PM tatuado é expulso por deixar posto no carnaval; ele já era investigado por furto de orquídea

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A Polícia Militar (PM) de São Paulo demitiu o soldado Paulo Rogério da Costa Coutinho, conhecido nas redes sociais como "Demolidor", por ter abandonado o posto durante uma operação no carnaval de 2022, na capital paulista.

Segundo a PM, ele teria entrado em um camarote onde estavam vários artistas. A demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira, 14.

O soldado alega sofrer perseguição por ter tatuagens no rosto. Ele já havia sido acusado do furtar uma orquídea do quartel (veja mais abaixo).

A defesa de Coutinho afirma que houve tratamento desigual em relação a outro soldado que também foi ao camarote e vai entrar com recurso.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de SP disse que o PM teve sua demissão publicada no Diário Oficial do Estado em 14 de maio de 2025, "por cometer transgressão disciplinar grave, prevista no Regulamento Disciplinar da Polícia Militar."

Perfil do PM

Com o apelido de "Demolidor", Coutinho é conhecido nas redes sociais - só no Instagram, sua página tem 143 mil seguidores. Segundo a decisão da corregedoria da PM, quando estava lotado no 18º Batalhão da Polícia Militar/Metropolitana, na zona norte de São Paulo, o soldado foi escalado para realizar o policiamento preventivo em um dos portões do Sambódromo do Anhembi.

Ele deixou seu posto com o pretexto de ir ao banheiro, mas ficou cerca de 1h40 no interior de um camarote onde estavam presentes vários artistas.

O fato chegou ao conhecimento da PM, que abriu um processo disciplinar contra ele e contra o outro soldado. Abandonar o posto de trabalho é considerado falta grave na conduta do policial e também crime militar.

Segundo a decisão, à qual a reportagem teve acesso, o soldado permaneceu no camarote tirando fotos com os convidados.

"Não houve qualquer registro de solicitação ou de ocorrência que justificasse a presença dos increpados no local onde ocorria a festa do camarote Brahma. Não bastasse, o Sd PM Coutinho ainda permaneceu no citado camarote registrando a imagem dos frequentadores", diz o texto.

A Corregedoria da PM concluiu que houve "cometimento de atos atentatórios à instituição e ao Estado, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave", punida com a demissão do soldado.

O outro policial foi alvo de investigação, mas recebeu apenas uma punição disciplinar - dez dias de permanência disciplinar, período em que ele não pode deixar o quartel -, sem ser excluído da corporação.

Os dois respondem também a processo criminal pelo abandono do posto. Houve condenação, mas os recursos ainda não foram julgados.

Em sua rede social, o soldado Coutinho postou um vídeo informando aos seguidores que vai explicar o que está acontecendo com ele.

"Estou chateado, abalado de verdade, espero que vocês entendam. Estou abalado, sim, estou abatido, mas não vou ser derrotado", diz. Em outro vídeo, comenta o caso e afirma: "Perdi a batalha, mas não perdi a guerra."

Furto de orquídea

Com cerca de 20 anos de corporação, o soldado também é investigado pelo furto de uma orquídea do quartel, em caso que ocorreu em 2022.

Na ocasião, ele teria retirado a flor do local enquanto trabalhava na manutenção do jardim do 9º Batalhão da Polícia Militar, no Tucuruvi, zona norte da capital. Câmeras de segurança registraram a ação.

A planta teria sido encontrada atrás de um extintor, no refeitório. Coutinho negou o furto. O caso aguarda decisão.

Ele se diz perseguido por seus superiores hierárquicos desde que passou a se tatuar, em 2018, prática que não seria bem vista pelos chefes. O preconceito aumentou, segundo ele, quando decidiu tatuar o rosto, em 2021. Entre outras tatuagens, Coutinho exibe a de uma caveira na face.

O que diz a defesa do PM

O advogado João Carlos Campanini, que assumiu a defesa de Coutinho no caso do Sambódromo, disse causar estranheza o fato de outro soldado que praticou os mesmos atos ter sido punido de forma mais branda, sem a demissão.

"A decisão final não apresenta qualquer justificativa para esse tratamento diferenciado, por isso entendemos que faltou igualdade no julgamento."

A defesa de Coutinho vai recorrer inicialmente para a própria corporação e, não havendo acatamento, vai apresentar recurso ao órgão especial do Tribunal de Justiça. Segundo o defensor, o soldado alega ser perseguido por usar tatuagem. "Diante da forma como se deu a decisão, a gente começa a crer que houve algo de bastidores", disse.

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Por volta de 21h15, a curadora Ana Lima Cecilio chamou Gregório Duvivier para comandar a mesa 13 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta sexta-feira, 1º, descrevendo-a como uma "insistência na alegria".

Ator, escritor e roteirista, Gregório é um dos fundadores da plataforma de humor Porta dos Fundos. Também ficou conhecido pelo programa de opinião e humor Greg News, da HBO, que ficou no ar por sete temporadas.

Sentado e com apoio de um projetor, o artista carioca leu um longo monólogo no auditório da matriz, que durou cerca de uma hora, intitulado Palavras: Vida e Obra. A exibição compilou material descartado de sua mais recente peça, O Céu da Língua.

Duvivier brincou com os significados e as entonações de inúmeras palavras e expressões da língua portuguesa, arrancando risadas da plateia com piadas e trocadilhos, enquanto projetava desenhos e grafias.

Certa hora, ao valorizar a força dos homens calvos, ele disse: "Se colocasse uma peruca na cabeça do Alexandre de Moraes, talvez o Brasil não fosse mais uma democracia", falou, despertando risos e aplausos.

Gregório é autor de livros como Caviar é Uma Ova (Companhia das Letras, 2016), Sísifo: Ensaio sobre a Repetição em Sessenta Saltos (Cobogó, 2020) e Sonetos de Amor e Sacanagem (Companhia das Letras, 2021).

Entre os principais destaques da Flip 2025 estão a jornalista e escritora espanhola Rosa Montero, autora de O Perigo de Estar Lúcida, entre outros sucessos de público, a sueca Liv Strömquist, um dos grandes nomes dos quadrinhos na atualidade, a escritora argentina María Negroni, autora da autoficção A Arte do Erro, e o italiano Sandro Veronesi, mais conhecido por O Colibri.

O mais novo filme da franquia Homem-Aranha, intitulado Homem-Aranha: Um Novo Dia, ganhou um teaser nesta sexta-feira, 1º, data em que se também celebra o Dia do Homem-Aranha. O vídeo, com cerca de 10 segundos, revela detalhes do novo uniforme do herói. Veja abaixo:

Anunciado em 2023, o quarto filme da saga conta com o retorno de Tom Holland e Zendaya aos papéis principais. A atriz Sadie Sink (Stranger Things) também foi confirmada no elenco da nova produção, cujas gravações devem se iniciar em breve.

Até o momento, os detalhes da trama seguem em sigilo, mas a história deve se concentrar no núcleo urbano de Nova York, cidade natal do herói. As filmagens já estão em andamento em Glasgow, na Escócia, que foi ambientada para representar o cenário nova-iorquino.

O longa está sendo produzido por Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, e Amy Pascal, ex-chefe da Sony Pictures. Homem-Aranha 4 tem estreia prevista para 31 de julho de 2026.

A vida é feita de coincidências, algumas bonitas e tristes ao mesmo tempo. Quando veio à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em 2011, o português Valter Hugo Mãe lançava o livro O Filho de Mil Homens, muito inspirado pela sua relação com seu sobrinho, Eduardo. Em 2025, ele retorna à festa para divulgar a adaptação cinematográfica do livro em meio ao luto pelo garoto, que morreu vítima de câncer aos 16 anos.

Esse foi um dos temas da mesa com a participação do escritor, que ocorreu no início da tarde desta sexta, 1º. A morte do sobrinho, muito próxima à morte de uma amiga muito querida de Hugo Mãe, Isabel, foi catalisadora para a escrita de Educação da Tristeza, livro que ele está lançando agora no Brasil, pela Biblioteca Azul, que publica sua obra no País.

Mas, mesmo falando de luto, o escritor se recusou a deixar a conversa ser triste. Foi ovacionado em sua entrada, com direito a aplausos e assobios. Logo na primeira pergunta, que falava sobre o luto, mudou o tom, brincou sobre sua aparência na tela, fez piadas, atraiu risadas e, depois, justificou: "Não estou interessado em transformar meu patrimônio, minhas memórias, em uma coisa triste."

Hugo Mãe explicou que seu mecanismo é sempre tentar contar essas histórias de forma leve. E mesmo quando tudo estava desabando - quando a amiga morreu, o sobrinho já sabia que seu estado era terminal e a mãe, que ele cuida, sofria com toda a situação -, o escritor se segurava e guardava o choro para quando estava sozinho.

O Filho de Mil Homens

Ele lembrou sobre a inspiração para O Filho de Mil Homens. Tinha medo de ter filhos, achava que não era pra ele. Quando começou a cuidar de Eduardo, que ficava com ele todas as segundas-feiras quando era criança, tudo mudou. "Entendi que tinha sonhado tudo errado. Sempre sonhei com coisas tolas", disse.

Na trama, está Crisóstomo, um pescador solitário que, aos 40 anos, decide mudar seu destino e encontrar companhia. Sua vida muda quando ele encontra Camilo, um menino órfão que Crisóstomo decide acolher para satisfazer seu sonho de ter um filho.

O filme será lançada pela Netflix ainda este ano, com direção de Daniel Rezende e estrelado por Rodrigo Santoro. Hugo Mãe diz que não quis se envolver muito diretamente na produção. "Tinha medo de criar algum ruído", disse. Mas está satisfeito com o resultado do longa, tanto que disse, naquele tom entre a brincadeira e a verdadeira, que tem medo do livro cair no esquecimento.

Isso não deve acontecer, especialmente no Brasil, onde o livro foi tão bem recebido. "A maneira como os leitores brasileiros reagiram ao livro foi muito espantosa. Teve uma dimensão descomunal", lembrou Hugo Mãe. O escritor disse ainda que, quando está triste, recorre a essas memórias, de pessoas que o contaram como o livro mudou a vida delas.

Quando veio o anúncio de que a mesa estava chegando ao fim, a plateia lamentou. Hugo Mãe foi aplaudido de pé, comprovando o status de fenômeno que ganhou desde sua última participação na Flip.