero, em entrevista ao programa Conversa com Bial, exibido na noite de segunda-feira, 15. A cantora recordou que o irmão optou pelo suicídio assistido na Suíça, onde o procedimento é permitido. O poeta morreu aos 79 anos de idade em outubro do ano passado.
Ao apresentador Pedro Bial, a cantora disse que "a morte [do irmão] faz parte da obra dele".
"Isso é incrível, tenho um orgulho danado disso. Porque o Cícero não deixou barato em nenhum momento, não traiu as convicções dele em nenhum momento. É um orgulho danado", disse.
Segundo a cantora, a decisão de Antonio Cicero acendeu uma discussão necessária. "Faz todo mundo pensar de novo sobre isso
Sobre eutanásia, sobre permissão. Por que tem que ir para o exterior fazer isso? Como várias coisas no Brasil, devia ser permitido no Brasil também", afirmou.
Na entrevista, Marina contou que o irmão tomou a decisão de forma consciente e a manteve em sigilo para que não houvesse interferências. "Ele não conversou com ninguém sobre isso, porque acho que ele tinha medo que alguém interferisse. Jamais iria interferir, porque conheço ele desde que nasci. Sei como ele é, sei como ele era racional e decidido em relação a tudo. Ele conversou com o Marcelo, marido dele de mais de 40 anos."
A cantora recordou sua última conversa com Antonio Cicero, um dia antes da morte.
"Ele me ligou na noite anterior. Tinha estado com ele uma semana antes, na casa dele. E ele falou: 'Estou na Suíça'. Quando ele falou 'estou na Suíça', já entendi. Porque, na realidade, o Cicero sempre foi ateu, nunca acreditou em nada. Mas viveu a vida até a última gota. Ele adorava a vida. Era um aventureiro, poeta e filósofo. Adorava o que ele fazia, o ofício. E dono de uma inteligência impressionante", disse Marina, emocionada.
Morte de Antonio Cicero
O poeta carioca Antonio Cicero morreu em 23 de outubro, na Suíça, aos 79 anos.
Diagnosticado com Alzheimer, Cicero optou pelo suicídio assistido, e estava no país europeu, onde a prática é permitida (veja quais países também permitem), acompanhado do marido, o figurinista Marcelo Pies.