Quatro mulheres trocam experiências e compartilham cozinhas no projeto Mesa Delas

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Recorrer ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta segunda, dia 8, para enaltecer grandes nomes femininos da cozinha brasileira é cair em um clichê perigoso - não é necessário data para isso. Ao mesmo tempo, muitos estigmas que rondam o setor permanecem enraizados, quase intactos. Embora o ato de cozinhar em casa ainda seja visto como uma função feminina, a maior parte dos restaurantes e cozinhas profissionais é comandada e exaltada pelos homens. "Ainda somos colocadas na segunda divisão da cozinha, nem o (Guia) Michelin consegue legitimar nós mulheres no ambiente de cozinha profissional", relata a chef Cafira Foz.

Motivadas por isso, e também pela sabedoria do poder da troca, surgiu o projeto Mesa Delas, união de quatro cozinheiras dispostas a dividir experiências e compartilhar suas cozinhas, com o intuito de valorizar as mulheres, os saberes e sabores do Brasil. Tal manifesto tem fundamento: basta olhar a quantidade de mulheres chefs de cozinha reconhecidas em prêmios e listas internacionais, como o próprio Guia Michelin, o World's 50 Best Restaurants, ou mesmo séries e programas dedicados à gastronomia, para perceber que esse número é infinitamente menor que o de homens.

As chefs Amanda Vasconcelos, da Casa Tucupi; Cafira, do Fitó; Ieda de Matos, da Casa de Ieda; e Manuelle Ferraz, d'A Baianeira, se reuniram numa tarde, para criar e multiplicar, trazendo embaixo do braço os ingredientes mais emblemáticos de suas cozinhas. Amanda é de Rio Branco, no Acre, Cafira, do Piauí, Ieda, da Chapada Diamantina (BA) e Manu, de Almenara, no sertão mineiro.

A mesa do encontro era uma viagem pelo Brasil através de tais insumos: havia caranguejo, tucupi, carne de sol, jambu, pirarucu, licuri, feijão andu e farinha - claro que não faltou farinha, de diferentes tipos e texturas. Dessa reunião, criaram em conjunto pratos, que podem ser provados entre os dias 8 e 21 de março - apenas pelo delivery de cada uma das casas (uma parcela do valor do prato vai reverter para a Casa 1, centro de cultura e acolhimento de pessoas LGBTQIA+).

Nenhuma delas assina a autoria de prato nenhum: são receitas desenvolvidas a oito mãos. "Bora colocar esse trem ali", disparou Manu, com um pedaço de requeijão moreno de corte - cujo aroma lembra amêndoas tostadas - na mão, apontando para o miniarroz caldoso com tucupi, que já chegava ao ponto na panela de Amanda. Treta? Que nada, era pitaco e risadas para todo o lado. Outro estigma que cai com esse encontro, de forma natural, é que mulheres são sempre competitivas, na cozinha ou em qualquer outra área. "A gente colabora, não tem espaço para competição. É algo que todas fizemos juntas, no espírito colaborativo, aqui é todas por todas", reflete Ieda.

"Se reconhecer no outro é - mesmo que diferentes - acrescentar, somar e, só assim, expandir. Só expandimos com o outro", reflete Manuelle.

Ao observar de longe, tanto o processo de criação dos pratos ao redor da mesa de ingredientes - que durou menos de uma hora - como na hora de botar a mão na massa na cozinha, qualquer um deduziria que ali está uma reunião de amigas de longa data. Mas não. Além de Ieda, que é ponto em comum entre todas, até então elas haviam apenas trocado admiração e algumas mensagens no Instagram.

"A gente já tinha tomado uns gorós juntas, não é Amanda?", dispara Ieda no meio da conversa. "Sim, mas lembro de você ir provar meu tacacá em um dos meus eventos alguns anos atrás", responde a acriana, que chegou a São Paulo em 2011 para cursar arquitetura. Foi parar na cozinha por acaso. A saudade da comida de casa fez com que ela se aventurasse na cozinha e, com ingredientes enviados por seu pai, começou a preparar clássicos do Acre. Depois de apresentar a gastronomia do seu Estado aos amigos paulistanos, decidiu fazer eventos até abrir um espaço físico para servir receitas autorais, preparadas com os ingredientes de lá. Inaugurou, em março de 2018, a Casa Tucupi, na Vila Mariana. Da cozinha da Casa Tucupi, a partir desta segunda-feira, 8, vai sair o tal arroz caldoso, um terra e mar preparado com miniarroz no caldo de tucupi com carne de sol, camarão e farofa de beiju de tapioca e licuri.

Até mesmo os ingredientes usados nas receitas marcam a presença e, mais importante, a relevância das mulheres na cadeia alimentar. O tal licuri, um coquinho de apenas 1,5 cm, que dá sabor e crocância à farofa de beiju, veio na mala de Ieda, lá da Chapada Diamantina. Ela conta que só foi conhecer o coco mesmo, "com água e polpa", na juventude. Para extrair a amêndoa do semiárido baiano, é necessário quebrar uma casca grossa, na mão - ou melhor, na pedra. "Apenas mulheres executam esse trabalho, quebram os coquinhos um a um, com a ajuda de pedras, enquanto entoam canções, uma verdadeira cerimônia, árdua", conta Ieda. Embora tenha participado da concepção dos pratos, a baiana não vai servir nenhuma opção no período. Sua Casa de Ieda, em Pinheiros, está de mudança e encontra-se fechada temporariamente.

Segurando um ramo de sementes de coentro fresco como um buquê, Manu passeia pela cozinha procurando os ingredientes que vão compor a masala (tempero que mistura diversas especiarias) brasileira. No final, entraram no copo do liquidificador açafrão da terra, pimenta-de-cheiro, castanha-de-caju e as sementes de coentro. De cor verde intensa, ela dá sabor à peixada de pirarucu, servida com hummus de requeijão moreno e farofa de farinha de Cruzeiro do Sul. O prato será preparado na sua casa, a Baianeira, que faz homenagem à sua terra, Almenara, e aos seus produtos do Vale do Jequitinhonha, com uma mistura de elementos das culinárias baiana e mineira.

A chef estava ainda mais feliz por poder abrir as portas da sua cozinha no Masp (onde mantém uma filial do restaurante) para receber as colegas em um grande jantar, que marcaria o final do projeto. Seria a primeira vez que a casa receberia chefs de fora, mas com a regressão para a fase vermelha do Plano São Paulo, o evento foi temporariamente cancelado. "O Masp carrega essa história de manifesto, é um lugar que ecoa. Queremos sair desse lugar de cozinhazinha, regional, tradicional. Nossa cozinha precisa ser olhada e valorizada, enquanto mulheres, para além da cozinha brasileira de ingredientes."

É impossível não apontar outro grande ponto de afinidade entre todas: são cozinheiras de suas origens, fora de São Paulo, mas que não querem ser reconhecidas apenas por isso. "É como se a cozinha regional fosse de segunda classe. Rapaz, a referência da mulher nordestina é pior do que qualquer outra, ela é inexistente em São Paulo, é um balaio só, toda a sertaneja é aquilo, e não é. É outra caixa que nos colocam. Existe a cozinha regional e a cozinha de identidade. Todas nós fazemos uma cozinha identitária, que diz respeito a muito mais que uma cozinha de uma região, mas de cada uma de nós", afirma a anfitriã do encontro, Cafira. No Fitó, ela ficou encarregada de despachar o PF Delas, com arroz vermelho, caranguejada, barriga de porco, feijão andu, beiju e fermentados de jiló. Ou seja, não faltam motivos para comer bem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Após a vitória histórica do Brasil no Oscar neste domingo, 2, a atriz Fernanda Torres celebrou o prêmio de Melhor Filme Internacional conquistado por Ainda Estou Aqui. Apesar de ter sido derrotada na categoria de Melhor Atriz, a brasileira não demonstrou nenhuma tristeza nos bastidores da premiação.

"Nós vamos sorrir. Sorriam", escreveu a atriz em seu perfil no Instagram, relembrando uma fala marcante de sua personagem no filme. A publicação veio acompanhada de duas imagens simbólicas: uma do envelope que revelou a vitória brasileira e outra do diretor Walter Salles segurando a estatueta dourada na premiação.

Mais cedo, a atriz apareceu com a estatueta do Oscar em mãos e brincou nas redes sociais: "Ainda estamos aqui comemorando", escreveu. Ao receber o prêmio de Melhor Filme Internacional, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.

"Isso vai para uma mulher que, após uma perda sofrida durante um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Então este prêmio vai para ela. Seu nome é Eunice Paiva", disse ele.

Fernanda disputava o prêmio de Melhor Atriz, mas a estatueta acabou nas mãos de Mikey Madison, de Anora. Ainda Estou Aqui também foi indicado na categoria de Melhor Filme, mas o prêmio ficou com Anora.

Em um vídeo divulgado pelo portal Deadline, no entanto, a brasileira aparece cumprimentando a vencedora e trocando gestos carinhosos com a protagonista do filme de Sean Baker. No registro, Torres dá os parabéns à jovem de 25 anos e chega a beijá-la no rosto. As duas ainda posaram para fotos ao lado do diretor Walter Salles.

Depois que o sétimo Paredão foi formado no Big Brother Brasil 25, os brothers e sisters passaram a madrugada desta segunda-feira, 3, debatendo o jogo. Surpresa com o voto de Diego Hypolito, Vilma discutiu com o ex-atleta dentro da casa.

O BBB 25 formou mais um Paredão triplo neste domingo, 2. Renata, Vilma e Camilla disputam a eliminação na terça-feira, dia 4.

A Líder da semana, Vitória Strada, ativou a Central do Líder no momento exato em que João Gabriel, João Pedro, Maike, Renata e Eva falavam sobre ela. A atriz se chocou ao ser chamada de "Maria vai com as outras" e decidiu se justificar com os brothers.

Veja o resumo da madrugada:

Vilma se irrita com Diego

Após a formação do Paredão, Diego foi justificar os dois votos que deu em Vilma. No entanto, o ex-ginasta não foi bem recebido pela estudante de nutrição. Vilma chamou Diego de falso e negou diálogo com o brother.

A sister continuou a queixa e disse ao brother que não vai mais segurar suas reclamações. "Não gosta de mim melhor nem falar comigo, nem olhar na minha cara. Não vem me beijar, me abraçar e depois dá punhalada nas minhas costas."

Diego se justifica para Vilma

Apesar de ter votado duas vezes em Vilma, após o desabafo da sister, Diego diz que ela não era nem sua terceira opção de voto. A carioca não entendeu a justificativa e disse que Diego "morde e assopra". Vilma ainda afirmou que mesmo sendo eliminada na terça-feira, vai sair do reality falando o que acredita.

Daniele Hypolito entra na mira

Após desabafar com Diego, Vilma também chamou a irmã do ex-ginasta de "falsa". A sister afirmou que Daniele é "Maria vai com as outras" e que agora, sem Diogo no reality, está livre para falar o que pensa. Vilma ainda compartilhou a revolta com os brothers na área externa e contou que não deixou Diego falar porque já sabia que ele estava de "conversinha". A carioca ainda reforçou que Daniele Hypolito também vai ouvir suas opiniões.

Diego lamenta discussão com Vilma

Ao voltar para o Quarto Anos 50, Diego Hypolito se deitou sozinho e lamentou a discussão com Vilma. Minutos depois, Guilherme entrou no quarto e perguntou o motivo da chateação de Hypolito. Diego comentou a reação de Vilma a sua tentativa de diálogo e disse que entende a sister.

Indicação da líder Vitória é questionada

Na área externa, os brothers conversam sobre a justificativa usada por Vitória Strada na indicação de Renata ao Paredão. Aline tenta explicar a visão da líder relembrando o discurso de Vitória, mas é rebatida pelas dançarinas. "Ela não pode tomar uma atitude que incomoda a casa, tem que ser [um motivo] que incomoda ela", afirmou Renata.

Casa toda contra Renata?

Após a conversa com Aline, Renata, Eva e Maike analisaram as falas da sister e chegaram à conclusão de que ela deixou escapar que a professora de dança seria indicada ao Paredão pela casa, se não fosse pela líder.

Renata ainda mencionou o comportamento dos gêmeos João Gabriel e João Pedro, e afirmou que apesar de circular por todos os grupos da casa, eles não recebem críticas dos outros participantes.

Daniele conta percepção da casa sobre seu jogo

Em conversa com Camilla, Thamiris, Gracyanne e Vitória Strada, Daniele Hypolito comentou sobre as percepções da casa a cerca do seu jogo. A sister disse que os gêmeos acreditam que ela joga com o grupo do Quarto Nordeste e lembrou um diálogo que teve com Eva.

O jogo pede posicionamento

No Quarto Anos 50, Delma repercute voto em Camilla e diz que vai virar alvo da sister caso ela volte do Paredão. A pernambucana ainda reforçou que apesar de sua popularidade entre os brothers acontecer de forma natural, ela precisa se posicionar no jogo.

A popularidade de Delma

Na área externa, Gracyanne e Camilla comentam sobre Delma e a musa fitness diz que a sister só vai receber voto se um líder tiver coragem de indicá-la. "Eu tenho", responde Camilla.

Renata reflete sobre o jogo

Renata comenta com Maike que se voltar do Paredão, será escolhida por Vitória Strada na quarta-feira, 5, para não participar da festa da líder. A sister ainda refletiu os comportamentos na casa e disse que não sabe como reagir, pois todas as atitudes são julgadas de forma negativa pelos participantes.

Vitória se justifica no Quarto Fantástico

Vitória Strada ativou a Central do Líder no momento em que João Gabriel, João Pedro, Maike, Renata e Eva falavam sobre ela. Os brothers a classificaram como "Maria vai com as outras" e ela resolveu se justificar. Maike disse que por não ter acesso aos motivos da sister, seu comportamento em relação a Renata e Eva é visto dessa maneira no grupo. Vitória se defendeu e disse que suas aliadas não votariam em Renata, então sua atitude é oposta ao que foi julgada pelos participantes.

A repercussão internacional da vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 destacou a superação do brasileiro sobre o filme francês Emilia Pérez, que liderava a corrida ao maior prêmio do cinema com 13 indicações.

O brasileiro Ainda Estou Aqui ficou com a estatueta de Melhor Filme Internacional, superando não só Emilia Pérez (França), como também A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia), que já tinha levado a estatueta de Melhor Animação no momento do anúncio.

A mídia internacional destacou a surpresa do filme brasileiro superando Emília Pérez, que era considerado o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas nas últimas semanas.

'Variety': "Para a alegria do Brasil, 'Ainda Estou Aqui' prevaleceu"

O veículo especializado classificou a vitória de Ainda Estou Aqui como "surpresa" em um artigo que apontou os "esnobados e surpresas" do Oscar 2025.

"Dadas as 13 indicações que 'Emilia Pérez' teve sobre as 3 indicações para 'Ainda Estou Aqui', parecia estatisticamente provável que o primeiro levasse a estatueta de destaque internacional. Mas, para a alegria do Brasil, Ainda Estou Aqui prevaleceu", apontou a Variety.

'The Hollywood Reporter': 'Notavelmente, o filme superou o francês'

"O Brasil ganhou seu primeiro Oscar de longa-metragem internacional por 'Ainda Estou Aqui', a história de uma família desfeita em meio a uma ditadura. Notavelmente, o filme superou o francês 'Emilia Pérez', que levou para casa vários Oscars no início da noite."

'The Guardian': 'Se beneficiou das dificuldades'

"É provável que 'Ainda Estou Aqui' tenha se beneficiado das dificuldades que afetaram 'Emilia Pérez' - quando as indicações ao Oscar foram anunciadas, este último filme liderou, mas a campanha foi abalada depois de terem sido descobertas mensagens preconceituosas no feed das redes sociais de Karla Sofía Gascón, juntamente com reclamações sobre a representação do México e da sua história."

'Vanity Fair': 'Reviravolta notável'

"Alguns meses atrás era uma certo de que 'Emilia Pérez' ganharia o prêmio de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. Mas devido a uma reviravolta notável nos acontecimentos desde então, o polêmico rolo compressor da Netflix chegou ao Oscar de domingo como o azarão na categoria - e, na verdade, acabou perdendo para 'Ainda Estou Aqui', o drama brasileiro dirigido por Walter Salles."