Vários aspectos da maconha

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Maconha: a palavra assusta puritanos, provoca risadas nos menos sisudos e cria polêmica por onde é proferida. Mas nunca passa despercebida. Talvez por isso chame tanta atenção o livro Maconha: Os Diversos Aspectos, da História ao Uso (editora Blucher). A obra reúne ensaios de especialistas nas mais diversas áreas, do direito à segurança pública, passando pela antropologia, história e economia. No entanto, a questão que domina o volume é a psicologia, até pela especialidade das organizadoras, as psicanalistas Luciana Saddi e Maria de Lurdes de Souza Zemel.

Diferentemente da abordagem superficial com que o tema das drogas costuma ser tratado na mídia de forma geral, o livro busca compreender aspectos históricos, sociais, econômicos e, sobretudo, psicológicos por trás do uso da maconha, indo além da mera discussão punitiva e policialesca.

"O livro traz uma discussão científica, aborda a droga em suas diversas facetas e não temos uma resposta simples, que em geral é o que se procura", afirma Saddi em entrevista ao Estadão. "Vicia? Faz mal? A discussão é sempre colocada assim, de uma forma muito banalizada. O livro fala do uso da maconha em seus diversos aspectos, mas deixa para o leitor a resposta sobre se ele deve ou não usar maconha, quando o risco de uso existe."

Para Zemel, que trabalha em consultório e em ações sociais diretamente com a questão das drogas, o problema deve ser debatido em esferas mais amplas do que a mera condenação do dependente químico a um ser marginalizado. "A maconha não é porta de entrada para outras drogas", esclarece a psicanalista, para quem a difusão desse mito serve a interesses econômicos. "Isso é eleitoreiro, faz com que as internações nas comunidades terapêuticas aumentem. Dá dinheiro aumentar internações, pois essas comunidades recebem dinheiro do governo que poderia ser investido nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial)."

Zemel menciona ainda que o álcool é uma droga com potencial destrutivo muito maior pelo alcance que tem, chegando inclusive a ser mais disseminado na Cracolândia que o próprio crack, mas pouco se faz para limitar o acesso ao álcool por interesses econômicos. "Dependendo da forma que se usa qualquer droga, você pode caminhar para a dependência ou não", acrescenta ela, citando que apenas uma porcentagem muito pequena das pessoas que consomem drogas fica dependente.

No entanto, a percepção social acerca do usuário de drogas pode corroborar para seu adoecimento, de acordo com Saddi: "Se você é tratado como um dependente quando não é, a chance é muito grande de se produzir uma pessoa que vai ter sérios problemas psíquicos pelo isolamento, pelo preconceito."

Esse preconceito, segundo Zemel, é o que prejudica também quem precisa da maconha para fins medicinais. "Para obter uma receita para uma mãe que tem um filho com 60 convulsões por dia, quem pode dar essa receita? Três médicos do Brasil dão. Porque eles são perseguidos por associações médicas", afirma ela. "Esse óleo da maconha não 'dá barato', não causa dependência, é um remédio."

É justamente para tentar dialogar com o público leigo e, muitas vezes, resistente à discussão, que os artigos reunidos no livro são apresentados de modo a ter fácil compreensão. "Acho que a linguagem, principalmente em alguns capítulos, apela no bom sentido ao sofrimento. O que traz a empatia e pode não gerar um ódio é perceber que estamos falando de vulnerabilidade, de riscos. Alguns capítulos trazem exemplos e, com isso, vai se desmanchando a ideia do que é um drogado", afirma Saddi.

Para Zemel, o grande problema não é a maconha em si, mas a forma como indivíduos e sociedade se relacionam com ela: "Não queremos focar na droga, mas tratar e cuidar das pessoas".

MACONHA - OS DIVERSOS...

Organização: Luciana Saddi e Maria de

Lurdes S. Zemel

Editora:

Blucher (184 págs., R$ 41)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".