'Maré vermelha' põe litoral norte de SP em alerta

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Um fenômeno conhecido como "maré vermelha" tem sido observado nas regiões de São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, desde meados de janeiro. O deslocamento da mancha vermelha produzida pela alta concentração de Mesodinium rubrum, um micro-organismo capaz de impactar o ecossistema marinho, é acompanhado por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Conforme o Inpe, em grande quantidade, a alga pode causar a falta de oxigênio na água, o que é um risco para a vida aquática.

O governo de São Paulo também acompanha o fenômeno por meio de um grupo de trabalho intersecretarial que inclui a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Segundo a Companhia, a grande mancha já se dissipou, mas o monitoramento continua. Não há, até o momento, restrição ao consumo de mexilhões e outros frutos do mar no Estado e alerta de floração de microalgas no litoral.

O primeiro registro feito pelos satélites do Inpe aconteceu no dia 10 de janeiro. No dia 15, a mancha estava em dois pontos, próximos a São Sebastião e Ilhabela. Cinco dias depois, a maré vermelha ocupava uma grande extensão da costa, entre as duas cidades, chegando até o arquipélago de Alcatrazes.

Ainda segundo o Inpe, embora o Mesodinium não seja tóxico, esse organismo serve de alimento para plânctons do gênero Dinophysis, que podem produzir toxinas perigosas para a saúde humana. Em 2016, uma floração dessa alga levou ao embargo do consumo de ostras e mexilhões no litoral paulista.

O monitoramento é realizado pelo Laboratório de Instrumentação de Sistemas Aquáticos (LabISA), do instituto, em parceria com o Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar) e com o Laboratório de Computação Geoespacial para Pesquisa Ambiental da Universidade Estadual de Mississippi (EUA). As imagens de satélite da Agência Espacial Europeia (ESA) permitem acompanhar a mancha em uma escala espacial maior, possibilitando a identificação precisa das áreas afetadas.

Um grupo de trabalho do governo paulista, integrado pelas secretarias de Saúde, Agricultura e Abastecimento e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, que acompanha as florações de microalgas, recomenda que a população evite nadar ou praticar esportes náuticos em locais com manchas de coloração suspeita, já que algumas pessoas podem apresentar coceiras e irritação na pele.

De acordo com a pesquisadora Áurea Ciotti, do CEBIMar/USP, durante a primavera e verão, o litoral norte de São Paulo recebe águas muito frias trazidas pelos ventos e correntes de regiões profundas em direção à superfície e à costa. Essas águas são ricas em nutrientes e estimulam o crescimento de microalgas marinhas que, como as plantas terrestres, realizam a fotossíntese.

Neste verão de 2025, as manchas foram observadas no litoral norte e a análise das amostras identificou que elas eram causadas por um pequeno protozoário chamado Mesodinium rubrum. "As marés vermelhas ocorrem quando há um acúmulo de microalgas pigmentadas, alterando a cor da água. A fonte dessa coloração é um conjunto de pigmentos que esses organismos possuem dentro das células, que facilitam a absorção de luz solar para realizar a fotossíntese", explica.

Ainda segundo a pesquisadora da USP, embora o Mesodinium não produza toxinas, ele é o principal alimento de outro organismo microscópico, o Dinophysis, que produz uma toxina capaz de causar intoxicações em humanos. A intoxicação se dá pelo consumo de pescados que acumulam esses organismos ao se alimentarem, filtrando a água do mar, como os mexilhões, por exemplo.

Uma extensa floração tóxica de Dinophysis aconteceu entre maio e julho de 2016, em toda a faixa litorânea de Santa Catarina e São Paulo, levando ao embargo comercial na produção e no consumo de ostras e mexilhões nos dois Estados. A pesquisadora lembra que, no caso do Mesodinium, seu monitoramento pode ser um mecanismo de alerta para potenciais florações de Dinophysis.

Navegando pelas proximidades de Ilhabela, o ambientalista Júlio Cardoso, do projeto Baleia à Vista, observou que a "maré vermelha" atrai também peixes e cetáceos. "Observamos algumas orcas, raias e até um tubarão-baleia que foram atraídos por camarões e outras presas que vieram atrás dos plânctons, algas e outros micro-organismos. A corrente que faz surgir o fenômeno é rica em matéria orgânica e nutrientes depositados no fundo do mar", disse.

A prefeitura de São Sebastião diz ter participado, no último dia 4, de uma coleta de mexilhões na Praia de Toque-Toque Grande e na Praia da Cigarra, em parceria com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, do governo estadual, com a finalidade de manter o controle higiênico-sanitário dos mexilhões destinados ao consumo humano.

O controle foi reforçado diante da recente observação do fenômeno da "maré vermelha", registrado em janeiro no Canal de São Sebastião e Ilhabela. A análise confirmou a predominância do Mesodinium rubrum, que não é tóxico, "mas reforça a necessidade de monitoramento contínuo para prevenir impactos ambientais e riscos à saúde pública".

A prefeitura de Ilhabela informou que acompanha o deslocamento da mancha e que, de acordo com o grupo de trabalho intersecretarial, até agora não foram identificadas algas tóxicas nos materiais coletados. Ainda assim, o município reforça a recomendação de evitar nadar ou praticar esportes náuticos em locais com manchas de coloração suspeita.

Recomendação no litoral sul de SC

Na última sexta-feira, 7, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) manteve a recomendação de não consumo de mexilhões procedentes do município de Imbituba, no litoral sul do Estado. Amostras enviadas para análise em laboratório do Ministério da Agricultura e Pecuária apontaram a presença de toxinas em índice acima do permitido pela legislação em espécimes recolhidos nos costões do município.

Amostras também foram colhidas no litoral de Laguna, mas os resultados foram negativos. Nas outras áreas de cultivo de ostras e mexilhões monitorados semanalmente pela companhia não foram detectados níveis de toxinas que levassem à suspensão destas áreas. Em janeiro, uma extensa faixa do litoral apresentou manchas causadas pela "maré vermelha".

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Por volta de 21h15, a curadora Ana Lima Cecilio chamou Gregório Duvivier para comandar a mesa 13 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta sexta-feira, 1º, descrevendo-a como uma "insistência na alegria".

Ator, escritor e roteirista, Gregório é um dos fundadores da plataforma de humor Porta dos Fundos. Também ficou conhecido pelo programa de opinião e humor Greg News, da HBO, que ficou no ar por sete temporadas.

Sentado e com apoio de um projetor, o artista carioca leu um longo monólogo no auditório da matriz, que durou cerca de uma hora, intitulado Palavras: Vida e Obra. A exibição compilou material descartado de sua mais recente peça, O Céu da Língua.

Duvivier brincou com os significados e as entonações de inúmeras palavras e expressões da língua portuguesa, arrancando risadas da plateia com piadas e trocadilhos, enquanto projetava desenhos e grafias.

Certa hora, ao valorizar a força dos homens calvos, ele disse: "Se colocasse uma peruca na cabeça do Alexandre de Moraes, talvez o Brasil não fosse mais uma democracia", falou, despertando risos e aplausos.

Gregório é autor de livros como Caviar é Uma Ova (Companhia das Letras, 2016), Sísifo: Ensaio sobre a Repetição em Sessenta Saltos (Cobogó, 2020) e Sonetos de Amor e Sacanagem (Companhia das Letras, 2021).

Entre os principais destaques da Flip 2025 estão a jornalista e escritora espanhola Rosa Montero, autora de O Perigo de Estar Lúcida, entre outros sucessos de público, a sueca Liv Strömquist, um dos grandes nomes dos quadrinhos na atualidade, a escritora argentina María Negroni, autora da autoficção A Arte do Erro, e o italiano Sandro Veronesi, mais conhecido por O Colibri.

O mais novo filme da franquia Homem-Aranha, intitulado Homem-Aranha: Um Novo Dia, ganhou um teaser nesta sexta-feira, 1º, data em que se também celebra o Dia do Homem-Aranha. O vídeo, com cerca de 10 segundos, revela detalhes do novo uniforme do herói. Veja abaixo:

Anunciado em 2023, o quarto filme da saga conta com o retorno de Tom Holland e Zendaya aos papéis principais. A atriz Sadie Sink (Stranger Things) também foi confirmada no elenco da nova produção, cujas gravações devem se iniciar em breve.

Até o momento, os detalhes da trama seguem em sigilo, mas a história deve se concentrar no núcleo urbano de Nova York, cidade natal do herói. As filmagens já estão em andamento em Glasgow, na Escócia, que foi ambientada para representar o cenário nova-iorquino.

O longa está sendo produzido por Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, e Amy Pascal, ex-chefe da Sony Pictures. Homem-Aranha 4 tem estreia prevista para 31 de julho de 2026.

A vida é feita de coincidências, algumas bonitas e tristes ao mesmo tempo. Quando veio à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em 2011, o português Valter Hugo Mãe lançava o livro O Filho de Mil Homens, muito inspirado pela sua relação com seu sobrinho, Eduardo. Em 2025, ele retorna à festa para divulgar a adaptação cinematográfica do livro em meio ao luto pelo garoto, que morreu vítima de câncer aos 16 anos.

Esse foi um dos temas da mesa com a participação do escritor, que ocorreu no início da tarde desta sexta, 1º. A morte do sobrinho, muito próxima à morte de uma amiga muito querida de Hugo Mãe, Isabel, foi catalisadora para a escrita de Educação da Tristeza, livro que ele está lançando agora no Brasil, pela Biblioteca Azul, que publica sua obra no País.

Mas, mesmo falando de luto, o escritor se recusou a deixar a conversa ser triste. Foi ovacionado em sua entrada, com direito a aplausos e assobios. Logo na primeira pergunta, que falava sobre o luto, mudou o tom, brincou sobre sua aparência na tela, fez piadas, atraiu risadas e, depois, justificou: "Não estou interessado em transformar meu patrimônio, minhas memórias, em uma coisa triste."

Hugo Mãe explicou que seu mecanismo é sempre tentar contar essas histórias de forma leve. E mesmo quando tudo estava desabando - quando a amiga morreu, o sobrinho já sabia que seu estado era terminal e a mãe, que ele cuida, sofria com toda a situação -, o escritor se segurava e guardava o choro para quando estava sozinho.

O Filho de Mil Homens

Ele lembrou sobre a inspiração para O Filho de Mil Homens. Tinha medo de ter filhos, achava que não era pra ele. Quando começou a cuidar de Eduardo, que ficava com ele todas as segundas-feiras quando era criança, tudo mudou. "Entendi que tinha sonhado tudo errado. Sempre sonhei com coisas tolas", disse.

Na trama, está Crisóstomo, um pescador solitário que, aos 40 anos, decide mudar seu destino e encontrar companhia. Sua vida muda quando ele encontra Camilo, um menino órfão que Crisóstomo decide acolher para satisfazer seu sonho de ter um filho.

O filme será lançada pela Netflix ainda este ano, com direção de Daniel Rezende e estrelado por Rodrigo Santoro. Hugo Mãe diz que não quis se envolver muito diretamente na produção. "Tinha medo de criar algum ruído", disse. Mas está satisfeito com o resultado do longa, tanto que disse, naquele tom entre a brincadeira e a verdadeira, que tem medo do livro cair no esquecimento.

Isso não deve acontecer, especialmente no Brasil, onde o livro foi tão bem recebido. "A maneira como os leitores brasileiros reagiram ao livro foi muito espantosa. Teve uma dimensão descomunal", lembrou Hugo Mãe. O escritor disse ainda que, quando está triste, recorre a essas memórias, de pessoas que o contaram como o livro mudou a vida delas.

Quando veio o anúncio de que a mesa estava chegando ao fim, a plateia lamentou. Hugo Mãe foi aplaudido de pé, comprovando o status de fenômeno que ganhou desde sua última participação na Flip.